A falsa pediatra que sequestrou uma recém-nascida no Hospital da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), no Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, foi identificada como Claudia Soares Alves, de 42 anos. Ela é médica, mas tem registro ativo no Conselho Federal de Medicina (CFM) como neurologista. A mulher atende em uma clínica em Itumbiara, no sul de Goiás, mesma cidade em que foi presa ao ser flagrada com a criança. Além disso, ela também é professora em duas universidades.
A defesa de Claudia não foi localizada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem. Na clínica em que ela atende, quando se tenta contato, é recebida uma mensagem de que o local está em férias coletivas até o próximo dia 29.
A neurologista foi presa na manhã desta quarta-feira (24) ao chegar em casa, em Itumbiara, que fica a cerca de 130 km do hospital onde a bebê foi sequestrada, na noite de terça-feira (23). De acordo com a Polícia Civil, a recém-nascida foi levada para avaliação médica, mas passa bem.
“Ela passou por exames e está bem. Não há qualquer sinal de maus-tratos”, ressaltou o o delegado Marcos Tadeu de Brito Brandão, que é chefe da Polícia Civil de Uberlândia.
Nas redes sociais, onde é seguida por quase 10 mil pessoas, Claudia costuma postar dicas de saúde e também fala sobre suas conquistas acadêmicas. Ela detalhou que se formou em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em novembro de 2004, e concluiu a residência em Clínica Médica na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em 2007. Já a especialização em Neurologia foi finalizada em novembro de 2011, também na UFTM.
Em uma postagem no Instagram ela comemorou que, em 13 de maio deste ano, tomou posse como professora na UFU. Ela também já atuava como docente na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Goiás (UEG), desde janeiro de 2019.
Em outra publicação, a neurologista fala sobre seu amor pela profissão e como é gratificante melhorar a vida dos pacientes. “Ser neurologista não é só sobre diagnósticos e tratamentos - é sobre fazer a diferença na vida das pessoas. Ver um paciente recuperar a qualidade de vida, mesmo que seja um pequeno passo de cada vez, é simplesmente inspirador”, escreveu Claudia na postagem.
Claudia também ressaltou que está cursando doutorado em Ciências da Saúde na UFU. “Então, resumindo: a medicina é minha paixão, a docência é minha missão e a jornada é minha inspiração. Aqui estamos nós, prontos para enfrentar o que vier pela frente. Vamos nessa!”, diz a médica.
Ainda não se sabe o motivo do sequestro da criança. Ao ser detida, a mulher teria dito aos policiais que faz uso de remédios controlados.
Sequestro
O sequestro ocorreu na noite de terça-feira (23), três horas após o nascimento da menina. A falsa pediatra usava jaleco, máscara e até um crachá. Funcionários do hospital disseram que ela perguntou onde seria a ala da pediatria na maternidade, pois precisava avaliar um recém-nascido. Ninguém desconfiou e ela foi levada ao local, onde a menina sequestrada estava com os pais.
Um vídeo do circuito de segurança do hospital mostrou quando a suspeita caminhava pelos corredores do hospital e depois quando ela deixou o local, carregando uma mochila, e entrou em um carro vermelho que a aguardava. Assista abaixo:
O pai da recém-nascida, o motorista Édson Ferreira, contou que a mulher se apresentou como sendo médica pediatra e afirmou iria alimentar a bebê, mas depois de um tempo ele notou que ela tinha sumido.
“Ela era muito bem articulada. Entrou, mexeu nos peitos da minha esposa para ver se tinha leite. Disse que era pediatra e que ia levar a bebê para se alimentar. Minutos depois eu vi que a minha menina não voltava e vimos que ela tinha levado a menina”, disse o pai, em entrevista à TV Integração, reproduzida pelo site G1.
O HC-UFU destacou, em nota, que “poucos instantes após o fato, a equipe do hospital acionou a Polícia Militar de Uberlândia e cedeu as imagens das câmeras de segurança requisitadas pela corporação”.
O hospital ressaltou que “iniciou apuração interna de todas as circunstâncias do caso e está colaborando com as investigações. A instituição está à inteira disposição das autoridades e da família para a breve solução do caso”.