O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) entrou com um recurso contra a decisão judicial que concedeu o regime aberto a Alexandre Nardoni, de 44 anos, condenado pela morte da filha Isabella Nardoni. Após obter o benefício, ele deixou a Penitenciária de Tremembé, no interior paulista, na tarde de segunda-feira (6). A previsão é que ele volte a morar e a trabalhar com o pai, na capital paulista.
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Alexandre, que foi condenado a 30 anos, 2 meses e 20 dias de prisão, cumpriu no último dia 6 de abril o “lapso temporal” necessário na prisão para a progressão para o regime aberto. Assim, a defesa dele entrou com um pedido, mas a Justiça determinou que ele passasse por um exame criminológico. O detento atendeu e passou pela análise, quando obteve parecer favorável para ser colocado em liberdade.
O MP-SP se posicionou contrário à medida, argumentando o fato de que ainda falta muito para a conclusão da pena e também o fato do homem nunca ter admitido ter matado a filha. “O que mais me preocupa neste caso é que sua sentença só termina 2035. É cedo demais para ele ser libertado”, disse o promotor de Justiça Luiz Marcelo Negrini.
Apesar dos argumentos do MP-SP, a Justiça acatou o pedido da defesa e concedeu o regime aberto. O juiz levou em conta a avaliação do sistema penitenciário, que o classificou como “lúcido, cooperativo e globalmente orientado”. Contou a favor dele também o fato de ter boa conduta carcerária, não ter falta disciplinares e ter cumprido mais da metade da pena, usufruindo das saídas temporárias e retornado ao presídio nas datas determinadas, “preenchendo assim os requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela lei”.
Apesar da soltura, o MP-SP recorreu, destacando que Alexandre ainda precisa passar por mais exames psiquiátricos. O órgão sugere a aplicação do Teste de Rorschach, pois assim a Justiça teria mais elementos e verificar se, de fato, ele pode voltar a conviver em sociedade.
A Promotoria ressaltou no recurso “que Nardoni praticou crime hediondo bárbaro ao matar a filha de 5 anos, demonstrou frieza emocional, insensibilidade acentuada, caráter manifestamente dissimulado e ausência de arrependimento.”
O pedido do MP-SP foi protocolado junto ao Departamento Estadual de Execução Criminal em São José dos Campos, interior paulista. Não há previsão de quando ele será analisado.
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Nova vida após liberdade
Após deixar a penitenciária, Alexandre seguiu para São Paulo, onde deve cumprir o restante da pena morando na casa de seus pais, na Zona Norte da cidade. Ele também deverá trabalhar na empresa Maarc Empreendimentos e Participações LTDA, de propriedade do genitor, cuja atuação é na área de construção civil.
Além disso, ele deve voltar a conviver com Anna Carolina Jatobá, que também foi condenada pela morte de Isabella e cumpre pena em regime aberto desde junho de 2023. Durante o exame criminológico, Alexandre ressaltou que os dois seguem casados.
Logo após a soltura, o advogado Roberto Podval disse ao G1 que a decisão da Justiça foi “irretocável”, já que “se não pensarmos na ideia de reabilitação, a pena terá um efeito perverso”.
Morte de Isabella Nardoni
Isabella Nardoni tinha cinco anos quando foi jogada pelo pai e pela madrasta da janela de um apartamento que ficava no sexto andar do Edifício London, no dia 29 de março de 2008, segundo a Justiça.
Inicialmente eles alegaram que foi uma queda acidental, mas a investigação apurou que a criança apresentava marcas de que tinha sido agredida e morta antes de ser arremessada.
O Ministério Público destacou durante o julgamento do casal que as provas periciais obtidas pela Polícia Civil não deixavam dúvidas sobre a autoria do assassinato. A acusação destacou que a madrasta esganou Isabella e, em seguida, o casal cortou a tela de proteção da janela e o pai jogou o corpo da criança.