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Apesar de parecer favorável em exame criminológico, MP quer impedir que Cristian Cravinhos deixe cadeia

Promotoria é contra a progressão para regime aberto, citando faltas disciplinares e delito cometido por detento enquanto estava fora em liberdade

O Ministério Público de São Paulo tenta impedir que Cristian Cravinhos, condenado a 38 anos de prisão pelo assassinato do casal von Richthofen, obtenha a progressão de pena para o regime aberto. Após uma determinação da Justiça, ele passou por um exame criminológico, no qual obteve um parecer favorável à soltura. Porém, o promotor Alexandre Mafetano, da 12ª Promotoria de Justiça de Taubaté, no interior de São Paulo, entrou com um recurso citando faltas disciplinares e delito cometido pelo detento enquanto esteve em liberdade.

O exame criminológico foi determinado pela Justiça no fim de junho passado, sendo que os resultados da avalição, que contou com psicólogo, psiquiatra e assistente social, foram protocolados no último dia 5 de agosto.

O relatório psicológico cita que Cristian “manifestou arrependimento, demostrou empatia com sofrimento familiar provocado por seus atos”. Além disso, o parecer social destacou que, caso obtenha a liberdade, o detento tem planos futuros, como trabalhar como designer e preparador de motos de corrida. Além disso, ele afirma que vai morar com a mãe e que quer cuidar da filha.

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Na avaliação geral, os profissionais concluíram que o condenado possui “ótima avaliação laboral e bom comportamento carcerário”, sendo que todos deram aval à progressão de pena.

No entanto, o promotor Alexandre Mafetano entrou com um recurso, alegando que Cristian cometeu “três faltas disciplinares”, o que teria deixado “dúvidas sobre a sua aptidão para experimentar regime mais brando, bem como sobre a sua consciência social e moral”.

Além disso, o promotor lembrou no recurso que o detento é autor de crimes graves, como homicídio qualificado e corrupção ativa, e que, quando progrediu ao regime aberto pela primeira vez, cometeu um novo delito, retornando à prisão. Esse crime em questão foi o envolvimento em uma briga e a tentativa de suborno de policiais.

Por fim, Mafetano pediu que Cristian seja submetido ao teste de Rorschach, popularmente conhecido como o teste do ‘borrão de tinta’, antes que a Justiça decida sobre a progressão de pena, o que ainda não tem um prazo definido.

Por enquanto, o detento segue cumprindo o semiaberto na P2 de Tremembé, no interior de São Paulo. A defesa dele não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Pedido de regime aberto

A defesa de Cristian entrou com o pedido de progressão de pena para o regime aberto no último dia 14 de maio, alegando que o preso tem bom comportamento, trabalha na cadeia e sempre voltou das saidinhas temporárias que recebeu, além de já ter cumprido metade de sua pena total.

“O reeducando já cumpriu o tempo suficiente de sua reprimenda em regime semiaberto, o qual, com grande perspicácia lhe serviu como instrumento de reparação de seu caráter, de sua moral, corrigindo sua personalidade e, consequentemente, afastando o desejo de delinquir, e a progressão ao regime mais brando é que se impõe”, alegou a advogada Maieli Luana Rodrigues em seu pedido.

Porém, o MP afirma que o atestado de boa conduta carcerária não se mostra o suficiente para comprovar que o sentenciado possa progredir de regime e voltar a conviver em sociedade. Assim, no dia 15 de maio, protocolou o pedido para que ele passasse pelo exame criminológico, o que foi acatado pela Justiça.

Porém, ele obteve o parecer favorável à progressão de pena e o MP voltou a recorrer.

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Regressão de pena

Cristian chegou a deixar a prisão em 2017 para cumprir o regime aberto, mas se envolveu em uma briga com a então namorada, que o acusou de agressão. Apesar de ela não ter registrado queixa, quando a polícia chegou ele estava fora de sua cidade domicílio e em um bar, descumprindo as regras.

Assim, Cristian foi detido tentou subornar os policiais, oferecendo R$ 1 mil em espécie, o que gerou um flagrante e o retorno ao regime fechado. O detento ainda foi flagrado com dinheiro e munição de 9 mm, que é de uso restrito das forças policiais.

Desde então, ele segue em Tremembé e agora tenta obter a liberdade.

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Morte do casal von Richthofen

Segundo a Justiça, Suzane Richthofen, que agora mudou de nome, planejou a morte dos próprios pais e teve a ajuda do então namorado, Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Cristian, para a execução do plano. O crime ocorreu no dia 31 de outubro de 2022.

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Logo depois do início das investigações, Suzane foi presa. Em 2006, ela foi julgada e condenada a 39 anos e seis meses de prisão em regime fechado. No entanto, entrou com vários pedidos de revisão e conseguiu reduzir o tempo para 34 anos e 4 meses de prisão. A previsão é que ela, que está em regime aberto desde o início deste ano, cumpra a sentença no dia 25 de fevereiro de 2038.

Depois que saiu da prisão, Suzane passou a morar em Angatuba, também no interior de São Paulo. Além de cursar biomedicina em uma faculdade particular, ela também prestou o concurso público da Câmara Municipal de Avaré, visando uma vaga como telefonista.

Além disso, abriu um cadastro de Microempreendedor Individual (MEI) no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Angatuba para seu ateliê de costura. Agora, vive com o marido, o Médico Felipe Zecchini Muniz, em um condomínio em Bragança Paulista e se tornou mãe.

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Ela deu à luz o primeiro filho no último dia 26 de janeiro, em um hospital de Atibaia, também no interior paulista, onde o médico trabalha. Para evitar o assedio, foi montada uma verdadeira “operação de guerra” na unidade de saúde, com ameaça de demissão aos funcionários que vazassem a informação sobre o parto. No início deste ano, ela voltou a cursar Direito.

Atualmente, Daniel Cravinhos cumpre pena no regime aberto. Ele vive com a maquiadora Andressa Rodrigues, que está grávida. Em uma carta aberta, o ex-detento pediu perdão à Andreas Richthofen, irmão de Suzane, e afirmou que a “culpa continua a perturbar”. Ele ressaltou que quer se reaproximar do ex-cunhado, que vive isolado.

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