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Presa em ação contra jogos ilegais, Deolane é processada por fã que perdeu R$ 300 mil em apostas

No processo, atendente alega que confiava na influencer e acabou somando altos prejuízos

Atendente alega que foi influenciada pela famosa e quer ser indenizada
Seguidora processa Deolane Bezerra após perder mais de R$ 300 mil em apostas (Reprodução/Instagram @dra.deolanebezerra)

A influenciadora, empresária e advogada Deolane Bezerra, que foi presa durante uma operação contra jogos ilegais e lavagem de dinheiro, é uma figura bastante conhecida em processos judiciais. O nome dela aparece em mais de 300 processos cíveis e criminais em vários estados, sendo que em alguns é autora e em outros é denunciada. Em um deles, que tramita na Justiça de Goiás, uma seguidora denuncia que perdeu mais de R$ 300 mil em apostas por confiar nas indicações da famosa e quer ser indenizada.

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De acordo com a coluna “True Crime”, do jornal “O Globo”, a seguidora que processa Deolane é a atendente Arianny Rosa Pereira, de 31 anos. Na ação, ela afirma que confiava nos ganhos exibidos pela influencer nos stories do seu Instagram e, assim, passou a fazer apostas em uma plataforma de jogos online, onde estavam hospedados o jogo do avião, do tigre, caça-níquel e um bingo virtual.

“Eu considerava ela uma pessoa de credibilidade, já que é advogada e uma figura famosa na televisão”, disse Arianny no processo.

A atendente alega que começou a fazer apostas de valores baixos, porém, em um dia já tinha perdido R$ 6 mil. O dinheiro gasto, segundo ela, era referente a uma herança de um parente falecido e seria usado na compra de remédios de uso contínuo para o pai, que sofria de problemas cardíacos.

Arianny disse à Justiça que, no total, perdeu R$ 333 mil nas apostas, o que a levou a um quadro de ansiedade e convulsões. Assim, passou dois dias internada e chegou a tentar cometer suicídio. Por conta de todos os problemas financeiros e emocionais que enfrentou, ela culpa Deolane, que a influenciou, e pede uma reparação no valor de R$ 50 mil a título de danos morais.

A ação segue tramitando sem data prevista para julgamento. A defesa da influenciadora não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Prisão na ‘Operação Integration’

Deolane foi presa na última quarta-feira (4) durante a ‘Operação Integration’, que combate jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Ela estava em viagem a Pernambuco quando acabou sendo alvo de um mandado de prisão. A mãe dela, Solange Alves Bezerra Santos, também foi detida.

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Justiça manteve prisão de Deolane Bezerra; mãe dela também segue detida (Reprodução/Genival/Agnews)

Ambas passaram por audiência de custódia, na tarde de quinta-feira (5), quando tiveram as prisões preventivas mantidas pela Justiça. Ambas seguem na Colônia Penal Feminina do Recife.

Ao prestar depoimento no Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), Deolane confirmou que recebia dinheiro da casa de apostas Esportes da Sorte, também alvo da ação policial, por meio de contratos de publicidade.

Ela destacou que, juntando todas as suas fontes de renda como advogada, empresária e influenciadora digital, recebe R$ 1,5 milhão por mês. A advogada ressaltou que não é sócia da casa de apostas e que sua relação com a empresa ocorreu exclusivamente para a realização de publicidade, em contrato que vigorou até maio deste ano.

Ainda à polícia, Deolane confirmou que comprou um carro de luxo do CEO da Esportes da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho, que também é investigado pela polícia. Segundo investigações, o veículo, de modelo Lamborghini Urus Performante, foi adquirido em 2023 por R$ 3,85 milhões.

A investigação destacou, sem citar o nome de Deolane, que a casa de apostas fazia compra e venda de veículos de luxo, com pagamentos à vista, o que levanta suspeitas de “indícios da perpetração de lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho e de apostas esportivas”.

A famosa disse, ainda, que gerava as notas fiscais para receber os pagamentos da Esportes da Sorte e negou que tivesse envolvimento com esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de bens.

A advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota nas redes sociais dizendo que a investigação é sigilosa e que a divulgação de detalhes específicos do processo “não só desrespeita o direito à privacidade da investigada, como também pode configurar violação de segredo de Justiça, sujeitando os responsáveis às devidas sanções legais”.

“Ressaltamos que a Dr. Deolane Bezerra tem plena confiança na Justiça e permanece à disposição para colaborar com as autoridades competentes, de modo a esclarecer todos os fatos. Além disso, informamos que o corpo jurídico da Dra. Deolane já está tomando todas as providências cabíveis para garantir o respeito ao sigilo processual e para responsabilizar aqueles que, porventura, estejam divulgando informações inverídicas ou confidenciais de forma indevida”, diz a nota.

‘Operação Integration’

As investigações da “Operação Integration” começaram em abril de 2023, com objetivo de identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, uma organização movimentou R$ 3 bilhões com as ações criminosas.

Além da prisão de Deolane Bezerra, o juiz da 12ª Vara Criminal da Comarca do Recife expediu outros 18 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão no Recife (PE), Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel (PR), Curitiba (PR) e Goiânia (GO).

De acordo com a Polícia Civil, também foi decretado o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações, além de bloqueios de ativos financeiros no valor de mais de R$ 2,1 bilhões.

A Justiça também determinou a imposição de medidas cautelares como entrega de passaporte, suspensão do porte de arma de fogo e cancelamento do registro de arma de fogo.

Um avião que pertencia à empresa do sertanejo Gusttavo Lima também foi apreendido na operação. A assessoria do artista disse, no entanto, que a aeronave já foi vendida, apesar de ainda estar registrado como de propriedade do cantor.

Aeronave estava em manutenção no interior de SP
Avião que pertencia a Gusttavo Lima foi apreendido em operação contra esquema de lavagem de dinheiro e jogos ilegais (Divulgação/Polícia Civil)

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