O caso da influencer Natalia Fabiana de Freitas Antonio, mais conhecida como Natalia Becker, que foi indiciada pela morte de um cliente após um “peeling de fenol”, ganhou mais um desdobramento. O Sindicato Patronal dos Empregadores em Empresas e Profissionais Liberais em Estética e Cosmetologia do Estado de São Paulo (Sindestética) entrou com uma ação na Justiça contra emissoras de TV pela forma com que a mulher foi identificada em reportagens.
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De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, o processo, protocolado no último dia 13 de junho, tem como alvos a TV Globo e a Record, pois elas identificavam Natalia como “esteticista” ou “dona de clínica de estética”, sendo que a influencer não tem formação na área. Sendo assim, conforme o sindicato, ela não poderia ser citada como sendo uma profissional do ramo.
As reportagens citadas foram exibidas no “Fantástico”, da Globo, e no “Domingo Espetacular”, da Record. O sindicato argumenta que a exposição do caso, classificando a mulher como esteticista, gerou prejuízos aos empresários e profissionais do setor de estética.
“As reportagens veiculadas pelos Requerentes, ao apresentarem Natalia Becker como esteticista, têm causado sérios prejuízos à classe profissional dos esteticistas, comprometendo a imagem e a credibilidade de uma categoria regulamentada e respeitada”, afirma o Sindiestética na ação.
“A disseminação de informações inverídicas acerca da qualificação de Natalia Becker não só desrespeita a regulamentação legal da profissão, mas também induz o público a erro, criando uma percepção equivocada sobre os requisitos necessários para o exercício da profissão de esteticista”, ressalta o texto.
O sindicato quer que a Justiça obrigue as emissoras a chamarem Natalia Becker como influencer e, em caso de descumprimento, que seja aplicada uma multa diária no valor de R$ 1 mil.
As emissoras foram procuradas pela reportagem, mas ambas informaram que não comentam ações judiciais.
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Morte após ‘peeling de fenol’
O empresário Henrique Chagas, de 27 anos, reclamou de fortes dores e morreu pouco depois de passar por um “peeling de fenol”, realizado no último dia 3 de junho por Natalia Becker. Conforme a polícia, ele sofreu lesões graves no rosto e na gengiva.
A suspeita é que ele possa ter tido algum tipo de reação alérgica ao tratamento e morrido por “choque anafilático”. Os laudos dos exames necropsiais, que devem atestar qual foi a causa do falecimento, ainda não foram divulgados.
Ao saber da morte do cliente, Natalia também teria passado mal e socorrida a um hospital. Ela só se apresentou à polícia no último dia 5 de junho para prestar esclarecimentos, quando foi indiciada por homicídio com dolo eventual.
Em depoimento, a mulher disse que aprendeu a fazer o “peeling de fenol” em um curso online, ministrado pela farmacêutica Daniele Stuart, do Paraná. Ela teria concluído o curso no fim do ano passado e, desde então, nunca tinha enfrentado nenhuma intercorrência com seus clientes.
A polícia instaurou uma investigação sobre o curso e a farmacêutica também passou a ser investigada por suspeita de exercício ilegal da medicina. O Conselho Federal de Farmácia (CFF) e o Conselho Regional de Farmácia do Paraná (CRF-PR) saíram em defesa dela, ressaltando que farmacêuticos podem atuar na área de saúde estética.
Já a clínica de Natalia foi fechada e multada pela Vigilância Sanitária após a repercussão da morte do empresário. O local tinha licença para funcionamento, mas não para a realização de “peeling de fenol”.