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Jovem tinha ‘veneração’ por cigana e matou namorado envenenado a mando dela, crê polícia

Delegado diz que há indícios que Suyany Breschak, que está presa, armou crime; namorada se entregou

Suspeita é que cigana arquitetou plano e psicóloga executou
Polícia acredita que Júlia Andrade Cathermol Pimenta (à esquerda) matou o namorado a mando da cigana Suyany Breschak; ambas estão presas (Reprodução/Redes sociais)

A Polícia Civil diz que indícios apontam que a cigana Suyane Breschak, de 28 anos, foi a mandante do assassinato do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44, em Engenho Novo, no Rio de Janeiro. A mulher foi presa suspeita de ajudar a namorada da vítima, a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29, a envenená-lo e vender os bens. Porém, segundo o delegado Marcos Buss, tudo indica que o crime foi arquitetado pela cigana.

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“Podemos falar com bastante segurança que há elementos nos autos, muitos elementos indicativos, de que a Suyany seria a mandante e arquiteta desse plano criminoso”, afirmou o delegado ao site G1. “A Júlia tinha uma grande admiração, uma verdadeira veneração pela Suyany”, ressaltou ele.

Buss destacou que a investigação descobriu que a psicóloga fazia repasses mensais de dinheiro para a cigana, mas ainda tenta apurar por qual motivo. “Essa relação já vinha se desenrolando há muito tempo. Suyany tinha uma influência muito grande sobre Júlia.”

O delegado disse, ainda, que foi a cigana quem instruiu a jovem a esmagar um comprimido à base de morfina e colocar no brigadeirão, que foi consumido pelo empresário. “A própria Suyany teria procurado informações sobre a aquisição de tal medicamento”, afirma.

A mãe de Júlia, que prestou depoimento à polícia na terça-feira (4), disse que a filha confessou o que tinha feito, mas alegou que foi obrigada pela cigana. Conforme a genitora, a psicóloga relatou que estava sendo ameaçada há algum tempo e que tinha medo de que Suyany usasse de feitiçarias para fazer mal a sua família. Assim, acabou cedendo e “tinha feito uma besteira”.

O padrasto da jovem também foi ouvido e ressaltou que Júlia acreditava mesmo que a “feiticeira” pudesse fazer algum mal aos parentes com seus rituais e, por isso, cometeu o crime.

A defesa da cigana não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem. A mulher segue presa, à disposição da Justiça.

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Já Júlia se entregou à polícia na noite de terça-feira (4), sendo que era procurada desde o dia 28 de maio. A rendição ocorreu após um acordo, que previa que ela não seria exposta e também não seria algemada.

Um vídeo, divulgado pelo jornal “O Globo”, mostra o momento em que a jovem chegou à 25ª Delegacia de Polícia de Engenho Novo. A jovem usava uma blusa cinza com capuz e máscara e não quis conceder entrevistas. Veja abaixo:

A advogada Hortência Menezes, que representa a psicóloga, destacou que sua cliente está “muito assustada”, mas que vai colaborar com a polícia. “É uma situação delicada, e precisa ser esclarecida. A Júlia está abalada psicologicamente. Ela está muito assustada, mas irá colaborar”, disse.

Em nota enviada à imprensa, a advogada ressaltou que Júlia exercia a profissão de psicóloga, tem família estruturada e bons antecedentes. Contudo, a defesa não descarta que ela sofresse de algum transtorno mental. “Embora seja uma psicóloga, tal fato não exclui (...) que possa manifestar um transtorno mental”, ressaltou o texto.

Morte do empresário

Luiz Marcelo foi achado sem vida no último dia 20 de maio. Dois dias depois, Júlia prestou depoimento em uma delegacia e deu detalhes sobre como era a convivência dos dois. Reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, mostrou trechos da oitiva da mulher, que aparentava estar bem tranquila, chegando até mesmo a sorrir.

Em um trecho do depoimento, ela disse que teve um relacionamento com o empresário entre 2013 e 2017, mas que o namoro só foi oficializado em 2023. E abril deste ano, eles teriam passado a morar juntos. A jovem disse que logo depois disso eles passaram a brigar muito e percebeu uma mudança no comportamento do namorado.

“Eu percebi que ele estava muito cansado, muito estressado. E quando ele voltava no almoço, ele apagava”, disse Júlia, que afirmou ter sido traída por Luiz Marcelo. “Aí eu vi que enquanto eu estava dormindo, ele ficava em bate-papo. Provavelmente procurando p*. Aí descobri que tinha um Instagram fake. Aí teve briga. Aí eu falei que eu queria ir embora”, afirmou ela.

Apesar da jovem ter alegado que deixou o apartamento do empresário no dia 20 de maio, quando ele ainda estava bem e chegou a fazer o café da manhã para ela, a polícia diz que nessa data o homem já estava morto.

“Ela teria permanecido no interior do apartamento da vítima, com o cadáver por cerca de 3, 4 dias. Lá ela teria se alimentado. Ela teria, inclusive, nós temos isso filmado, ela teria descido para academia, se exercitado, retornado para o apartamento onde o cadáver se encontrava”, ressaltou o delegado.

Após prestar depoimento ela foi liberada, mas passou a ser procurada com o andamento das investigações. Após ficar sete dias foragida, ela se entregou.

Mulher segue foragida
Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, que é suspeita de matar o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44, sorriu ao depor à polícia (Reprodução/TV Globo/Redes sociais)

Brigadeirão envenenado

A causa da morte de Luiz Marcelo ainda não foi confirmada pelos exames periciais. Os investigadores acreditam que o homem comeu um brigadeirão envenenado, sendo que no dia 17 de maio ele apareceu no elevador, ao lado de Júlia, segurando um prato coberto com um pano, que seria o doce em questão.

A suspeita sobre o envenenamento ganhou força depois que a cigana Suyane foi presa, no último dia 29. A mulher revelou que ela e Júlia são amigas há 12 anos e disse que fazia “trabalhos espirituais” para a jovem com frequência, com o objetivo que a família dela não descobrisse que ela trabalhava como garota de programa.

Suyane alegou que a amiga teria uma dívida com ela de mais de R$ 600 mil em função desses atendimentos. Assim, Júlia planejou matar Luiz Marcelo para vender os bens e poder quitar os valores. Para isso, envenenou o doce que deu a ele.

A mulher também confessou que ajudou a namorada a sumir com alguns pertences da vítima, como o carro, que teria sido vendido por R$ 75 mil e levado para Cabo Frio.

O homem que comprou o automóvel, que é namorado da cigana, também foi preso por receptação. Ele chegou a apresentar um documento escrito à mão, que disse ter sido assinado pela vítima, transferindo o bem. O suspeito também portava o telefone celular e o computador de Luiz Marcelo.

Ela está foragida
Júlia Andrade Cathermol Pimenta, 29, é suspeita de mata o namorado, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44, no RJ (Reprodução/X (Twitter))

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