Ana Carolina Oliveira, de 40 anos, mãe da menina Isabella Nardoni, que foi morta e jogada de um prédio quando tinha 5 anos, em São Paulo, oficializou sua candidatura como vereadora nas eleições municipais de outubro. Após passar anos reclusa após a perda da filha, ela se filiou ao Podemos e busca uma vaga no Legislativo municipal.
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“Vou defender o combate à violência infantil e dar voz a crianças vítimas de todo tipo de abuso”, disse Ana Carolina, em entrevista à coluna “True Crime”, do jornal “O Globo”.
Desde o começo do ano se especulava sobre a entrada de Ana Carolina no mundo da política, mas incialmente ela negou que esse fosse o momento ideal. Após 16 anos trabalhando como bancária, ela disse que estava em busca de um “novo rumo na vida”, mas que ainda não tinha se decidido.
No entanto, ela se filiou ao Podemos em abril passado e, desde então, sua pré-candidatura era estruturada. Agora, foi oficializada em uma convenção partidária.
Formada em administração de empresas e pós-graduada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ana Carolina sempre disse que pretendia ressignificar a morte da filha de alguma forma. Nas redes sociais, ela é seguida por 1,4 milhão de pessoas, onde sempre se posiciona contra a Lei de Execução Penal, que permite benefícios como as “saidinhas” da cadeia.
“Se o criminoso foi condenado a 30 anos, ele tem de cumprir todos os 30, e não só metade para cumprir o restante em liberdade, como ocorre no Brasil”, disse a mãe de Isabella, em postagem em seu Instagram.
Morte de Isabella
Isabella Nardoni tinha cinco anos quando foi morta e jogada da janela de um apartamento que ficava no sexto andar do Edifício London, no dia 29 de março de 2008. O pai dela, Alexandre Nardoni, e a então madrasta, Anna Carolina Jatobá, foram condenados pelo crime e ainda cumprem pena atualmente.
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Inicialmente eles alegaram que foi uma queda acidental, mas a investigação apurou que a criança apresentava marcas de que tinha sido agredida e morta antes de ser arremessada.
O Ministério Público destacou durante o julgamento do casal que as provas periciais obtidas pela Polícia Civil não deixavam dúvidas sobre a autoria do assassinato. A acusação destacou que a madrasta esganou Isabella e, em seguida, o casal cortou a tela de proteção da janela e o pai jogou o corpo da criança.
Alexandre foi condenado a 30 anos, 2 meses e 20 dias de prisão, mas cumpriu no último dia 6 de abril o “lapso temporal” necessário na prisão para a progressão para o regime aberto. Assim, a defesa dele entrou com um pedido de liberdade, mas a Justiça determinou que ele passasse por um exame criminológico.
O detento atendeu e passou pela análise, quando obteve parecer favorável e deixou a Penitenciária de Tremembé, no interior paulista, no último dia 6 de maio. Desde então, ele mora com o pai, Antonio Nardoni, e presta serviços para a construtora do genitor, recebendo uma remuneração mensal de R$ 2,5 mil.
O Ministério Público de São Paulo se posicionou contrário à medida, argumentando o fato de que ainda falta muito para a conclusão da pena e também o fato do homem nunca ter admitido ter matado a filha. Mesmo assim, a liberdade foi concedida. Depois da soltura, o órgão recorreu, mas o caso ainda não foi analisado pela Justiça.
Já Anna Jatobá, sentenciada a 26 anos e oito meses pela morte da enteada, conseguiu a progressão para o regime aberto em junho de 2023. Desde então, ela leva uma vida praticamente normal, com direito a viagens de férias e eventos sociais. A mulher também consta na lista de funcionários de Antonio Nardoni.
Em março deste ano, quando Alexandre ainda estava em regime semiaberto, o casal obteve uma autorização judicial e pôde comparecer a um casamento, como padrinho, na Zona Norte de São Paulo.
Apesar de Alexandre garantir que os dois seguem firmes no casamento, eles não dividem o mesmo teto. Atualmente, ele reside na mansão do pai situada no bairro de Tucuruvi, na Zona Norte de São Paulo, onde passa os momentos de folga e finais de semana. Enquanto isso, Anna Jatobá e os dois filhos do casal moram em um apartamento no bairro de Santana.