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Condenada por matar os pais, Suzane ex-Richthofen quer trabalhar no Tribunal de Justiça de São Paulo

Ela prestou o concurso público para o cargo de escrevente, cujo salário mensal é de R$ 6.043; porém, mesmo se aprovada, corre risco de não tomar posse

Suzane von Richthofen, de 41 anos, condenada a 40 anos de prisão por matar os pais, que agora se chama Suzane Louise Magnani Muniz, quer trabalhar no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Ela prestou o concurso público do órgão para o cargo de escrevente, cujo salário mensal é de R$ 6.043. No entanto, mesmo se for aprovada, corre o risco de não tomar posse em função dos seus antecedentes criminais.

De acordo com a coluna “True Crime”, do jornal “O Globo”, Suzane prestou a prova no último domingo (8) no Colégio Progresso Bilíngue, no bairro Cambuí, em Campinas, no interior paulista. Ela usava óculos escuros para evitar chamar a atenção, o que conseguiu, já que os candidatos tiveram seus celulares confiscados para a realização do certame.

O cargo que ela busca, segundo o edital 01/2024 do TJ-SP, tem como função organizar os serviços administrativos e técnicos no fórum, acompanhar o andamento de processos e realizar atendimento ao público. Além disso, envolve a elaboração e conferência de documentos, controle do material de expediente e a atualização constante sobre a legislação e normas internas.

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Segundo a “True Crime”, Suzane pediu para ser lotada na sede do órgão em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, cidade em que mora com o marido, o médico Felipe Zecchini Muniz, e o filho do casal.

No entanto, o TJ-SP destacou que, caso a candidata avance para a segunda fase do concurso, não deverá tomar posse. O motivo é que, para a admissão, terá que apresentar o atestado de antecedentes criminais. Esse documento é considerado indispensável para ingressar no serviço público, já que comprova que a pessoa não cometeu crimes que possam impedi-la de assumir o cargo.

Dessa forma, segundo o TJ-SP, candidatos com antecedentes criminais podem ser desclassificados, dependendo da gravidade e natureza do crime. A pena de Suzane, que segue em regime aberto, termina em 2041. Porém, caso ela seja aprovada, nada a impede de entrar com recursos judiciais para garantir a posse ao cargo.

Essa é a segunda vez que Suzane tenta ingressar no serviço público. Em 2023, ela se inscreveu para o cargo de telefonista da Câmara Municipal de Avaré, no interior paulista, no entanto, após grande repercussão, não chegou a comparecer no dia da aplicação da prova.

Estudante de Direito

Suzane cumpre pena em regime aberto desde janeiro de 2023, quando incialmente passou a viver em Angatuba, também no interior paulista, e depois se mudou para Bragança Paulista, onde mora com o marido. No início deste ano, ela voltou a cursar Direito na Universidade São Francisco.

Fotos dela na sala de aula e nos corredores começaram a circular em grupos de WhatsApp dos estudantes, que se diziam “chocados” com a presença da assassina nas aulas. O jornalista Ulisses Campbell destacou que a condenada evita qualquer contato direto, ficando na maior parte do tempo mexendo no celular.

Casamento, filho e mudança de nome

Suzane oficializou a união estável com Muniz no dia 13 de dezembro de 2023. Na ocasião, a ex-presidiária aproveitou para mudar de nome, quando passou a se chamar Suzane Louise Magnani Muniz.

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A mudança ocorreu em todos os documentos de Suzane, que, para não cortar todos os vínculos familiares, adotou o sobrenome da avó materna, Lourdes Magnani Silva Abdalla, que morreu aos 92 anos, em 2012. Além disso, incluiu o Muniz do companheiro.

O novo nome da ex-presidiária já consta na Certidão de Nascimento do filho, que nasceu na noite do dia 26 de janeiro deste ano. O registro foi oficializado três dias depois, sendo que a criança recebeu o nome do pai e o sobrenome atual da mãe. Mas no campo destinado aos avós maternos do menino, constam os nomes de Marísia e Manfred von Richthofen.

Segundo Campbell, Suzane teve dois motivos fortes para mudar o sobrenome. O primeiro é tentar se desassociar de um dos crimes de maior repercussão no Brasil, o assassinato dos pais dela, ocorrido em 2002.

O segundo motivo é o fato de tentar agradar a família de Muniz, que não aceitou bem o relacionamento dele com a ex-presidiária. Com o nascimento do primeiro filho do casal, os parentes temem que a criança sofra retaliações e, assim, o novo sobrenome da mãe pode ajudar nesse disfarce.

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Morte do casal Richthofen

Segundo a Justiça, Suzane planejou a morte dos próprios pais e teve a ajuda do então namorado, Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Cristian Cravinhos, para a execução do casal. O crime ocorreu no dia 31 de outubro de 2022.

Logo depois do início das investigações, a jovem foi presa. Em 2006, ela foi julgada e condenada a 39 anos e seis meses de prisão em regime fechado. No entanto, entrou com vários pedidos de revisão e conseguiu reduzir o tempo para 34 anos e 4 meses de prisão. A previsão é que ela, que está em regime aberto desde o início deste ano, cumpra a sentença no dia 25 de fevereiro de 2038.

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A primeira vez que Suzane deixou a Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no interior de São Paulo, foi em março de 2016, depois de conquistar o regime semiaberto e ter direito a uma saída temporária de Páscoa. Em setembro do ano passado ela obteve mais uma “saidinha temporária”, quando chamou a atenção por conta da aparência. Bem vestida, ela virou alvo de várias publicações nas redes sociais.

Ela tentava obter a progressão desde 2017 para o regime aberto, mas até então todos os pedidos tinham sido negados. No início de 2023, ela finalmente conseguiu o benefício.

Depois que saiu da prisão, Suzane passou a cursar biomedicina em uma faculdade particular, mas desistiu do curso. Ela também abriu um cadastro de Microempreendedor Individual (MEI) no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Angatuba para seu ateliê de costura, cujos produtos são vendidos em páginas nas redes sociais.

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