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Polícia desvenda assassinato de funcionária da Apae no interior de SP; confira a cronologia do crime

Presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, segue preso pela morte de Cláudia Regina Lobo

Homem  segue preso
Polícia concluiu que Cláudia Regina da Rocha Lobo, funcionária da Apae Bauru, foi morta pelo presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho (Reprodução/Redes sociais)

A Polícia Civil conseguiu desvendar a morte de Cláudia Regina da Rocha Lobo, secretária-executiva da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Bauru, no interior de São Paulo. Inicialmente o caso foi registrado como desaparecimento, porém, os agentes descobriram que a mulher foi assassinada pelo presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, que segue preso. O motivo seria um desvio de verbas no caixa da associação (confira mais abaixo a cronologia do crime).

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Cláudia foi vista pela última vez no dia 6 de agosto, data em que a polícia afirma que ela foi assassinada com um tiro por Roberto. Ela saiu do local sem celular, sem documentos e segurando um envelope.

Um vídeo de câmera de segurança mostra o momento em que a mulher entrou em um carro da entidade e foi abordada pelo presidente. Ele assumiu o volante, enquanto ela foi para o banco do passageiro. O veículo ficou parado por cerca de três minutos, quando ela foi baleada.

Veja abaixo as imagens divulgadas pelo site UOL:

Conforme a polícia, após matar Cláudia, Roberto chamou Dilomar Batista, que é funcionário do almoxarifado da Apae, e o ameaçou para que o ajudasse a descartar o corpo. O homem confessou que ajudou a queimar o corpo da vítima em uma área normalmente usada pela entidade para descartes e que, quatro dias depois, retornou para espalhar as cinzas em uma mata próxima.

No último dia 7 de agosto, o carro em que Cláudia estava foi achado na Alameda Três Lagoas, no bairro Vila Dutra. Lá dentro, os policiais encontraram um estojo deflagrado de pistola calibre 380, além de manchas de sangue humano no banco traseiro e no carpete.

O sumiço da mulher seguia sendo investigado e, em seu primeiro depoimento, Roberto disse que ela havia solicitado “adiantamentos de ordem financeira”, com o argumento de que precisava ajudar um familiar preso e com dívidas. O valor pedido era de R$ 40 mil, mas que não foram entregues, já que essa seria “a quarta ou quinta vez” que pedia valores emprestados.

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Durante diligências, os policiais da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru encontraram R$ 10 mil em espécie na casa da filha da vítima. No entanto, a origem do dinheiro ainda é desconhecida.

A polícia também analisou um notebook de Cláudia, onde encontrou planilhas de contabilidade pessoal, que eram incompatíveis com a renda da secretária. Lá, constavam valores em aberto em relação a Roberto.

O presidente da Apae acabou preso, no dia 15 de agosto, quando confessou a morte de Cláudia. Porém, dias depois, em depoimento formal, o homem negou a autoria do crime. Ele segue no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pirajuí, no interior paulista.

Já Dilomar seguiu sendo investigado no caso, mas foi liberado após dar os detalhes aos investigadores. A Justiça negou o pedido de prisão dele.

As defesas dos dois envolvidos no caso não foram encontradas para comentar o assunto.

Investigação desvendou o crime
Local em que corpo de Cláudia Regina da Rocha Lobo, funcionária da Apae Bauru, foi queimado, segundo a polícia (Divulgação/Polícia Civil)

Motivação

Conforme o delegado Cledson do Nascimento, responsável pelas investigações, o presidente da Apae matou a funcionária por conta de desvios de verbas nos caixas da entidade.

“O próprio Roberto indicou que ele estava fazendo retiradas de valores da instituição e repassando para ela. Temos informações também que ela que o indicou como presidente”, disse o investigador.

Assim, após divergências, ela teria ameaçado revelar o caso e tirá-lo da função, o que teria motivado o assassinato. “Algumas informações apontam que isso poderia ter sido ‘colocado em xeque’, querendo tirá-lo da função”, explicou o delegado.

A Apae de Bauri abriu uma sindicância interna para investigar possíveis irregularidades financeiras após o Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold) instaurar um inquérito policial para investigar a instituição. A instituição ressaltou, em nota, que colabora com a polícia e que, apesar da gravidade dos acontecimentos, continua a prestar seus serviços à comunidade.

Cronologia do crime

Veja abaixo a cronologia do crime, segundo a polícia:

  • Dia 6 de agosto: Cláudia é vista entrando em um GM Spin branco da Apae, onde Roberto também entrou;
  • Dia 7 de agosto: carro é achado na Alameda Três Lagoas, no bairro Vila Dutra, em Bauru, com estojo deflagrado de pistola calibre 380, além de manchas de sangue humano;
  • Dia 8 de agosto: Roberto Fransceschetti Filho prestou depoimento pela primeira vez e falou que Cláudia tinha pedido empréstimo de R$ 40 mil, mas que não tinha atendido;
  • Dia 9 de agosto: presidente da Apae concordou em dar mais informações sobre repasses de dinheiro para Cláudia, mas afirmou não se lembrar “com precisão” sobre a quantidade de dinheiro e as datas;
  • Dia 13 de agosto: coordenadoria financeira da Apae Bauru afirmou à polícia que os adiantamentos de valores eram responsabilidade de Roberto. Notebook da vítima foi analisado, onde os agentes descobriram planilhas financeiras incompatíveis com a renda dela;
  • Dia 14 de agosto: polícia descobre as imagens de câmeras de segurança que mostraram Cláudia entrando no carro, seguida de Roberto. Eles passaram três minutos lá dentro, momento em que a corporação acredita que ela foi baleada e morta. Investigação aponta que após matar Cláudia, o presidente da Apae levou o carro até o bairro Pousada da Esperança, onde o corpo foi queimado com a ajuda de Dilomar. Nesta data, a Justiça decretou a prisão preventiva de Roberto;
  • Dia 15 de agosto: Roberto foi preso em casa, onde a polícia apreendeu uma pistola calibre 380. Laudos de confronto balístico confirmaram que o estojo localizado no carro era da arma. O homem chegou a confessar o crime aos policiais e indicou o que tinha acontecido com o corpo;
  • Dia 16 de agosto: Dilomar foi ouvido pela ocultação de cadáver, quando disse à polícia que cometeu o ato após ser ameaçado por Roberto;
  • Dia 19 de agosto: em depoimento formal, presidente da Apae Bauru voltou atrás e negou a autoria da morte de Cláudia. A Justiça negou o pedido de prisão de Dilomar;
  • Dia 20 de agosto: policiais encontraram local onde corpo de Cláudia foi queimado e depois teve as cinzas espalhadas em uma área de mata. Lá, eles encontraram os óculos da vítima e fragmentos de ossos;
  • Dia 22 de agosto: policiais foram até a sede da Apae Bauru, onde apreendem objetos e documentos “para o prosseguimento da investigação sobre fraudes financeiras”.
Ela foi morta pelo presidente da entidade
Cláudia Regina da Rocha Lobo, secretária-executiva da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Bauru, foi morta e teve o corpo queimado, conclui polícia (Reprodução/Redes sociais)

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