Nego Di e a esposa, Gabriela Sousa, se tornaram alvos de uma operação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, sob suspeita de lavagem de R$ 2 milhões com rifas ilegais online.
Apesar de o MP não ter divulgado a identidade dos responsáveis pelas rifas, a apuração do g1 constatou que se tratava do influencer e ex-bbb Nego Di e a esposa. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na manhã da última sexta-feira (12) no litoral catarinense.
De acordo com a defesa, “a inocência dos investigados será provada em momento oportuno”. Flávio Duarte, promotor de Justiça responsável pela investigação, relatou que dois veículos de luxo foram sequestrados. Uma arma, sem registro, de uso exclusivo das Forças Armadas foi apreendida.
As investigações estão centradas no acesso de documentos, mídias sociais, celulares e outros meios para identificar as atividades ilegais praticadas e os valores obtidos pela dupla. Os bens dos suspeitos e de terceiros vinculados foram bloqueados na Justiça pelo Ministério Público.
Processo de lavagem de dinheiro
A fim de engajar seus seguidores e gerar receita, Nego Di teria entrado em um esquema configurado como lavagem de dinheiro. Os depósitos dos sorteios do ex-BBB eram concentrados nas contas vinculadas de sua esposa, empresas em nome do casal e de parentes. O valor chegou a R$ 2,6 milhões.
Uma das promoções anunciadas por Nego Di envolvia uma Porche, que segundo ele poderia ser de alguns seguidores por 0,99 centavos.
De acordo o promotor de Justiça da 8ª Promotoria de Justiça Especializada Criminal, Flávio Duarte “todos os valores oriundos das rifas realizadas por esse influenciador são ilícitos”:
“Esses valores ingressavam inicialmente na conta de uma terceira pessoa, depois eventualmente retornavam para uma empresa e somente depois que já estavam incorporados na empresa, dando uma aparência de lícito e ao mesmo tempo se distanciando daquele valor que se sabia que era ilegal, oriundo de uma contraversão penal, ele adquiriu os bens. Todo esse mecanismo, toda essa dissimulação, esse distanciamento da origem delituosa configura o crime de lavagem de dinheiro”, relatou Duarte.
Ao longo da investigação, constatou-se que Nego Di usou parte dos recursos para a aquisão de dois carros, avaliados em mais de R$ 630 mil. A MP ainda investiga o destino do veículo.
Leia mais:
Segundo o promotor, não havia informações sobre o acontecimento dos sorteios, datas ou destino dos itens.
“No meio da ação (do sorteio), ele vendeu o veículo e não houve demonstração que tenha ocorrido um sorteio. Esse carro foi vendido dele diretamente por uma empresa parceira dele de negócios. Mesmo depois da venda desse veículo para uma revendedora, continuaram entrando nas contas dele valores referentes à rifa”, explica Duarte.
Confira nota da defesa
“A defesa esclarece que até o presente momento não teve acesso aos autos do inquérito conduzido pelo Ministério Público. Portanto, qualquer divulgação de informações carece de cautela para evitar uma condenação prévia e irreparável à imagem dos investigados.
Esclarecemos ainda que a inocência dos investigados será provada em momento oportuno, conforme o devido processo legal. A defesa reitera a importância do princípio da presunção de inocência e solicita que quaisquer informações sejam divulgadas com responsabilidade e respeito aos direitos fundamentais.”
Hernani Fortini, Jefferson Billo da Silva, Flora Volcato e Clementina Ana Dalapicula