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Defesa de motociclista morto quer que condutor de Porsche responda por tentar matar namorada

Advogado da família de Pedro Figueiredo ressalta que Igor Sauceda também colocou jovem em risco

Ele deve passar por audiência de custódia hoje
Empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, está preso preventivamente pela morte de Pedro Figueiredo, de 21 (Reprodução/Redes sociais/TV Globo)

A defesa da família do motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, que morreu após ser atropelado empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, quer que ele também responda por tentativa de homicídio contra a namorada, Marielle Amélia de Oliveira. A jovem, que estava com ele no carro de luxo no momento em que ele perseguiu e atingiu a vítima, também ficou ferida e precisou ser socorrida.

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O advogado Roberto Guastelli afirmou, em entrevista ao portal “Metrópoles”, que Marielle não estaria viva se não fossem os airbags do Porsche. “A atitude do réu de empreender alta velocidade para perseguir o motoqueiro Pedro, vítima fatal, também tentou contra a vida da sua namorada, pois o veículo colidiu num poste e árvore existentes na lateral direita da mesma via”, afirma.

Igor, que segue preso preventivamente, foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. A Promotoria ressaltou que ele teve a intenção de matar e agiu com “brutalidade fora do comum”.

Assim, Guastelli quer que a denúncia também abranja a tentativa de homicídio contra Marielle, o que poderia aumentar a pena em caso de condenação.

“O Ministério Público deverá ser intimado para analisar a hipótese supracitada, para que, se for o caso, ele adite a denúncia para que o réu responda também por tentativa de homicídio de sua namorada, Marielle Amélia de Oliveira, já que assumiu o risco de tentar matá-la também, pois se não fossem os airbags ela não estaria viva”, ressaltou o defensor.

A defesa de Igor não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Denúncia do MP

A denúncia do MP foi protocolada junto à Justiça na quinta-feira (1º) pela promotora Renata Cristina de Oliveira Mayer.

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Ela ressaltou na acusação que Igor “deliberou matar Pedro somente porque se irritou com o fato dele ter danificado o seu carro” e lembrou que a vítima foi atingida pelas costas “em alta velocidade”, o que resultou no “recurso que dificultou a defesa”.

Não há prazo para que a Justiça analise a denúncia. Por enquanto, Igor segue cumprindo prisão preventiva no Centro de Detenção Provisória (CDP) II em Guarulhos.

Relembre o caso

O motociclista e auxiliar de transportes escolar Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, morreu após ser atropelado por Igor Sauceda na última segunda-feira (29). Marielle, que seguia com o namorado no carro de luxo, ficou ferida e foi socorrida. Imagens de câmeras de segurança registraram o Porsche perseguindo a moto em alta velocidade (assista abaixo).

Ao ser ouvido pela polícia, Igor sustentou que o atropelamento foi acidental, mas deu versões divergentes sobre o que aconteceu. Ele afirmou que estava a 70 km/h, mas, segundo a polícia, o condutor do carro de luxo perseguiu e atingiu a vítima, em alta velocidade, em um “momento de fúria”.

Inicialmente, em depoimento no 11º Distrito Policial de Santo Amaro, quando a polícia ainda não tinha acesso às imagens que registraram o atropelamento, Igor disse que seguia pela faixa central da via, quando o motociclista “passou por sua lateral esquerda e quebrou seu retrovisor”. Ele disse que “não conseguiu identificar o emplacamento e demais características, pois as luzes do motociclo estavam desligadas”.

Depois disso, o empresário disse que o motociclista entrou na sua frente de forma “abrupta” e, mesmo tentando desviar, ele não conseguiu evitar o atropelamento. Até aquele momento, ele tinha passado por um exame toxicológico, que tinha dado negativo, e a polícia tratava o caso como um acidente sem a intenção de matar.

No entanto, cerca de 10 horas depois, quando a polícia já tinha visto as imagens que mostraram o Porsche perseguindo a moto em alta velocidade, Igor foi novamente ouvido, desta vez no 48º Distrito Policial.

Neste segundo depoimento, ele disse que o desentendimento com Pedro Kaique teve início na altura do Autódromo de Interlagos, que fica a cerca de 3 km do local do atropelamento. A investigação, então, entendeu que houve uma perseguição e o caso passou a ser tratado como homicídio doloso, com dolo eventual por motivo fútil ou torpe, e o empresário foi preso.

Ele passou passou por uma audiência de custódia na terça-feira (30), quando teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Na decisão, a juíza Vivian Brenner de Oliveira destacou que as imagens mostram que o condutor usou o carro de luxo “como verdadeira arma”.

Igor é um dos sócios do bar Beco do Espeto, localizado no bairro Itaim Bibi, na Zona Oeste de São Paulo, que foi alvo de uma tentativa de incêndio. Por conta da sociedade no estabelecimento, inclusive, ele acumula uma série de problemas, entre denúncias de ameaçar, perseguir e até dar um calote milionário em ex-sócios.

Morte ocorreu após briga de trânsito
Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, morreu após ser atropelado pelo motorista de um Porsche, na Avenida Interlagos, em SP (Reprodução/Redes sociais)

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