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Brigadeirão envenenado: polícia apura carta que teria sido escrita por empresário deixando carro para namorada

Investigação apura se texto foi mesmo escrito por Luiz Marcelo Ormond, dias antes de ser achado morto

Ela está foragida
Júlia Andrade Cathermol Pimenta, 29, é suspeita de mata o namorado, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44, no RJ (Reprodução/X (Twitter))

A Polícia Civil investiga uma carta que teria sido escrita pelo empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44 anos, dias antes de ser encontrado morto no apartamento em que morava, no Rio de Janeiro. No texto, enviado à namorada, a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29, o homem a enche de elogios, fala sobre o desejo de formar uma família e ainda afirmou que estava dando um carro para a jovem.

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Conforme reportagem do site UOL, a carta teria sido escrita no último dia 12 de maio. Porém, aparenta ter uma rasura na data. Além disso, na parte final, onde ele citaria o carro, a letra está diferente das demais. Assim, o documento passa por perícia grafotécnica para constatar se, de fato, foi Luiz Marcelo quem escreveu o texto.

Em um trecho da carta, enviada à “Jujubinha”, o empresário teria relembrado quando conheceu Júlia, em 2013, e dito que, após um período afastados por “imaturidade, insegurança ou falta de paciência”, ela passou de uma “menina para moça e, posteriormente, para uma linda mulher”. Mesmo no tempo em que ficaram distantes, ele teria dito que nunca deixou de pensar na psicóloga.

Depois ele cita o reencontro deles, em 2022, o classificando como uma “obra do destino”. Assim, a partir daí, ele nutria o desejo de formar uma família com ela.

Não sei se é prematuro, mas já estamos dando os primeiros passos para dividirmos uma vida e ficarmos juntos. Sempre respeitei, respeito e respeitarei suas vontades, mas desejo com toda sinceridade formar uma família linda com você, ser pai dos seus filhos e te fazer a mulher mais feliz da galáxia. Parabéns pelo carro de presente. Faça bom proveito, eu te amo”, diz um trecho da carta, revelado pelo UOL.

Enquanto esteve foragida, Júlia também aproveitou para escrever uma carta e se explicar ao advogado Jean Cavalcante de Azevedo, com quem ela mantinha um relacionamento há dois anos. O rapaz disse à polícia que não sabia que era traído pela psicóloga e só foi ter ciência ao ver reportagens do homicídio de Luiz Marcelo na televisão.

Na carta, Júlia afirmou que não nutria nenhum tipo de sentimento amoroso pelo empresário, que estava “sempre dopado”, e que ela “estava sendo coagida e sob ameaça”.

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Jean, precisava te encontrar para te contar o que aconteceu, mas dada a minha situação vai ser complicado no momento. Eu sei que você está p*to comigo, se sente traído e enganado, e eu entendo. Mas queria que entendesse que eu estava sendo coagida e sob ameaça. Aquele beijo [gravado no elevador] foi fingido e não passou disso, até porque ele [Luiz Marcelo] estava sempre dopado, e eu fugia, não dormia nem no mesmo quarto”, escreveu Júlia.

Eu sei que não ameniza, mas tudo o que está acontecendo foi porque fui fraca mentalmente, sofri uma lavagem cerebral e fui ameaçada de morte, você e minha mãe também. Então eu surtei. Ainda estou surtada, na verdade estou muito pior, sem saber lidar com tudo isso. Ainda mais sem seu apoio. Eu preciso muito do seu amor, do seu apoio e do seu perdão. Me ajuda a enfrentar tudo isso, fica do meu lado”, cita outro trecho da carta.

No texto, Júlia ainda pediu perdão várias vezes a Jean, alegou que não estava em sã consciência e implorou que o rapaz não a abandonasse, apesar de toda a situação.

Mulher segue foragida
Júlia Andrade Cathermol Pimenta, 29, suspeita de matar o namorado, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, 44, no RJ (Reprodução/Redes sociais)

Morte do empresário

Luiz Marcelo foi achado sem vida no último dia 20 de maio. Dois dias depois, Júlia prestou depoimento em uma delegacia e deu detalhes sobre como era a convivência dos dois. Reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, mostrou trechos da oitiva da mulher, que aparentava estar bem tranquila, chegando até mesmo a sorrir.

Apesar da jovem ter alegado que deixou o apartamento do empresário no dia 20 de maio, quando ele ainda estava bem e chegou a fazer o café da manhã para ela, a polícia diz que nessa data o homem já estava morto.

“Ela teria permanecido no interior do apartamento da vítima, com o cadáver por cerca de 3, 4 dias. Lá ela teria se alimentado. Ela teria, inclusive, nós temos isso filmado, ela teria descido para academia, se exercitado, retornado para o apartamento onde o cadáver se encontrava”, ressaltou o delegado Marcos Buss.

Após prestar depoimento ela foi liberada, mas passou a ser procurada com o andamento das investigações. Após ficar sete dias foragida, ela se entregou e segue presa.

Para a polícia, a cigana Suyane Breschak, de 28 anos, que também está presa, foi quem arquitetou a morte do empresário para que Júlia vendesse os bens dele e quitasse uma dívida de R$ 600 mil que tinha por causa de “trabalhos de amarração”. “A própria Suyany teria procurado informações sobre a aquisição de tal medicamento”, disse o investigador.

“Podemos falar com bastante segurança que há elementos nos autos, muitos elementos indicativos, de que a Suyany seria a mandante e arquiteta desse plano criminoso”, afirmou o delegado ao site G1. “A Júlia tinha uma grande admiração, uma verdadeira veneração pela Suyany”, ressaltou ele.

Um laudo preliminar sobre as causas da morte de Luiz Marcelo apontou a presença das seguintes substâncias no corpo da vítima: Clonazepam; 7-Aminoclonazepam; cafeía e morfina. Não foi detalhada a quantidade de cada um dos itens no organismo e o relatório final segue em elaboração.

A polícia suspeita que a vítima tenha comido um brigadeirão dado por Júlia, onde teriam sido acrescentados 60 comprimidos triturados de Dimorf, que tem morfina como princípio ativo. Esse medicamento é de uso controlado e só pode ser comprado com a retenção de receita. Por coincidência ou não, Suyane toma o mesmo remédio.

Polícia diz que cigana é a mandante do crime
Cigana Suyane Breschak (à esquerda) e a amiga, a psicóloga Júlia Pimenta; ambas estão presas suspeitas por morte de empresário no RJ (Reprodução/Redes sociais)

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