Quatro homens acusados pelo assassinato da cantora gospel Sara Freitas, de 35 anos, que foi encontrada parcialmente carbonizada após ficar alguns dias desaparecida, em Salvador, na Bahia, vão a júri popular. O grupo responde por feminicídio cometido por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima, ocultação de cadáver e associação criminosa. Entre eles está Ederlan Santos Mariano, viúvo da vítima.
ANÚNCIO
Os outros três acusados são Weslen Pablo Correia de Jesus, conhecido como Bispo Zadoque, Gideão Duarte de Lima e Victor Gabriel Oliveira Neves. Todos tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça e seguem em unidades prisionais.
Após a repercussão sobre o envolvimento do marido no caso, a família da vítima pediu que a imprensa deixasse de chamá-la de “Sara Mariano”, já que esse nome remetia ao homem. Para a polícia, foi Ederlan quem encomendou o crime.
As defesas dos acusados não foram encontradas para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
Relembre o caso
Sara tinha sido vista pela última vez na noite do dia 24 de outubro de 2023, quando gravou um vídeo momentos antes de entrar em um carro. Depois disso, o marido disse que ela não voltou para casa e denunciou o sumiço à polícia. Apesar de também ser empresário da cantora, o homem alegou que não sabia para onde ela tinha ido.
O corpo de Sara foi encontrado parcialmente carbonizado no dia 27 de outubro de 2023, em uma área de mata às margens da BA-093, que fica na Região Metropolitana de Salvador. Na ocasião, foi o próprio marido quem fez o reconhecimento da vítima, por conta de um anel e uma sandália encontrada nas proximidades de onde ela estava.
O caso era investigado e Ederlan foi ouvido na delegacia, quando teria confessado o crime e foi preso. Porém, a defesa dele garante que ele não fez tal confissão e alega inocência.
ANÚNCIO
A investigação concluiu que Ederlan pagou R$ 2 mil pela morte da esposa, sendo que Gideão Duarte a levou até o local em que foi morta. Lá, ela foi segurada por Victor Gabriel, enquanto Bispo Zadoque a esfaqueou. Depois disso, os criminosos atearam fogo ao corpo e descartaram na mata.
Agressões e ameaças
Sara vivia com o marido no bairro de Valéria, em Salvador. Eles comandavam a “TV Shalom”, que era um canal na internet com mais de 250 mil inscritos. Por lá, eles divulgavam conteúdos evangélicos, cultos, além das músicas da cantora.
Segundo a mãe de Sara, Dolores Freitas, o relacionamento era mantido por aparências e, na vida íntima, a cantora era ameaçada e agredida pelo marido, que até a forçava a manter relações sexuais.
“As agressões eram na frente da minha neta. Uma vez Sara chegou da igreja com minha neta e disse: ‘mãe, ele veio pelado, dizendo: ‘você vai transar comigo, você está dando mais valor à igreja que ao seu marido, está acabando o casamento’. Ela disse que foi horrível, e empurrou Esmeralda [neta] para dentro do quarto, para que não visse ele nu”, contou Dolores Freitas, em entrevista ao site G1.
Segundo a mãe, Sara tinha uma quantia de dinheiro guardada e pretendia sair de casa. No entanto, ela suspeita de que Ederlan tenha descoberto o plano e por isso matou a mulher.
“Ela disse: mãe, tenho mais de R$ 20 mil guardado dentro dos meus sapatos. Ele sabe que eu tenho esse dinheiro, mas não sabe onde está. Eu tenho muita agenda [como cantora] e vou sair [de casa] lá para novembro, quando essa agenda terminar’. E a última agenda esse infeliz armou, para matar minha filha”, relatou Dolores.