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Calote milionário, ameaças e auxílio emergencial: entenda polêmicas envolvendo condutor de Porsche

Igor Sauceda, que foi preso pela morte do motociclista Pedro Figueiredo, acumula problemas pessoais

Ele deve passar por audiência de custódia hoje
Empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, foi preso por atropelar e matar motociclista; ex-sócios fazem outras acusações (Reprodução/Redes sociais/TV Globo)

O empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, que cumpre prisão preventiva por atropelar e matar o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, na Zona Sul de São Paulo, acumula uma série de polêmicas e problemas pessoais. Após a repercussão do caso, ele foi acusado por ex-sócios de ameaças, perseguição e até por um calote milionário. Além disso, mesmo contando com uma renda mensal de R$ 20 mil, ele recebeu um total de R$ 5.100 de auxílio emergencial durante a pandemia de covid-19.

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A confirmação sobre o recebimento do auxílio foi dada pelo próprio empresário em depoimento à polícia. Ele explicou que recebeu os valores parcelados entre abril de 2020 e outubro de 2021. Vale lembrar que essa ajuda financeira foi dada pelo governo federal para ajudar a população mais vulnerável, durante o período de isolamento social.

O empresário, que é sócio do Beco do Espeto, no Itaim Bibi, bairro nobre da Zona Oeste de Capital, disse que a ajuda ocorreu enquanto seu comércio precisou ficar fechado. Porém, quando o isolamento acabou, o negócio retomou suas atividades e ele voltou a ter estabilidade financeira.

Apesar da renda mensal bem acima do que a maioria dos brasileiros, Igor é acusado por um ex-sócio de um calote milionário. O empresário Carmenon de Jesus Silva entrou com uma ação judicial cobrando R$ 1,4 milhão por conta de uma parceria rompida no Beco do Espeto.

Conforme o portal “Metrópoles”, Carmenon afirma que cedeu um espaço de 50 metros quadrados de seu estacionamento para que Igor e seu pai, Fernando Gomes Sauceda Júnior, fizessem a comercialização de espetos, em 2015. Como o negócio prosperou, o dono do estacionamento virou sócio dos dois, cedendo mais espaço para a instalação do estabelecimento.

Mensalmente o empresário disse que recebia repasses dos Sauceda, sendo que o Beco do Espeto foi fechado por conta da pandemia. Quando a reabertura foi liberada, em fevereiro de 2021, o dinheiro voltou a ser depositado em sua conta, porém, em um valor bem menor do que o combinado.

Carmenon alega que percebeu que o comércio estava cada vez mais lotado e que os Sauceda enriqueciam rapidamente, passando até a circular com Porsches. Além do carro de luxo que Igor atropelou o motociclista, que é amarelo, o pai dele tem um igual, mas na cor vermelha.

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Dessa forma, o sócio desconfiou que os Sauceda tinham incluído outros parentes em “sociedade paralela” e decidiu sair fora do negócio. Assim sendo, ele diz que ficou 15 meses sem receber os devidos repasses de dinheiro e cobra os R$ 1,4 milhão na Justiça. O caso segue em tramitação, ainda sem uma decisão definitiva.

A defesa dos Sauceda não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Ameaças contra ex-sócios

Os problemas envolvendo Igor não param por aí. Uma semana antes de matar o motociclista atropelado, ele teria usado o Porsche para perseguir e ameaçar parentes de ex-sócios, em São Paulo.

Conforme reportagem do site G1, uma das vítimas contou que, no último dia 20 de julho, quando seguia com outros familiares pela Avenida das Nações Unidas, no sentido da Avenida Interlagos, foi intimidada pelo condutor do carro de luxo.

“Nós tá [sic] fazendo o caminho de casa e eles provocando a gente, freando pra gente bater”, disse uma jovem que estava no carro ao gravar um vídeo mostrando a perseguição. “Voltou pro nosso caminho para nos provocar. Já não é mais caminho da casa deles... lá na frente, a Porsche. Passando no nosso lado, sendo que a casa deles é em outro local”, detalhou ela.

Os alvos do empresário seriam Cleusa Silva de Souza e Erinaldo Joaquim dos Santos, que são donos do Luminus Bar e, há alguns anos, firmaram sociedade com Igor e a família dele, no Beco do Espeto.

“A gente fez uma sociedade de 2017 para 2018 e aí comigo durou até 2020. Depois começaram as ameaças, as brigas, aí eu caí fora para não dar mais confusão. E daí vêm as constantes ameaças”, contou Erinaldo, que ressaltou que uma das brigas acabou em agressão.

Após a repercussão sobre a morte do motociclista, a família procurou uma delegacia para denunciar Igor e pedir que as ameaças contra eles sejam investigadas. Um boletim de ocorrência já tinha registrado anteriormente por agressão.

Caso teria ocorrido após fim de sociedade
Ex-sócios de Igor Sauceda, preso por matar motociclista atropelado, procuraram a polícia para denunciá-lo por perseguição e ameaças (Reprodução/TV Globo)

Prisão mantida após atropelamento

A Justiça converteu em preventiva a prisão de Igor por conta do atropelamento e morte do motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, na Avenida Interlagos, na madrugada da última segunda-feira (29). Na decisão, a juíza Vivian Brenner de Oliveira destacou que as imagens mostram que o condutor usou o carro de luxo “como verdadeira arma”.

A audiência de custódia foi realizada na tarde de terça-feira (30) no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Na ocasião, a juíza ressaltou que, apesar do fato de Igor não estar alcoolizado no momento do acidente, ele cometeu o ato grave de perseguir e atropelar a vítima.

“Pelas imagens é possível verificar que o réu perseguiu a vítima e que a perseguição apenas acabou quando ele atingiu a vítima. O fato de o indiciado não estar alcoolizado não é suficiente para afastar a gravidade da sua conduta. Pelo contrário, não estando alcoolizado, tomou a decisão clara e consciente de perseguir um motoqueiro desconhecido após este ter danificado o seu retrovisor o que acresce reprovabilidade à sua conduta delitiva e denota o perigo gerado pelo seu estado de liberdade”, destacou a magistrada.

Assim, ainda na terça-feira, o empresário foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) II em Guarulhos.

O advogado de Igor, Carlos Bobadilla, não foi encontrado para comentar sobre a manutenção da prisão. No entanto, logo após a prisão, ele ressaltou que seu cliente passou pelo exame toxicológico, que deu negativo, e negou que ele tenha atropelado o motociclista intencionalmente.

“O que aconteceu foi uma fatalidade e ele, infelizmente, veio a colidir com a motocicleta da vítima. Infelizmente aconteceu essa fatalidade”, disse o defensor.

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