Familiares e amigos se despedem da fisiculturista Daniela Schulz Fodra, de 30 anos, e do seu marido, o policial rodoviário federal Hiales Carpine Fodra, de 34, vítimas do acidente aéreo que matou 62 pessoas no interior de São Paulo. Uma cerimônia foi realizada na segunda-feira (12) em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, e prossegue nesta terça-feira (13) em Moreira Sales, no Paraná. Unindo os caixões dos dois, está uma fita branca com as alianças de casamento.
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Primeiro os familiares se despediram na cidade gaúcha em que Daniela nasceu. Depois, os corpos seguiram para a cidade paranaense, onde serão realizados os sepultamentos. O casal morava em Ubiratã (PR) e, quando embarcou no voo da Voepass, seguia para Ohio, nos Estados Unidos, para que ela participasse de uma competição de fisiculturismo.
Momento antes de entrar no avião, em Cascavel (PR), Daniela postou um vídeo nas redes sociais falando sobre a viagem e que eles fariam escala de voo em Guarulhos, na Grande São Paulo (assista abaixo):
Conforme publicado pelo jornal “O Globo”, Daniela e Hiales estavam entre os primeiros passageiros a terem seus corpos localizados e depois identificados no Instituto Médico Legal (IML). Irmão do policial, Rugles Fodra contou que a identificação dos corpos pode ter sido facilitada por conta das tatuagens e das próteses de silicone da fisiculturista.
“A polícia científica falou para mim que esses detalhes são cruciais para facilitar a identificação porque não é todo mundo que tem uma prótese do lado do ombro esquerdo, não é todo mundo que tem tatuagens com frases e características em locais específicos. A gente inclusive tinha número de série das próteses, tanto a dele quanto a dela de silicone”, relatou o irmão.
Outro fator que facilitou a identificação dos corpos do casal foi a posição dos assentos que eles ocupavam no voo. Os dois estavam sentados nas poltronas 1A e 1B, e tiveram os corpos preservados visto que a explosão não atingiu a parte da frente da aeronave. Segundo laudo do IML, eles sofreram politraumatismo e ficaram com hematomas espalhados pelo corpo, mas não sofreram queimaduras.
Causas das mortes e identificação
O IML concluiu que todas as vítimas do acidente aéreo morreram de politraumatismo. “Hoje, nós temos a convicção de que todos morreram de politraumatismo. É uma certeza científica, a aeronave despencou de uma altura de 4 mil metros e, ao atingir o solo, o choque foi muito grande e todos eles sofreram politraumatismo”, afirmou o diretor do IML, Vladmir Alves dos Reis, ao site G1.
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Conforme o diretor, as mortes ocorreram antes da aeronave pegar fogo. “As queimaduras que terminaram com a carbonização de alguns corpos foram secundárias ao politraumatismo”, explicou.
Até agora, 27 pessoas já tiveram suas identidades confirmadas, sendo que as declarações de óbitos de 15 já foram entregues a seus parentes, incluindo Daniela e Hiales. Em alguns casos, o IML ainda aguarda documentações das vítimas para prosseguir com o processo de reconhecimento.
A conclusão dos trabalhos de identificação dos corpos ainda não têm prazo para terminar e, enquanto isso, familiares dos mortos foram acolhidos em um hotel na capital paulista.
O acidente aéreo
O avião bimotor, modelo ATR-72, saiu de Cascavel, no Paraná, às 11h50 da última sexta-feira (9), com destino a Guarulhos, na Grande São Paulo, onde pousaria às 13h45. A capacidade é de 68 passageiros, mas 62 pessoas estavam a bordo, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes.
Porém, o avião caiu no quintal de uma residência, que fica em um condomínio residencial de Valinhos, mas nenhuma vítima foi registrada em solo.
Moradores conseguiram registrar o exato momento em que a aeronave rodava no ar e caiu. Na sequência, o avião pegou fogo e nenhum do ocupantes sobreviveu (assista abaixo):
A Polícia Civil, a Polícia Federal e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) investigam as causas do acidente. As caixas pretas da aeronave foram retiradas e encaminhadas para análise em Brasília.
Ex-funcionários da Voepass criticaram as manutenções das aeronaves, sendo que até um palito foi usado em uma ocasião para reparar um botão que aciona o sistema antigelo. Além disso, falaram sobre “danos estruturais” sofridos pela aeronave que caiu, que a fizeram passar quatro meses sem operar neste ano.
A companhia aérea Voepass Linhas Aéreas, a antiga Passaredo, diz que informações relacionadas à investigação serão restritas à Aeronáutica e outras autoridades. A empresa não deu detalhes sobre as falhas registradas antes da queda.
A empresa ressaltou que o esforço principal da companhia, neste momento de dor, está em apoiar e dar assistência às famílias dos passageiros e tripulantes que estavam a bordo.