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Caso Henry Borel: Jairinho contrata a mesma defesa de homem que esfaqueou Jair Bolsonaro

Advogado Zanone de Oliveira Júnior vai compor a defesa do ex-vereador em júri sobre morte de enteado

Ex-vereador Dr. Jairinho, réu pela morte do menino Henry Borel, trocou sua defesa mais uma vez Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, que vai a julgamento pela morte do enteado, o menino Henry Borel, de 4 anos, trocou de defesa na semana passada. Ele contratou o advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior para assumir seu caso na Justiça. O profissional é o mesmo que defendeu Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou, em 2018, o então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro.

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Assim, os advogados Cláudio Dalledone e Janira Rocha deixam de representar o ex-vereador no caso, sendo substituídos por Zanone e também por Fabiano Lopes. Essa é a segunda vez que a família do réu muda de defesa.

Em entrevista à coluna “True Crime”, do jornal “O Globo”, o coronel Jairo Souza Santos, pai de Jairinho, disse que dessa vez a mudança ocorreu depois que Dalledone foi condenado a 11 anos de prisão por associação criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em um processo que investiga desvios de indenizações de pescadores em Paranaguá, no litoral do Paraná.

“Foi um conjunto de circunstâncias que me levaram a trocar de advogados. Mas o principal motivo foram as polêmicas envolvendo o nome do Dalledone. Diante disso, a família optou por trocar a defesa toda”, afirmou o coronel.

Dalledone, por sua vez, afirmou ser inocente e que já recorreu da condenação em segunda instância. Sobre a dispensa dele e de Janira da defesa do ex-vereador, ele afirma que a questão foi financeira. A família de Jairinho não teria mais recursos para pagá-los durante o júri, quando os gastos previstos são de R$ 1 milhão.

“Esse júri vai custar bastante. E ele deveria angariar valores suficientes para custear a defesa: perícias, peritos, acomodações e diárias de profissionais técnicos, investigação defensiva, analistas e tudo isso. Ele estava entendendo que a repercussão do caso na mídia trouxesse solução financeira para isso. Minha conversa com o coronel foi direta e objetiva. Acabamos nos desentendendo na questão financeira. A nossa conversa foi dura e severa”, disse Dalledone ao “True Crime”.

O advogado disse, ainda, que o pai de Jairinho pediu que ele intimidasse promotores e até juízes para que o ex-vereador fosse inocentado. “Não vou ser usado como um advogado que bota medo em juiz e promotor. Eu não aceito isso. A relação dentro dos tribunais é uma relação de respeito e consideração, e eu não serei instrumento disso sob hipótese nenhuma”, ressaltou Dalledone.

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Novamente questionado, o coronel Jairo Souza Santos negou quaisquer pedidos de atos ilícitos. “A defesa do meu filho está longe de custar R$ 1 milhão. Não chega a um quarto desse valor”, ressaltou o pai.

Assim, com o desentendimento entre as partes, agora restou para Zanone defender o ex-político no julgamento. Além de Adélio Bispo, ele também ficou conhecido por defender o o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que foi condenado a 27 anos de prisão pelo assassinato da modelo Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno, em 2010.

Julgamento

A previsão é que o julgamento sobre a morte de Henry Borel ocorra em setembro deste ano. Jairinho é réu por homicídio triplamente qualificado com emprego de tortura, motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima.

O ex-vereador segue aguardando pelo julgamento no Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, no Complexo de Gericinó, no Rio de Janeiro.

Já a mãe do menino, Monique Medeiros, que também responde pelo caso, será julgada por homicídio e omissão. Enquanto aguarda o julgamento, ela segue em liberdade.

A mãe e o padrasto do menino foram acusados pela sua morte.
Henry Borel, de 4 anos, visto com vida pela última vez no colo da mãe, Monique Medeiros (Reprodução / Twitter)

Relembre o caso

Na madrugada do dia 8 de março de 2021, o garoto Henry Borel deu entrada em um  hospital na Zona Oeste do Rio de Janeiro inconsciente e foi considerado morto momentos depois.

Na ocasião, ele estava no apartamento em que sua mãe morava na companhia de seu padrasto, o ex-vereador Dr. Jairinho. Segundo o casal, o menino teria caído da cama, que gerou hemorragia e as lesões que levaram à sua morte.

Após uma intensa investigação e a análise realizada pelos médicos, ficou comprovado que a causa da morte de Henry foi hemorragia interna com laceração hepática no fígado em decorrência de uma ação empregada por força violenta.

Monique e Jairinho foram presos logo depois. Em depoimento, o ex-vereador negou o crime. A mulher chegou a alegar que vivia um relacionamento abusivo e que não tinha ciência de que o filho era agredido pelo padrasto. No entanto, mensagens enviadas à ela pela babá do garoto mostraram que ela sabia sim que o homem costumava agredir a vítima.

O homem permaneceu preso e teve o mandato político cassado, assim como seu registro como médico. Já a mãe responde em liberdade.

Mãe e padrasto são réus no caso
Henry Borel, de 4 anos, foi morto no dia 8 de março de 2021 (Reprodução/Redes sociais)

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