A força-tarefa montada no Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo identificou todas as 62 vítimas do acidente aéreo ocorrido em Vinhedo, no interior paulista. Até agora, 42 corpos já foram liberados para as famílias. Além disso, os restos mortais de uma cadela de pequeno porte, que pertencia a uma família de venezuelanos, também foram repassados aos parentes.
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De acordo com o IML, a maioria das vítimas era de Cascavel, no Paraná, mas também havia moradores de outros sete estados brasileiros. A cachorra Luna, que viajava com a família venezuelana, também foi retirada dos destroços e seus restos mortais disponibilizados aos familiares.
A Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) ressaltou que todos os familiares dos mortos já foram avisados sobre as identificações, sendo que 20 dos corpos aguardam a finalização de documentos para que sejam liberados para as cerimônias de despedida.
De acordo com o IML, a maioria das vítimas foi identificada por meio de coleta de digitais e reconhecimento por DNA. Mas também foram usadas radiografias, exames odontológicos de arcadas dentárias, tatuagens, entre outros pontos.
“Toda identificação foi possível por análises de papilas datiloscópicas comparando com documentos pessoais fornecidos pelas famílias e de arcadas dentárias”, o chefe da SPTC, Claudinei Salomão, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (15).
O diretor do IML, Vladmir Alves dos Reis, já tinha informado que todas as vítimas morreram de politraumatismo. Algumas delas tiveram os corpos carbonizados na sequência, já que houve uma explosão e a aeronave ficou em chamas.
“Hoje, nós temos a convicção de que todos morreram de politraumatismo. É uma certeza científica, a aeronave despencou de uma altura de 4 mil metros e, ao atingir o solo, o choque foi muito grande e todos eles sofreram politraumatismo”, destacou Reis.
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Como andam as investigações do acidente aéreo?
Peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) fazem as análises da caixa-preta do avião, sendo que o relatório preliminar deve ser concluído em até 30 dias. Já o Instituto Nacional de Criminalísticas (INC) deve apresentar um laudo sobre o local da queda do avião, feito com base em escaneamento 3D, em até 90 dias.
Depois disso, em até um ano, os peritos do INC devem incluir na análise quais eram as condições da aeronave no momento da queda, quais os “fatores humanos” envolvidos, a cronologia do acidente e dados meteorológicos.
Enquanto isso, a Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar a possível responsabilidade criminal pelo acidente e aguarda o relatório do Cenipa e INC. Conforme fontes da corporações ouvidas pelo site “Metrópoles”, não estão descartadas as hipóteses de crime culposo, por negligência ou imprudência, e até crime doloso com dolo eventual, quando se assume o risco de cometê-lo, mesmo que não tenha tido a intenção.
A PF analisa se a aeronave ATR-72 da VoePass, prefixo PS-VPB, estava com manutenção em dia e se todos os equipamentos necessários para o voo funcionavam corretamente. Ex-funcionários da companhia aérea já criticaram as manutenções das aeronaves, sendo que até um palito foi usado em uma ocasião para reparar um botão que aciona o sistema antigelo. Além disso, falaram sobre “danos estruturais” sofridos pela aeronave que caiu, que a fizeram passar quatro meses sem operar neste ano.
Já a Polícia Civil de São Paulo instaurou uma investigação, que vai seguir em sigilo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a Delegacia de Vinhedo também apura as eventuais responsabilidades sobre o acidente aéreo.
O Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP) explicou que não houve uma decisão decretando o sigilo e que isso ocorre porque, como a fase atual é de investigação e não de processo judicial, o andamento fica resguardado para garantir direito ao contraditório, caso os investigadores encontrem algum indício de irresponsabilidade.
O acidente aéreo
O avião bimotor, modelo ATR-72, saiu de Cascavel, no Paraná, às 11h50 da última sexta-feira (9), com destino a Guarulhos, na Grande São Paulo, onde pousaria às 13h45. A capacidade é de 68 passageiros, mas 62 pessoas estavam a bordo, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes.
Porém, o avião caiu no quintal de uma residência, que fica em um condomínio residencial de Valinhos, mas nenhuma vítima foi registrada em solo.
Moradores conseguiram registrar o exato momento em que a aeronave rodava no ar e caiu. Na sequência, o avião pegou fogo e nenhum do ocupantes sobreviveu (assista abaixo):
Na terça-feira (13), o comandante José Luiz Felício Filho, presidente da companhia aérea Voepass, falou pela primeira vez após o acidente. Em um vídeo, ele prestou solidariedade às famílias das vítimas e ressaltou que os cuidados com as vidas dos passageiros e tripulantes “sempre foi e continuará sendo prioridade número um”. Além disso, reforçou que a empresa segue “as melhores práticas internacionais” de segurança.