A Justiça converteu em preventiva a prisão do empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, que atropelou e matou o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. Na decisão, a juíza Vivian Brenner de Oliveira destacou que as imagens mostram que o condutor usou o carro de luxo “como verdadeira arma”. Um levantamento feito pela TV Globo revelou que, desde 2017, o rapaz acumulou 101 multas de trânsito (veja mais detalhes abaixo).
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A audiência de custódia foi realizada na tarde de terça-feira (30) no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Na ocasião, a juíza ressaltou que, apesar do fato de Igor não estar alcoolizado no momento do acidente, ele cometeu o ato grave de perseguir e atropelar a vítima.
“Pelas imagens é possível verificar que o réu perseguiu a vítima e que a perseguição apenas acabou quando ele atingiu a vítima. O fato de o indiciado não estar alcoolizado não é suficiente para afastar a gravidade da sua conduta. Pelo contrário, não estando alcoolizado, tomou a decisão clara e consciente de perseguir um motoqueiro desconhecido após este ter danificado o seu retrovisor o que acresce reprovabilidade à sua conduta delitiva e denota o perigo gerado pelo seu estado de liberdade”, destacou a magistrada.
Assim, ainda na terça-feira, o empresário foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) II em Guarulhos.
O advogado de Igor, Carlos Bobadilla, não foi encontrado para comentar sobre a manutenção da prisão. No entanto, logo após a prisão, ele ressaltou que seu cliente passou pelo exame toxicológico, que deu negativo, e negou que ele tenha atropelado o motociclista intencionalmente.
“O que aconteceu foi uma fatalidade e ele, infelizmente, veio a colidir com a motocicleta da vítima. Infelizmente aconteceu essa fatalidade”, disse o defensor.
“Momento de fúria”
Ao ser ouvido pela polícia, Igor sustentou que o atropelamento foi acidental, mas deu versões divergentes sobre o que aconteceu. Ele afirmou que estava a 70 km/h, mas, segundo a polícia, o condutor do carro de luxo perseguiu e atingiu a vítima, em alta velocidade, em um “momento de fúria”.
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Ao ser ouvido no 11º Distrito Policial de Santo Amaro, quando a polícia ainda não tinha acesso às imagens que registraram o atropelamento, Igor disse que seguia pela faixa central da via, quando o motociclista “passou por sua lateral esquerda e quebrou seu retrovisor”. Ele disse que “não conseguiu identificar o emplacamento e demais características, pois as luzes do motociclo estavam desligadas”.
Depois disso, o empresário disse que o motociclista entrou na sua frente de forma “abrupta” e, mesmo tentando desviar, ele não conseguiu evitar o atropelamento. Até aquele momento, ele tinha passado por um exame toxicológico, que tinha dado negativo, e a polícia tratava o caso como um acidente sem a intenção de matar.
No entanto, cerca de 10 horas depois, quando a polícia já tinha visto as imagens que mostraram o Porsche perseguindo a moto em alta velocidade, Igor foi novamente ouvido, desta vez no 48º Distrito Policial, onde o caso segue sendo investigado.
Neste segundo depoimento, ele disse que o desentendimento com Pedro Kaique teve início na altura do Autódromo de Interlagos, que fica a cerca de 3 km do local do atropelamento. A investigação, então, entendeu que houve uma perseguição e o caso passou a ser tratado como homicídio doloso, com dolo eventual por motivo fútil ou torpe, e o empresário foi preso.
“Teve um momento de fúria. Razão pela qual perseguiu o motoqueiro após ter sentido que o seu veículo teve o retrovisor machucado por aquele motociclista. Então, ele acelerou, a gente vê pelas imagens, que a velocidade do Porsche era excessiva”, ressaltou o delegado Edilzo Correia.
101 multas de trânsito
Um levantamento feito pela TV Globo mostrou que Igor levou 101 multas de trânsito, somando 487 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), desde 2017. A última infração teria sido registrada em novembro do ano passado.
Atualmente, o empresário soma 30 pontos na CNH, mas o documento segue ativo e regularizado, com validade até 2033.