Um primo do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44 anos, que foi encontrado morto no apartamento em que morava, em Engenho Novo, na Zona Norte do Rio de Janeiro, afirma que ele foi a “vítima perfeita” da namorada, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29, que está foragida. O homem vivia da renda de aluguéis de imóveis herdados e ficou fragilizado após a morte da mãe, há cerca de um ano, quando a jovem, que já o conhecia antes, se reaproximou.
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“Ela ficou sabendo [que os pais dele tinham morrido] e se reaproximou dele. Eles começaram a se encontrar e a se relacionar”, contou Bruno Luiz Ormond, em entrevista ao site UOL.
Como não tinha irmãos e nem filhos, Luiz Marcelo costumava levar uma vida reservada. Tanto que não teve muitas namoradas, segundo o primo. Porém, depois que passou a se relacionar com Júlia, demonstrava estar feliz.
“A vida dele era mais essa: ficar na casa dele, circular pelos comércios pela região, como na padaria e em um salão de beleza que fica na frente da residência dele”, relatou o primo.
Luiz Marcelo era muito querido pelas tias, a quem costumava ajudar com frequência. Muito prestativo, ele costumava ir ao supermercado para elas e pensava, inclusive, em alugar o apartamento em que ele morava para viver mais perto das parentes, em Copacabana.
Dias antes de morrer, o primo disse que Luiz Marcelo se queixou de alguns problemas de saúde. “Ele se queixava por estar se sentindo com tontura e sem enxergar direito. Ele sabia que não estava bem”, relatou Bruno.
Morte do empresário
O empresário e a namorada apareceram em imagens de câmeras de segurança trocando beijos no elevador do prédio em que ele morava, enquanto o homem segurava um prato e uma cerveja, no último dia 17 de maio (veja abaixo). Ele não foi mais visto saindo do apartamento, enquanto Júlia seguia uma rotina normal. A polícia acredita que ele segurava naquela ocasião um doce envenenado.
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No dia 20 de maio, vizinhos estranharam o cheiro forte que saía do apartamento do empresário e acionaram a polícia. Lá dentro, o corpo da vítima foi encontrado no sofá, sentado, ao lado de duas cartelas de morfina. Além disso, dois ventiladores estavam ligados no cômodo.
O corpo de Luiz Marcelo passou por necropsia, que deve confirmar as causas da morte. Mas a perícia inicial indicou que o empresário tinha sido morto três dias antes de ser encontrado, já que apresentava estado avançado de decomposição. A cena em que ele estava também levantou suspeitas de que ele tinha sido vítima de homicídio.
Testemunhas contaram que ele estava com a namorada na última vez em que foi visto e Júlia passou a ser procurada. No último dia 22, ela chegou a prestar depoimento e disse que tinha saído do apartamento do namorado, no dia 18 de maio, depois que eles brigaram. Na ocasião, ela disse que o homem estava bem e chegou a fazer café da manhã para ela.
Porém, a polícia descobriu que Júlia deixou o prédio com malas às 13h do dia 20 de maio. No dia 18, ela chegou a sair com o carro de Luiz, mas retornou sem o automóvel e permaneceu no imóvel.
“Ela teria permanecido no interior do apartamento da vítima com o cadáver por cerca de três a quatro dias. Lá, ela teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, descido para a academia, se exercitado”, disse o delegado Marcus Buss, responsável pelas investigações.
O caso segue em investigação e Júlia, que ainda não foi localizada, é considerada foragida.
Ajuda de cigana
A cigana Suyane Breschak, de 28 anos, foi presa suspeita de ajudar Júlia a matar o namorado. A mulher revelou que elas são amigas há 12 anos e disse que fazia “trabalhos espirituais” para a jovem com frequência, com o objetivo que a família dela não descobrisse que ela trabalhava como garota de programa.
Após ser presa, na última quarta-feira (29), Suyane disse que a amiga teria uma dívida com ela de mais de R$ 600 mil em função desses atendimentos. Assim, Júlia planejou matar Luiz Marcelo para vender os bens e poder quitar os valores. Ela teria dado um brigadeirão envenenado à vítima.
A mulher também confessou que ajudou a namorada a sumir com alguns pertences da vítima, como o carro, que teria sido vendido por R$ 75 mil e levado para Cabo Frio.
O homem que comprou o automóvel também foi preso por receptação. Ele chegou a apresentar um documento escrito à mão, que disse ter sido assinado pela vítima, transferindo o bem. O suspeito também portava o telefone celular e o computador de Luiz Marcelo.
As defesas dos suspeitos não foram encontradas para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.