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‘Maldição do Porsche’: acidentes envolvendo carros de luxo mataram cinco pessoas em sete meses

Dois ocorreram em SP, um em Campo Grande (MS), um em Belo Horizonte (MG) e um em Teresópolis (RJ)

Montadora pediu que motoristas sejam mais prudentes
Acidentes envolvendo veículos da marca Porsche mataram cinco pessoas nos últimos sete meses (Reprodução/Redes sociais)

Os recentes acidentes envolvendo veículos da marca Porsche levaram a montadora a divulgar uma nota pedindo que os donos dos veículos adotem um “conduta mais segura e responsável” no trânsito. Nos últimos sete meses, foram cinco ocorrências com os carros de luxo, sendo que cinco pessoas perderam a vida.

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“Investimos extensivamente em programas de treinamento de condução como forma de ampliar a segurança no uso dos automóveis. Oferecemos também um amplo portfólio de oportunidades para utilização dos veículos em ambientes seguros e controlados”, ressaltou a Porsche.

O caso mais recente envolvendo um Porsche Boxster ocorreu no último dia 1º na cidade de Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. O lavrador Adilson de Lima, de 47 anos, estava perto de um bar às margens da BR-116, em Três Córregos, quando foi até o veículo estacionado e acabou sendo atropelado. A vítima não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi acionada e um homem se apresentou no local como sendo o condutor do carro de luxo. No entanto, no 110º DP, os investigadores descobriram que o veículo pertence ao influenciador digital Renan Rocha da Silva, de 24 anos, mais conhecido nas redes sociais como “Renan do grau” ou “Carioca maluco”.

Testemunhas também contaram que o motorista que se apresentou não era o mesmo que estava na direção. Durante as investigações, os agentes descobriram um vídeo no qual o influencer apareceu calibrando os pneus do Porsche momentos antes do atropelamento (assista abaixo):

Renan tinha um mandado de prisão em aberto por crimes relacionados ao trânsito, como dirigir sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Segundo o “Fantástico”, da TV Globo, ele chegou a ser preso há dois anos, mas a pena foi substituída por medidas cautelares. Agora, é considerado foragido.

Porsche amarelo

No último dia 29 de julho, o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, morreu após ser atropelado empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. Ele dirigia um Porsche Cayman amarelo, ano 2018, e segundo a polícia, perseguiu e atingiu a vítima, em alta velocidade, em um “momento de fúria”.

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Inicialmente, em depoimento no 11º Distrito Policial de Santo Amaro, quando a polícia ainda não tinha acesso às imagens que registraram o atropelamento, Igor disse que seguia pela faixa central da via, quando o motociclista “passou por sua lateral esquerda e quebrou seu retrovisor”. Ele disse que “não conseguiu identificar o emplacamento e demais características, pois as luzes do motociclo estavam desligadas”.

Depois disso, o empresário disse que o motociclista entrou na sua frente de forma “abrupta” e, mesmo tentando desviar, ele não conseguiu evitar o atropelamento. Até aquele momento, ele tinha passado por um exame toxicológico, que tinha dado negativo, e a polícia tratava o caso como um acidente sem a intenção de matar.

No entanto, cerca de 10 horas depois, quando a polícia já tinha visto as imagens que mostraram o Porsche perseguindo a moto em alta velocidade, Igor foi novamente ouvido, desta vez no 48º Distrito Policial.

Neste segundo depoimento, ele disse que o desentendimento com Pedro Kaique teve início na altura do Autódromo de Interlagos, que fica a cerca de 3 km do local do atropelamento. A investigação, então, entendeu que houve uma perseguição e o caso passou a ser tratado como homicídio doloso, com dolo eventual por motivo fútil ou torpe.

Igor, que segue preso preventivamente, foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. A Promotoria ressaltou que ele teve a intenção de matar e agiu com “brutalidade fora do comum”.

Motociclista morreu após ser atropelado
Motorista de Porsche teria perseguido e atropelado motociclista após briga de trânsito, na Avenida Interlagos, na Zona Sul de SP (Reprodução/TV Globo)

Porsche azul

O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, motorista do Porsche azul envolvido no acidente de trânsito que levou à morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, segue preso. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado e permanece na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, enquanto é julgado pelo caso.

O acidente ocorreu no último dia 31 de março na Avenida Salim Farah Maluf, na Zona Leste de São Paulo. O empresário seguia a mais de 156 km/h e atingiu o Renault Sandero conduzido por Ornaldo, que não resistiu. O amigo dele, o estudante de medicina Marcus Vinicius Machado Rocha, ficou gravemente ferido.

Fernando deixou o local do acidente e não passou pelo teste do bafômetro. Em um vídeo, ele apareceu falando com voz pastosa logo após a batida, mas sua defesa continua reafirmando que ele não estava embriagado.

O Ministério Público, por sua vez, o acusa de dirigir bêbado e em alta velocidade, assumindo o risco de matar e ferir pessoas. Para a promotora Monique Ratton, os relatos das testemunhas confirmam o que já era de conhecimento devido a investigação policial. No entanto, a defesa do empresário espera que o caso seja tratado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Empresário é procurado pela polícia
Motorista de Porsche fugiu após bater e matar condutor de Renault Sandero, na Zona Leste de SP (Reprodução/Redes sociais)

Entregador atropelado em Campo Grande

No último dia 22 de março deste ano, o entregador por aplicativo Hudson de Oliveira Ferreira, de 39 anos, morreu após ter sua motocicleta atingida por um Porsche Cayenne, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

A vítima chegou a ser levada para a Santa Casa de Campo Grande, mas morreu após dois dias internada. Já o condutor do carro de luxo fugiu antes da chegada da polícia.

O motorista do Porsche se apresentou à polícia 11 dias depois do atropelamento e e afirmou, em depoimento, que só teve conhecimento do acidente no dia seguinte aos fatos. Ele ressaltou que tinha saído do local de trabalho e estava indo buscar a esposa, que estava grávida e passava mal.

O homem confirmou que encostou na motocicleta, mas não percebeu que tinha atropelado a vítima Após o depoimento, o condutor do carro de luxo foi liberado e o caso segue em investigação.

Porsche bate em árvore

No dia 11 de dezembro do ano passado, o motorista de um Porsche 911 Carrera perdeu o controle e bateu contra uma árvore na Avenida Barão Homem de Melo, no bairro Estoril, em Belo Horizonte, em Minas Geras.

Rodrigo Rodrigues Andrade Chiatti, de 32 anos, que estava dirigindo o carro de luxo escapou com vida. Já Cayke Pelegrino Tavares, também de 32, que estava no banco do carona, não resistiu aos ferimentos e morreu.

De acordo com a polícia, Rodrigo apresentava fala desconexa, andar cambaleante, hálito etílico e olhos avermelhados, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro. Além disso, ele estava com a CNH cassada.

Na época, o comdutor do carro de luxo foi preso em flagrante e indiciado por homicídio culposo. Ele foi encaminhado para o Centro de Remanejamento (Ceresp) Gameleira, em Belo Horizonte, e segue à disposição da Justiça.

Recentemente, Rodrigo virou réu morte do amigo, sendo que vai responder por homicídio qualificado. Segundo as investigações, o veículo estava a 200 km/h, sendo que a velocidade máxima permitida na via é de 60 km/h.

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