A influenciadora, empresária e advogada Deolane Bezerra, que foi presa durante uma operação contra jogos ilegais e lavagem de dinheiro, negou à polícia que tenha envolvimento com crimes. Em depoimento no Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), ela confirmou que recebia dinheiro da casa de apostas Esportes da Sorte, também alvo da ação policial, por meio de contratos de publicidade.
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No depoimento, Deolane destacou que, juntando todas as suas fontes de renda como advogada, empresária e influenciadora digital, ela recebe R$ 1,5 milhão por mês. Ela ressaltou que não é sócia da casa de apostas e que sua relação com a empresa ocorreu exclusivamente para a realização de publicidade, em contrato que vigorou até maio deste ano.
Ainda à polícia, ela confirmou que comprou um carro de luxo do CEO da Esportes da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho, que também é investigado pela polícia. Segundo investigações, o veículo, de modelo Lamborghini Urus Performante, foi adquirido em 2023 por R$ 3,85 milhões.
A polícia destacou, sem citar o nome de Deolane, que a casa de apostas fazia compra e venda de veículos de luxo, com pagamentos à vista, o que levanta suspeitas de “indícios da perpetração de lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho e de apostas esportivas”.
Deolane destacou que, além da Lamborghini, possui outros dois carros de luxo, sendo uma Landrover e um SW4, ambos adquiridos em 2023. Além disso, ela informou que tem uma casa, um terreno e um escritório em Alphaville, em São Paulo.
A advogada ressaltou, ainda, que gerava as notas fiscais para receber os pagamentos da Esportes da Sorte e negou que tivesse envolvimento com esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de bens.
Prisão de Deolane
Deolane Bezerra estava passeando em Pernambuco, quando foi presa no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na manhã desta quarta-feira (4). Uma foto publicada pelo jornal “O Globo” mostrou a influencer prestando depoimento na sede do Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri). A mãe dela, Solange Alves Bezerra Santos, também foi detida na operação e chegou a passar mal.
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A irmã dela, Dayanne Bezerra, que também é advogada, disse nas redes sociais que Deolane e a mãe têm ligação com uma empresa “idônea” que atua em todo o Brasil, ressaltou que a inocência delas será provada e alegou que a família é alvo de perseguição.
“Sabemos que essa é uma empresa que atua em todo o Brasil, com diversos influenciadores, com diversas emissoras de televisão, e até onde eu sei, uma empresa idônea. Mais uma vez minha família está sendo perseguida (...) mas vamos provar a nossa inocência, custe o que custar. Nós não temos vergonha e não devemos nada”, ressaltou Dayanne.
Já a advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota nas redes sociais dizendo que a investigação é sigilosa e que a divulgação de detalhes específicos do processo “não só desrespeita o direito à privacidade da investigada, como também pode configurar violação de segredo de Justiça, sujeitando os responsáveis às devidas sanções legais”.
“Ressaltamos que a Dr. Deolane Bezerra tem plena confiança na Justiça e permanece à disposição para colaborar com as autoridades competentes, de modo a esclarecer todos os fatos. Além disso, informamos que o corpo jurídico da Dra. Deolane já está tomando todas as providências cabíveis para garantir o respeito ao sigilo processual e para responsabilizar aqueles que, porventura, estejam divulgando informações inverídicas ou confidenciais de forma indevida”, diz a nota.
A Polícia Civil de São Paulo também prestou apoio à operação e, acompanhada de agentes de Pernambuco, foi até a casa de Deolane, onde apreendeu objetos de valor, como relógios e dinheiro.
Na tarde de quarta-feira, a Justiça negou pedidos de habeas corpus para Deolane e sua mãe. O advogado tentou trocar a prisão por “medidas cautelares menos graves”, defendendo que o cárcere “causa danos irreparáveis à imagem, reputação e ao exercício de sua profissão”. Porém, o juiz Claudio Jean Nogueira Virgínio negou.
Assim, Deolane segue em uma cela reservada na Colônia Penal Feminina do Recife, segundo informou a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco (SEAP/PE). Ao comunicar que a famosa chegou à penitenciária, a entidade pública divulgou que a medida foi tomada por motivos de segurança e para “resguardar a integridade física” dela.
‘Operação Integration’
As investigações da “Operação Integration” começaram em abril de 2023, com objetivo de identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, uma organização movimentou R$ 3 bilhões com as ações criminosas.
Além da prisão de Deolane Bezerra, o juiz da 12ª Vara Criminal da Comarca do Recife expediu outros 18 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão no Recife (PE), Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel (PR), Curitiba (PR) e Goiânia (GO).
De acordo com a Polícia Civil, também foi decretado o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações, além de bloqueios de ativos financeiros no valor de mais de R$ 2,1 bilhões.
A Justiça também determinou a imposição de medidas cautelares como entrega de passaporte, suspensão do porte de arma de fogo e cancelamento do registro de arma de fogo.
Avião de Gusttavo Lima
Um avião que pertencia à empresa do sertanejo Gusttavo Lima foi apreendido na manhã desta quarta-feira durante a “Operação Integration”.
Conforme o site G1, a aeronave passava por manutenção em um aeroporto em Jundiaí, no interior de São Paulo, quando foi apreendida por policiais. O avião prefixo PR-TEN, que está em “situação normal”, segundo registro na Agência Nacional de Avião Civil (Anac), segue em nome da empresa Balada Eventos e Produções LTDA, do cantor.
A assessoria do artista informou ao jornal “O Globo” que o avião em questão já foi vendido, apesar de ainda estar registrado como de propriedade da empresa.
“A BALADA EVENTOS por intermédio de seu advogado Cláudio Bessas, esclarece que a aeronave prefixo PR-TEN, foi vendida por meio contrato de compra e venda, devidamente registrado junto ao RAB-ANAC para a empresa J.M.J Participações. Portanto, empresa J.M.J é a proprietária e está registrada no RAB da ANAC como operadora até o deferimento do processo de transferência pelo órgão”, diz o texto.