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‘Pressentimento de pai’ livrou médica de embarcar em avião que caiu matando 62 pessoas: “Livramento”

Juliana Chiumento contou que mudou data de passagem após receber mensagem do genitor

Ela disse que teve um 'livramento de Deus'
Médica Juliana Chiumento mudou data de passagem a pedido do pai e escapou de acidente aéreo com 62 mortos, no interior de SP (Reprodução/Instagram/X)

A médica Juliana Chiumento escapou de embarcar no avião da Voepass, que caiu matando 62 pessoas, em Vinhedo, no interior de São Paulo, graças a um “pressentimento de pai”. Ela contou que estava com passagem comprada para voar na última sexta-feira (9), data do acidente aéreo, mas mudou para o dia seguinte após receber uma mensagem do genitor.

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“Foi Deus que me deu esse livramento. De última hora meu pai me mandou mensagem, eu estava no guichê já, pra poder pegar passagem e embarcar. [...] Foi Deus que falou pro meu pai me mandar mensagem, para eu não ir na sexta e sim no sábado de manhã”, contou a médica, em entrevista à RPC.

Juliana conta que mora no Rio de Janeiro, mas faz uma especialização em Cascavel, no Paraná. Assim, pega essa rota com frequência, mas naquela data seu pai, Altermir Chiumento, mandou uma mensagem pedindo que a filha mudasse a data do voo.

“Então filha, se você conseguir ir para sábado, vai sábado de manhã. Melhor, vai mais sossegada, tranquila, de boa. Chegue tardezinha lá, descansa, vê aí, que se você conseguir marcar pra sábado [10], você marca”, disse o pai na mensagem.

Assim, Juliana seguiu o conselho do pai e alterou a passagem. Ela contou que, instantes após o acidente aéreo, passou a receber inúmeras ligações e mensagens de amigos que pensavam que ela estava naquele voo.

Altermir também falou com a RPC sobre o que o fez pedir que a filha não embarcasse naquele avião. “Pressentimento de pai. Eu disse ‘filha, fica mais uma com o pai aqui’ e ela disse que ia tentar remarcar para sábado. [...] estou todo dia orando pelos meus filhos. [...] muito motivos para agradecer”, disse ele.

62 pessoas morreram no acidente aéreo
Médica Juliana Chiumento e seu pai, Altermir, que a salvou de voar em avião que caiu, em Vinhedo (Reprodução/RPC)

Acidente aéreo

O avião bimotor, modelo ATR-72, saiu de Cascavel, no Paraná, às 11h50 da última sexta-feira (9), com destino a Guarulhos, na Grande São Paulo, onde pousaria às 13h45. A capacidade é de 68 passageiros, mas 62 pessoas estavam a bordo, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes.

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Porém, o avião caiu no quintal de uma residência, que fica em um condomínio residencial de Vinhedo, mas nenhuma vítima foi registrada em solo.

Moradores conseguiram registrar o exato momento em que a aeronave rodava no ar e caiu. Na sequência, o avião pegou fogo e nenhum do ocupantes sobreviveu (assista abaixo):

A Polícia Civil, a Polícia Federal e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) investigam as causas do acidente. As caixas pretas da aeronave foram retiradas e encaminhadas para análise em Brasília.

Problemas na aeronave

O avião tinha registrado problemas que o deixaram quatro meses sem operar. Segundo revelado pelo “Fantástico”, da TV Globo, desde março, a aeronave vinha enfrentando uma série de paradas para manutenção após falha no sistema hidráulico, no ar-condicionado e contato anormal com a pista.

Após um cruzamento de dados registrados em órgãos de aviação, a reportagem descobriu que o avião turboélice modelo ATR-72-500 registrou o primeiro problema técnico no dia 11 de março deste ano. Na ocasião, após um voo de Recife (PE) para Salvador (BA), um relatório oficial descreveu falhas no sistema hidráulico durante o voo.

Além disso, durante o pouso, houve um “contato anormal” com a pista. Conforme o “Fantástico”, a cauda da aeronave se chocou com o solo, o que causou um “dano estrutural”. Depois disso, o avião ficou parado na capital baiana até o dia 28 de março, quando foi levado para uma oficina da Voepass em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Após passar pelos reparos, o avião voltaria a fazer voos comerciais no dia 9 de julho, quando fez a rota de Ribeirão Preto para Guarulhos, na Grande São Paulo, mas sem passageiros. Neste voo, houve uma despressurização e a aeronave precisou retornar para a oficina, onde ficou sem operar por mais quatro dias.

O avião só voltou a operar normalmente no último dia 13 de julho e seguia em funcionamento, até a queda registrada em Vinhedo. Um dia antes do acidente aéreo, a jornalista Daniela Arbex pegou o avião e fez um relato de que o ar-condicionado não estava funcionando. Ela gravou um vídeo mostrando que passageiros passavam mal e que um deles teve até que tirar a camisa por causa do forte calor.

“Eu fiquei muito angustiada diante daquela situação, porque eu pensei assim, se eles não são capazes de fazer uma manutenção adequada num simples ar-condicionado, será que esse voo é seguro?”, contou a jornalista.

A companhia aérea Voepass Linhas Aéreas, a antiga Passaredo, disse ao “Fantástico” que informações relacionadas à investigação serão restritas à Aeronáutica e outras autoridades. A empresa não deu detalhes sobre as falhas registradas antes da queda.

Sobre o dispositivo antigelo e o ar condicionado, a companhia afirmou que o ATR estava “aeronavegável”, com todos os sistemas requeridos em funcionamento, cumprindo requisitos e exigências das autoridades.

A Voepass ressaltou que cumpre e respeita as legislações trabalhistas, e que o esforço principal da companhia, neste momento de dor, está em apoiar e dar assistência às famílias dos passageiros e tripulantes que estavam a bordo.

Acidente ocorreu em condomínio residencial, mas ninguém se feriu no solo
Avião com 62 pessoas a bordo caiu em Vinhedo, no interior de SP; ninguém sobreviveu (Reprodução/Redes sociais)

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