Uma testemunha que viu o momento em que o empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, atropelou o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, afirma que ele cometeu o ato “por maldade”. A afirmação é do caminhoneiro Gustavo Silva, de 26 anos, que chegou a questionar o condutor do Porsche amarelo logo após o acidente.
ANÚNCIO
“E agora. Ele vai pagar a vida do cara? Matou o cara. Fez na maldade. Se não fosse na maldade, não teria batido o carro na moto”, disse o caminhoneiro ao portal “Metrópoles”.
Gustavo disse que viu quando o motociclista atingiu o retrovisor do carro de luxo e passou a acompanhar a cena, já que houve uma discussão entre as partes. Ele presenciou quando o motociclista foi atropelado e desceu gravando com o celular, registrando as primeiras imagens após o acidente.
“O cara do Porsche foi e jogou o carro para cima do motoqueiro. Infelizmente jogou os dois num poste. Complicado, por causa de um retrovisor ele vai lá e mata o cara. Ele tem dinheiro, pô. Quebrou o retrovisor, vai lá e arruma”, ressaltou a testemunha.
Revoltado, o caminhoneiro chegou a questionar os motivos que levaram Igor a atropelar a vítima. “Você matou o cara por causa do retrovisor do seu carro?”, perguntou. “Não, ele que me fechou, mano, ele estava vindo atrás de mim”, rebateu Igor (assista abaixo).
O corpo de Pedro Kaique é velado desde a manhã desta terça-feira (30) em Parelheiros, na Zona Sul da Capital. Emocionados, parentes e amigos se despedem do rapaz, que trabalhava como auxiliar de transporte escolar e fazia bicos de entregas para aplicativos. Ele deixou a namorada e um filho de 3 anos.
“Momento de fúria”
Conforme o delegado Edilzo Correia, responsável pelas investigações, Igor teve um “momento de fúria” quando atingiu a vítima.
ANÚNCIO
Em entrevista ao programa “Brasil Urgente”, da TV Bandeirantes, do delegado disse Igor apresentou versões diferentes em seus depoimentos, sendo que primeiramente disse que o motociclista se aproximou muito dele e entrou na frente “abruptamente”. Porém, depois confirmou que eles tinham discutido antes, quando o piloto bateu contra seu retrovisor.
Ao analisar as imagens que mostram o acidente, o delegado disse que foi possível ver que o empresário seguia em alta velocidade, perseguiu e atropelou Pedro Kaique. “Teve um momento de fúria. Razão pela qual perseguiu o motoqueiro após ter sentido que o seu veículo teve o retrovisor machucado por aquele motociclista. Então, ele acelerou, a gente vê pelas imagens, que a velocidade do Porsche era excessiva”, ressaltou Correia.
Igor foi preso e autuado em flagrante por homicídio doloso, com dolo eventual, por motivo fútil ou torpe. Ele deve passar por uma audiência de custódia nesta terça-feira (30), quando a Justiça vai definir se ele seguirá detido ou se vai responder em liberdade.
O advogado do empresário, Carlos Bobadilla, afirmou à imprensa na delegacia que seu cliente passou pelo exame toxicológico, que deu negativo, e negou que ele tenha atropelado o motociclista intencionalmente.
“O que aconteceu foi uma fatalidade e ele, infelizmente, veio a colidir com a motocicleta da vítima. Infelizmente aconteceu essa fatalidade. Não teve nenhum dia de fúria. E o que importa é que ele não estava alcoolizado. O exame do bafômetro saiu zerado. Toda a narrativa que eu já cheguei a ouvir, inclusive aqui na delegacia, de que ele estava bêbado e provocou esse acidente, é inverídica porque ele estava sóbrio, voltando do trabalho”, disse o defensor.
Ameaças contra ex-sócios
Após a repercussão do caso, ex-sócios de Igor procuraram a polícia para fazer uma denúncia. Eles dizem que foram ameaçados pelo empresário, após o rompimento da sociedade, e chegaram a ser perseguidos por ele com o Porsche amarelo.
Conforme reportagem do site G1, uma das vítimas contou que, no último dia 20 de julho, quando seguia com outros familiares pela Avenida das Nações Unidas, no sentido da Avenida Interlagos, foi intimidada pelo condutor do carro de luxo.
Os alvos do empresário seriam Cleusa Silva de Souza e Erinaldo Joaquim dos Santos, que são donos do Luminus Bar e, há alguns anos, firmaram sociedade com Igor e a família dele, no Beco do Espeto.
“A gente fez uma sociedade de 2017 para 2018 e aí comigo durou até 2020. Depois começaram as ameaças, as brigas, aí eu caí fora para não dar mais confusão. E daí vêm as constantes ameaças”, contou Erinaldo, que ressaltou que uma das brigas acabou em agressão e um boletim de ocorrência foi registrado.