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Família de estudante que ficou em estado vegetativo após cirurgia na mandíbula luta na Justiça por terapia

Larissa Carvalho, de 31 anos, teve complicações ao operar a mandíbula há um ano; agora, teve neuromodulação negada

A família da estudante de medicina Larissa Moraes de Carvalho, de 31 anos, que ficou em estado vegetativo após passar por uma cirurgia ortognática, para corrigir alterações na mandíbula, luta na Justiça para que ela tenha acesso a um tratamento. O plano de saúde negou duas vezes que ela passe por neuromodulação, que consiste em modular a atividade do sistema nervoso por meio de estimulação elétrica fraca ou magnética. Assim, os pais entraram com uma ação na Justiça.

Larissa tinha a indicação de realizar a cirurgia ortognática desde a adolescência, mas, já adulta, passou três anos pesquisando sobre o assunto. A operação foi realizada no dia 16 de março de 2023, na Santa Casa de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Porém, logo após o procedimento, ela sofreu uma parada cardiorrespiratória, que causou lesões cerebrais, deixando a estudante em estado vegetativo.

Depois do episódio, Larissa ficou um mês internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI), onde foi diagnosticada com pneumonia e infecção urinária. Depois disso, foi levada para um quarto, onde permaneceu até março deste ano, quando teve alta. A família conseguiu na Justiça que o plano de saúde custeie o homecare para a jovem, mas recebeu a negativa sobre a neuromodulação.

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Pai de Larissa, Ricardo Carvalho contou ao site UOL que o Saúde Servidor, que é o plano de saúde da Prefeitura de Juiz de Fora, onde ele trabalha, afirma que o tratamento não está no rol de procedimentos médicos com cobertura.

O pai disse que teve que recorrer à Justiça novamente, já que a neuromodulação custa R$ 400 mil ao ano e a família não tem como arcar com esses valores. “Não temos condições de pagar. Estamos tentando a liberação do tratamento desde junho de 2023″, explicou o pai.

O caso foi analisado pela Justiça mineira e negado na 1ª Instância, mas eles recorreram e agora aguardam uma decisão da 2ª Instância. Não há prazo para divulgação do resultado.

“Esse tratamento é a nossa esperança. A Larissa tem reagido bem ao que está sendo feito até agora, que é fonoaudiologia e outros tratamentos em casa. Pelo que nossos médicos disseram, a neuromodulação é o que tem de mais moderno na área”, ressaltou Ricardo.

O plano de saúde não comentou o assunto. Nesta semana, a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou a inclusão da neuromodulação no rol de procedimentos a serem feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Agora, o projeto de lei vai passar por outras comissões até ser votado em plenário.

Cirurgia ortognática

Conforme a família, após a cirurgia, Larissa foi levada a um quarto no 9º andar da Santa Casa, mas logo sofreu uma parada cardiorrespiratória. “Larissa chegou ao quarto já desacordada, quando me pediram para sair rapidamente. Minutos depois começaram a chegar muitos profissionais. Foram os piores momentos da nossa vida, pois ninguém nos dava respostas do que aconteceu na cirurgia”, afirmou o pai.

Conforme a família, o prontuário médico indicava que a jovem saiu da sala de Recuperação Pós-anestésica (RPA) às 17h45, quando foi levada ao quarto. Quando chegou lá, às 18h02, já estava em parada cardiorrespiratória. Durante o percurso, que levou 17 minutos, nenhum profissional teria notado que algo estava errado com Larissa, que acabou com lesões neurológicas.

Depois disso, a jovem ficou em estado vegetativo. “Ela não está se comunicando. Em alguns momentos, ela até busca fonte sonora. A gente chama, ela vira o pescoço, e olha. Tem horas que parece que está em outro mundo. Tem momentos mais presentes, com o olhar. Ela não mexe, não se movimenta”, falou a mãe, a coordenadora pedagógica Maria Cristina de Carvalho, sobre o estado atual da filha.

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Investigação

Os pais contam que chegaram a marcar uma reunião com a direção da Santa Casa de Juiz de Fora, mas não tiveram respostas sobre o que aconteceu com Larissa. Eles pediram para ver as imagens de câmeras de segurança, mas disseram que isso só seria possível por meio de ação judicial. A família, então, entrou com uma ação e, em resposta, o hospital disse que “as imagens prescreveram”.

Dessa forma, os pais procuraram o Ministério Público de Minas Gerais e denunciaram o caso. Em setembro do ano passado, o promotor Jorge Tobias de Souza determinou a abertura de investigação pela Polícia Civil e o encaminhamento do caso ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais.

Procurada, a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora informou que, uma vez já instaurada ação na Justiça, “o hospital não fará quaisquer comentários sobre o assunto fora dos autos”. “Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a qualidade no atendimento prestado à toda comunidade ao longo de nossa história, que soma quase dois séculos”, disse a unidade de saúde.

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Já o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais ressaltou que o caso é investigado, “sendo respeitada a ampla defesa e o contraditório”. O órgão explica, ainda, que “todos os procedimentos tramitam sob sigilo, conforme previsto no Código de Processo Ético-Profissional.”

A Polícia Civil, por sua vez, segue investigando o caso e já colheu depoimentos de testemunhas. Porém, não repassou outros detalhes para não atrapalhar os trabalhos.

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