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Avó de menina com paralisia cerebral é alvo de ataques após guarda ser retirada de pais influenciadores

Conselheira tutelar diz que idosa está com medo; polícia segue investigando maus-tratos contra garotinha

Igor Viana e Ana Santi
Igor Viana e Ana Santi são investigados por suspeita de maus-tratos contra a filha de 2 anos, que tem paralisia cerebral (Reprodução / Instagram)

A avó da menina de 2 anos, filha dos influenciadores Igor de Oliveira Viana e Ana Vitória Alves dos Santos, passou a sofrer ataques e ameaças nas redes sociais por ter ficado com a guarda da neta. O casal é investigado pela Polícia Civil de Goiás por suspeita de maus-tratos contra a garotinha, que tem paralisia cerebral. Denúncias apontaram que eles se aproveitavam da situação dela, até fingindo brigas, para sensibilizar os seguidores e obter doações.

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Após a repercussão do caso, a guarda da menina foi transferida para a avó paterna. Depois disso, a mulher passou a ser atacada nas redes sociais, segundo relatou a conselheira tutelar Grazielle Ramos, ao site G1.

“A avó me relatou que estão agredindo ela nas redes sociais, reclamando, falando mal do Conselho Tutelar, questionando o motivo de o Conselho entregar a menina para ela. Mas essas pessoas não sabem que nós fizemos todo um estudo antes de entregar a criança para a avó”, destacou.

As ameaças foram informadas à Polícia Civil, que instaurou um inquérito para apurar o caso. A conselheira tutelar ressaltou que outras pessoas envolvidas no resgate da menina também passaram a ser alvos de ataques e todo o material será reunido e repassado para a autoridade policial.

Os pais da menina são investigados depois de denúncias sobre a exposição do quadro dela nas redes sociais, bem como atitudes consideradas constrangedoras envolvendo a menor. “Tem postagens que ele [Igor] inferioriza a menina, causando constrangimento a ela pela condição de pessoa com deficiência”, ressaltou a delegada Aline Lopes.

A investigadora ressaltou que os influenciadores estavam juntos até pouco tempo atrás, quando se separaram amigavelmente, mas mas fingiam ter uma relação conturbada para que as pessoas que os acompanhavam ficassem sensibilizadas. Eles diziam que o pai ficaria com a menina e, como ela demanda cuidados, não podia trabalhar e precisava de ajuda financeira.

“Eles estavam juntos até pouco tempo. Nesse último mês eles se separaram e essa separação se deu de forma amigável, mas eles estariam chamando uma briga pública entre os dois, de forma a gerar mais engajamento”, disse Aline.

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O influenciador negou os crimes de maus-tratos e disse que reúne provas para apresentar à polícia. Já a defesa da mãe, mais conhecida como Ana Santi, diz que ela já se apresentou à Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) para os devidos esclarecimentos.

“A defesa informa que está convicta que ao final das investigações o caso será esclarecido a sociedade, sendo que a investigada provará sua inocência.”

Entenda o caso

Nas redes sociais, Igor se identifica como “Pai da Soso” e “Servo do Deus Vivo”. Ele compartilha a rotina da filha com paralisia cerebral e usa as plataformas para pedir doações que seriam destinadas aos cuidados com a menina.

Segundo a polícia, o influenciador costuma compartilhar a rotina da filha, chegando até mesmo a debochar da situação dela. Segundo as afirmações da delegada, Igor também “tirava sarro” dos seguidores que faziam doações para o “suposto PIX” da menina.

“Minha filha não tem PIX, então se eles foram trouxas, a culpa não é minha. Eu não sou obrigado a usar o dinheiro que eles mandam especificamente com a minha filha. Eu também tenho necessidades a serem supridas. Também sou um ser humano”, teria dito Igor.

Por meio de outros áudios, o influenciador ainda teria afirmado que a garotinha “é chata” e “dá muito trabalho”, o fazendo “ter vontade de largá-la na porta de um orfanato”. “Eu não imaginava que uma criança que tem 10% do cérebro funcionando fosse tão chata e pudesse me dar tanto problema”, disse o pai.

Além dele, a mãe da menina também está sendo investigada por desviar o dinheiro recebido para a filha. “Os dois trabalham com internet, mas têm como principal fonte de renda as doações que a menina recebe. Estamos apurando se teve desvio de dinheiro e se ele foi utilizado para outras finalidades que não o tratamento da criança”, disse a delegada.

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