A Porsche elaborou um laudo técnico sobre o veículo que era conduzido pelo empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, que segue preso e virou réu pelo acidente que terminou na morte do motorista de aplicativo Ornaldo Viana, de 52, em São Paulo. A análise constatou que o carro teve alterações no escapamento para aumentar o ruído e potência. Além disso, um perito da montadora comprovou que o rapaz estava a 136 km/h no momento em que colidiu contra um Renault Sandero.
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De acordo com o portal “Metrópoles”, o laudo elaborado pela Porsche revelou que havia um escapamento “não original” acoplado ao motor do veículo, um Porsche 911 Carrera GTS, “implicando em aumento de ruído e potência com a alteração da passagem dos gases de escapamento”.
Além disso, o técnico da montadora conseguiu analisar a unidade eletrônica do Porsche Stability Management (PSM), que é um sistema de controle de estabilidade. Ele assume o comando de uma série de dispositivos do veículo em situações de risco, como a derrapagem ou a retirada abrupta do pé no acelerador.
O objetivo era descobrir se o veículo costumava circular em alta velocidade, mas não foi possível realizar medições anteriores. Porém, a velocidade exata no momento do acidente foi registrada. “Cabe ressaltar que a velocidade obtida por meio da leitura do módulo pela Porsche foi de 136 Km/h, cujo resultado é condizente com a estimativa obtida pelo Núcleo de Apoio Logístico”, destacou a análise.
Além do técnico da Porsche, participaram das análises uma perita criminal e peritos do Núcleo de Acidentes de Trânsito.
Relembre o caso
Fernando Sastre Filho conduzia um Porsche que colidiu contra um Renault Sandero, na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, no último dia 31 de março. Na ocasião, Ornaldo Viana morreu e o estudante Marcus Vinicius Machado Rocha, amigo do empresário, ficou gravemente ferido.
O empresário fugiu do local sem fazer o teste do bafômetro, mas testemunhas afirmam que ele estava com sinais de embriaguez e também apareceu em um vídeo, gravado momentos antes da batida, com a voz pastosa.
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O rapaz teve a prisão preventiva decretada no último dia 3 de maio e se entregou à polícia após três dias foragido. A defesa dele aguardava o resultado do habeas corpus pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas obteve uma resposta negativa.
Depois disso, ele foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo, que sustentou que o empresário assumiu o risco de matar o motorista de aplicativo, pois estava a mais de 150 km/h, sendo que a máxima permitida na via é de 50 km/h.
Ainda conforme a denúncia, o empresário também cometeu o crime de lesão corporal gravíssima contra o amigo. Após ter alta do hospital, Marcus Vinícius teve complicações no quadro de saúde e voltou a ser internado. O rapaz já teve alta novamente, mas ainda deve passar por pelo menos mais uma cirurgia para corrigir o rompimento do ligamento do joelho esquerdo.
A Justiça de São Paulo também determinou que Fernando Filho pague uma pensão mensal de dois salários mínimos para a família de Ornaldo, até o julgamento do caso. Ainda não foi analisado o pedido dos parentes da vítima de indenização no valor de R$ 5 milhões.
Julgamento
No último dia 28 de junho, foi realizada a audiência de instrução do caso no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da Capital. Nesta etapa, o juiz analisou se há elementos consistentes no processo para levar o condutor do carro de luxo a julgamento e também ouviu testemunhas de acusação e da defesa, além de representantes do Ministério Público e os advogados do empresário.
O magistrado determinou que Fernando seja ouvido no próximo dia 2 de agosto. A defesa do empresário pede para que ele seja ouvido por videoconferência, direto da prisão, uma vez que ele segue preso preventivamente na penitenciária de Tremembé, no interior paulista.