O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encerrou ontem sua visita oficial ao Chile com a assinatura de um Convênio de Cooperação Espacial e outras reuniões, embora tenha evitado abordar, juntamente com o presidente do Chile Gabriel Boric, a situação na Venezuela durante o dia.
Em sua última atividade em Santiago, foi assinado o acordo que permitirá a realização de atividades e a construção do futuro Centro Espacial Nacional. No local, o presidente do Chile confirmou que, a pedido de Lula, participará da cúpula contra o extremismo organizada pelo presidente brasileiro, em setembro, e da Assembleia Geral da ONU.
Lula saiu do país ontem sem entregar uma declaração conjunta com o presidente Boric sobre a situação na Venezuela, que embora não fosse um assunto central da visita, teria sido discutida em La Moneda. “O cara (Maduro) nem sequer assumiu o poder e você quer que eu fale”, foi a breve resposta do presidente brasileiro a uma pergunta da imprensa chilena.
A presença de Lula no Chile dava margem para discutir as eleições na Venezuela, especialmente devido à proximidade do atual governo brasileiro com Maduro e à postura crítica de Boric, que contrasta com a evidente amizade entre os dois presidentes.
Uma oportunidade teria sido desperdiçada, indica o deputado Diego Schalper (RN), que disse: “Se me é permitido desafiar o presidente do Brasil a exercer a liderança que ele deve ter hoje, não exagero ao dizer que o destino dos venezuelanos pode depender do que Lula, o presidente do México e o da Colômbia façam, nessa ordem”.
Do oficialismo, o deputado Vlado Mirosevic (PL) afirmou que "há responsabilidade e esperança de que Lula da Silva contribua para negociar uma saída pacífica para a democracia na Venezuela".
Ao mesmo tempo, a oposição manifestou o papel que o presidente Boric deveria desempenhar na questão. O deputado Henry Leal (UDI) adiantou que submeterão a votação da Câmara um projeto de resolução que pede ao Boric “que reconheça o mais breve possível Edmundo González como presidente legítimo da Venezuela e apoie o que o secretário-geral da OEA fez ao solicitar à Corte Penal Internacional uma ordem de captura internacional contra Nicolás Maduro por genocídio”.
Boric teve ontem um novo confronto via X com autoridades venezuelanas. Depois de condenar, na segunda-feira, as ações legais que o regime está seguindo contra González e Machado, o chanceler venezuelano, Yván Gil, respondeu que "quem chamar a um golpe de Estado, à la Pinochet, será investigado e julgado em nosso país. Se você se rendeu e se entregou a essa prática, é seu problema, não nos envolva em suas falhas ideológicas".
Na jornada de ontem, o chanceler, Alberto van Klaveren, participou da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Após a reunião, ele comentou que a política em relação à Venezuela não mudou e que "não reconhecemos a vitória de Maduro e não estamos disponíveis para validar nenhum resultado que não seja certificado por organismos independentes, autônomos e preferencialmente internacionais". Ele também indicou que na Venezuela há um "regime ditatorial", que houve uma "alta probabilidade de fraude" e que "poucos países proclamaram a vitória de Edmundo González".
Também participou da instância o embaixador expulso em Caracas, Jaime Gazmuri, que declarou que "Maduro não pode se declarar vencedor" e enumerou as conhecidas irregularidades na contagem e informação dos votos.
Reuniões com o ex-presidente Lagos e Hassler
Durante o seu segundo e último dia de visita em Santiago, o presidente Lula teve um encontro com o ex-presidente Ricardo Lagos, que está afastado da atualidade nos últimos dias.
Não se sabe quais temas os dois políticos discutiram, mas nas redes sociais eles compartilharam os presentes que trocaram.
Outra reunião do Mandatário causou mais polêmica, desta vez com a prefeita de Santiago, Irací Hassler (PC), que está concorrendo à reeleição.
Para o Chile Vamos, a reunião foi apenas um ato de campanha. “Ele está usando uma visita de Estado para fins eleitorais”, disse a deputada Camila Flores (RN).