O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, que dirigia um Porsche que colidiu contra um Renault Sandero, chorou, não dormiu e se negou a comer na primeira noite que passou na carceragem do 31º Distrito Policial, em São Paulo. Ele se entregou à polícia ontem e, na manhã desta terça-feira (7), seguiu para o Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste, onde deverá passar por uma audiência de custódia.
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De acordo com o site “Metrópoles”, fontes policiais revelaram que Fernando chorou ao ser levado a uma cela e afirmou que “preferiria ter morrido do que estar passando por tudo isso”. Além disso, ele também não dormiu e se recusou a comer.
Ainda segundo a reportagem, o cardápio do jantar contava com arroz, feijão e carne com batatas, além de suco e laranja de sobremesa. Já o café da manhã oferecido era composto por pão com manteiga e café com leite. Porém, o empresário não quis se alimentar.
Por volta das 10h de hoje, ele seguiu para a audiência de custódia. O procedimento é um protocolo aplicado a toda pessoa presa, pois visa saber se a detenção ocorreu de maneira correta.
Caso o juiz mantenha a prisão, ele deverá voltar para a carceragem do 31º DP, onde vai aguardar por uma vaga em uma cadeia. A defesa dele quer que ele seja encaminhado para o presídio de Tremembé, no interior paulista, conhecido por abrigar presos famosos. Os advogados dizem que ele corre riscos e que aquela penitenciária oferece “mais segurança”.
Enquanto isso, a defesa dele aguarda o resultado do pedido de liberdade protocolado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. A decisão pode sair ainda na tarde de hoje.
O empresário teve a prisão preventiva decretada após três negativas. Porém, o Ministério Público recorreu alegando que ele descumpriu restrições aplicadas, como se aproximar de testemunhas do acidente, e que poderia voltar a cometer os mesmos crimes. Assim, a Justiça analisou os argumentos e acatou o pedido de detenção por tempo indeterminado.
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Réu
Fernando virou réu no caso pelos crimes de homicídio doloso qualificado e lesão corporal gravíssima, ambos na modalidade dolo eventual.
O MP sustentou que o empresário assumiu o risco de matar o motorista de aplicativo Ornaldo Viana, de 52 anos, que seguia no Renault Sandero. Além de estar a mais de 150 km/h, sendo que a máxima permitida na via é de 50 km/h, testemunhas afirmam que o condutor de carro de luxo estava embriagado.
Ainda conforme a denúncia, o empresário também cometeu o crime de lesão corporal gravíssima contra o amigo, Marcus Vinicius. Após ter alta do hospital, ele teve complicações no quadro de saúde e voltou a ser internado. Na segunda-feira, ele teve alta novamente, mas ainda deve passar por pelo menos mais uma cirurgia para corrigir o rompimento do ligamento do joelho esquerdo.
Antes de ter a prisão preventiva decretada, Fernando Sastre falou com o programa “Fantástico”, da TV Globo. Na ocasião, ele ressaltou que “tomou água” na ocasião do acidente, ocorrido no último dia 31 de março, e ainda questionou a perícia que apontou alta velocidade.
“Então, dentro do carro não tive essa sensação de que eu estava em tamanha velocidade. Inclusive, eu acho que seria válido uma segunda perícia, uma segunda análise, pra ter certeza dessa aferição”, questionou ele.
Fernando explicou os motivos de ter deixado do local do acidente ao lado da mãe e porque não seguiu a um hospital, como eles disseram aos policiais militares que fariam. “Na verdade, o que aconteceu foi que a minha mãe, ela estava me socorrendo”, disse ele. “A gente permaneceu ali no local por mais de uma hora, uma hora e meia, não consigo nem recordar, mas ficou bastante tempo ali”, ressaltou.
Imagens de body cams dos PMs que atenderam a ocorrência mostram que o rapaz ficou cerca de 40 minutos no local, quando a mãe dele insistia para que fosse levado a um hospital. Após dizer que prestaria o socorro, Fernando e a genitora foram liberados pelos policiais, sem fazer o teste do bafômetro. Porém, ele sumiu e só compareceu a uma delegacia mais de 38 horas depois do acidente.
“A minha mãe passa em casa para eu pegar a minha carteirinha do convênio. Quando eu chego em casa, eu tenho um alto descontrole, eu fico muito nervoso por tudo aquilo que está acontecendo. E aí ela me dá um remédio. E aí eu... apago”, explicou o condutor do carro de luxo.
Fernando negou que tenha sido beneficiado pela PM. “Eu não tive nenhum tratamento privilegiado”, disse o empresário. “Fui tratado como qualquer um”, ressaltou ele.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo reconheceu que os PMs erraram ao deixarem o empresário ir embora sem fazer o teste do bafômetro e explicou que eles serão responsabilizados. Não foram repassadas outras informações, pois o caso corre em sigilo.