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Laudo aponta que médica suspeita de sequestrar bebê tem transtornos; Justiça mantém prisão

Defesa de Claudia Soares Alves, de 42 anos, alega que ela estava em surto quando raptou recém-nascida; mulher segue em presídio

Um laudo médico apresentado pela defesa da neurologista Claudia Soares Alves, de 42 anos, que foi presa após sequestrar uma recém-nascida no Hospital da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), no Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, afirma que ela sofre de transtorno afetivo bipolar, que durante as crises a deixa sem compreensão da realidade. Os advogados sustentam que a mulher estava grávida e, por isso, mudou a medicação e acabou sofrendo um surto. Ela passou por uma audiência de custódia nesta quinta-feira (25) e a Justiça de Goiás a manteve presa.

Conforme o laudo médico, além do transtorno afetivo bipolar, Claudia também foi diagnosticada com transtornos de ansiedade generalizada e do pânico.

“A paciente apresenta crises recorrentes de humor deprimido, anedonia, desânimo, irritabilidade, insônia e ideação suicida, alternadas por crises recorrentes de elevação de humor, grandiosidade, persecutoriedade, aumento de atividades, o que prejudica gravemente seu juízo crítico da realidade e a incapacita temporariamente de compreender a natureza inadequada e/ou ilícita de atitudes suas”, diz um trecho do documento, divulgado pelo site G1.

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Ainda conforme descrito no laudo médico, a neurologista toma seis remédios controlados. Porém, o advogado Vladimir Rezende afirma que Claudia estava grávida e, por isso, acabou mudando as medicações e teve uma crise. “Com a alteração dos medicamentos, ela deu um surto, um surto psicótico. Nossa defesa vai ser essa, porque realmente é o que aconteceu”, ressaltou o advogado.

Porém, a Polícia Civil negou que a mulher esteja grávida ou tenha sofrido um aborto, ressaltando que ela estava menstruada quando foi examinada. “Quando ela foi submetida ao exame de corpo de delito, o médico que a avaliou descartou a gravidez, porque ela alegou que estava com um corrimento (sangramento), mas aparentemente trataria de uma menstruação dela. Agora, claro que existem exames mais precisos. Caso a defesa queira comprovar isso nos autos, já fica o ônus processual deles”, ressaltou o delegado Anderson Pelágio.

A neurologista foi presa na quarta-feira (24) ao ser flagrada com a recém-nascida raptada quando chegava em casa, em Itumbiara, no sul de Goiás. No momento da prisão, a polícia encontrou no carro da médica um enxoval completo para menina, com fraldas, banheira de bebê e até mesmo uma piscina infantil.

Ela passou pela audiência de custódia nesta manhã, quando teve a prisão mantida pela Justiça. A mulher preferiu ficar em silêncio durante o depoimento.

Claudia, que foi autuada em flagrante por sequestro qualificado, segue presa em uma cela comum em um presídio na cidade goiana de Orizona. Agora, o caso tramita em segredo de Justiça, já que envolve uma menor de idade.

Entenda o caso

O sequestro da recém-nascida ocorreu na noite de terça-feira (23), três horas após o nascimento da menina, no HC-UFU, em Uberlândia.

Claudia se passou por pediatra e entrou na unidade usando jaleco, máscara e até um crachá. Funcionários do hospital disseram que ela perguntou onde seria a ala da pediatria na maternidade, pois precisava avaliar um recém-nascido. Ninguém desconfiou e ela foi levada ao local, onde a menina sequestrada estava com os pais.

Um vídeo do circuito de segurança do hospital mostrou quando a suspeita caminhava pelos corredores do hospital e depois quando ela deixou o local, carregando uma mochila, e entrou em um carro vermelho que a aguardava. Assista abaixo:

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O pai da recém-nascida, o motorista Édson Ferreira, contou que a mulher se apresentou como sendo médica pediatra e afirmou iria alimentar a bebê, mas depois de um tempo ele notou que ela tinha sumido.

“Ela era muito bem articulada. Entrou, mexeu nos peitos da minha esposa para ver se tinha leite. Disse que era pediatra e que ia levar a bebê para se alimentar. Minutos depois eu vi que a minha menina não voltava e vimos que ela tinha levado a menina”, disse o pai, em entrevista à TV Integração, reproduzida pelo site G1.

O HC-UFU destacou, em nota, que “poucos instantes após o fato, a equipe do hospital acionou a Polícia Militar de Uberlândia e cedeu as imagens das câmeras de segurança requisitadas pela corporação”.

O hospital ressaltou que “iniciou apuração interna de todas as circunstâncias do caso e está colaborando com as investigações. A instituição está à inteira disposição das autoridades e da família para a breve solução do caso”.

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