O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) segue investigando o acidente aéreo ocorrido em Vinhedo, no interior de São Paulo, que matou 62 duas pessoas e uma cachorrinha. O órgão fez uma atualização no documento sobre a apuração e incluiu a informação de que a “tripulação perdeu o controle”. Inicialmente, a publicação dizia apenas que “a aeronave perdeu altura subitamente e colidiu contra o solo”.
De acordo com o site “Metrópoles”, o documento foi atualizado na tarde de quinta-feira (15) com a seguinte informação: “durante o voo em rota, a tripulação perdeu o controle da aeronave”.
Peritos do Cenipa, órgão da Força Aérea Brasileira, estiveram no local da queda do avião e passaram a analisar o conteúdo da caixa-preta da aeronave. O documento em questão é chamado de “ação inicial”, sendo que o relatório preliminar sobre as causas do acidente deve ficar pronto em 30 dias.
Já o Instituto Nacional de Criminalísticas (INC) deve apresentar um laudo sobre o local da queda do avião, feito com base em escaneamento 3D, em até 90 dias. Depois disso, em até um ano, os peritos do órgão devem incluir na análise quais eram as condições da aeronave no momento da queda, quais os “fatores humanos” envolvidos, a cronologia do acidente e dados meteorológicos.
Outras investigações
Enquanto isso, a Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar a possível responsabilidade criminal pelo acidente e aguarda o relatório do Cenipa e INC. Conforme fontes da corporações ouvidas pelo site “Metrópoles”, não estão descartadas as hipóteses de crime culposo, por negligência ou imprudência, e até crime doloso com dolo eventual, quando se assume o risco de cometê-lo, mesmo que não tenha tido a intenção.
A PF analisa se a aeronave ATR-72 da VoePass, prefixo PS-VPB, estava com manutenção em dia e se todos os equipamentos necessários para o voo funcionavam corretamente. Ex-funcionários da companhia aérea já criticaram as manutenções das aeronaves, sendo que até um palito foi usado em uma ocasião para reparar um botão que aciona o sistema antigelo. Além disso, falaram sobre “danos estruturais” sofridos pela aeronave que caiu, que a fizeram passar quatro meses sem operar neste ano.
Já a Polícia Civil de São Paulo instaurou uma investigação, que vai seguir em sigilo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a Delegacia de Vinhedo também apura as eventuais responsabilidades sobre o acidente aéreo.
O Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP) explicou que não houve uma decisão decretando o sigilo e que isso ocorre porque, como a fase atual é de investigação e não de processo judicial, o andamento fica resguardado para garantir direito ao contraditório, caso os investigadores encontrem algum indício de irresponsabilidade.
O acidente aéreo
O avião bimotor, modelo ATR-72, saiu de Cascavel, no Paraná, às 11h50 do último dia 9, com destino a Guarulhos, na Grande São Paulo, onde pousaria às 13h45. A capacidade é de 68 passageiros, mas 62 pessoas estavam a bordo, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes.
Porém, o avião caiu no quintal de uma residência, que fica em um condomínio residencial de Vinhedo, mas nenhuma vítima foi registrada em solo.
Moradores conseguiram registrar o exato momento em que a aeronave rodava no ar e caiu. Na sequência, o avião pegou fogo e nenhum do ocupantes sobreviveu (assista abaixo):
Na terça-feira (13), o comandante José Luiz Felício Filho, presidente da companhia aérea Voepass, falou pela primeira vez após o acidente. Em um vídeo, ele prestou solidariedade às famílias das vítimas e ressaltou que os cuidados com as vidas dos passageiros e tripulantes “sempre foi e continuará sendo prioridade número um”. Além disso, reforçou que a empresa segue “as melhores práticas internacionais” de segurança.
Já na quinta-feira (15) a força-tarefa montada no Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo identificou todas as 62 vítimas do acidente aéreo. Os restos mortais de uma cadela de pequeno porte, que pertencia a uma família de venezuelanos, também foram repassados aos parentes.
O diretor do IML, Vladmir Alves dos Reis, já tinha informado que todas as vítimas morreram de politraumatismo. Algumas delas tiveram os corpos carbonizados na sequência, já que houve uma explosão e a aeronave ficou em chamas.


