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Aluna PCD denuncia que foi estuprada em moradia estudantil da USP; ela teve medida protetiva negada

Yasmin Mendonça, de 20 anos, não mora no mesmo endereço que agressor, mas eles frequentam os mesmos prédios da universidade

A estudante Yasmin Mendonça, de 20 anos, que estuda na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), denunciou que foi estuprada dentro de uma moradia estudantil da instituição. O agressor foi um colega, que além de cursar disciplinas no mesmo prédio, também morava no mesmo bloco. Apesar disso, a jovem afirma que teve pedidos de medida protetiva negados.

A estudante foi diagnosticada com paralisia cerebral tipo 1, que a faz ter mobilidade reduzida do lado direito do corpo. Em entrevista à “GloboNews”, ela disse que ao perceber que estava sendo vítima de violência sexual, teve medo de ser agredida e ficou sem reação.

Segundo Yasmin, tudo aconteceu quando ela foi até o dormitório do colega para tomar um café. Na ocasião, ela tinha acabado de terminar um relacionamento e o agressor se aproveitou da situação. “Ele voltou a me importunar com frases horrorosas. Ele puxou a cadeira pro meu lado, me senti intimidada e tentei trazer outro assunto à tona. Ele me pediu um beijo. Eu disse que não queria me relacionar com ele daquele jeito, que eu queria só amizade”, relatou.

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A jovem disse que logo o suspeito começou a passar a mão pelo seu corpo. “Não consegui ter reação nenhuma, só fiquei parada. Já tinha falado que não queria, e ele foi passando a mão”, lembrou. “Simplesmente paralisei quando percebi que ele estava abaixando a manga da minha blusa, a alça do meu sutiã.”

Ela conseguiu deixar o local e, momentos depois, voltou a cruzar com o agressor na escada de incêndio. A jovem falou para ele que não tinha gostado do que aconteceu, quando foi mais uma vez atacada: “Quando fui entrar no meu apartamento, ele veio por trás de mim e esfregou as partes íntimas dele no meu corpo. Quando entrei, ele ainda foi debochado e falou ‘Se você demorar pra fechar a porta é porque gostou, porque você quer’”, relatou a vítima.

Yasmin disse que, três dias depois do estupro, procurou a Pró-Reitoria de inclusão e pertencimento da USP, quando foi orientada a registrar um boletim de ocorrência. Foi quando procurou a 3ª Delegacia de Defesa da Mulher Oeste, no último dia 23 de agosto, e o caso foi registrado como importunação sexual.

A jovem disse que pediu uma medida protetiva para manter o agressor afastado dela, porém, foi informada de que “não seria possível, porque ela e o agressor não moram no mesmo endereço”. Ela ressaltou que ambos estudam na mesma faculdade e frequentam os mesmos prédios, mas, apesar disso, não obteve a proteção.

Ela voltou e informou a USP sobre a situação, quando a universidade destacou que iria transferir o aluno suspeito para outra moradia.

Insatisfeita, Yasmin procurou novamente a polícia, no dia 29 de agosto, quando o caso acabou sendo registrado como estupro. A jovem afirmou na entrevista que solicitou novamente algum tipo de medida protetiva, mas foi informada de que seu caso não se enquadraria na Lei Maria da Penha e que teria que buscar assistência jurídica.

O que disse a USP?

Em nota, a USP confirmou que o estudante acusado de estupro foi transferido de bloco. A universidade também disse que presta o devido apoio à vítima.

A Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento destaca que adotou as ações de escuta e acolhimento da vítima e respeita a vontade da estudante para que outras medidas possam ser adotadas. Seguindo os protocolos de respeito às vítimas e envolvidos, não divulgamos os nomes. Logo após o ocorrido, a vítima foi acolhida por duas assistentes sociais, que estão fazendo o acompanhamento da estudante”, ressaltou a universidade.

Já a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que um inquérito policial foi instaurado e que as apurações já resultaram na identificação do autor, que foi intimado a prestar depoimento. A pasta não se pronunciou sobre as negativas de medidas protetivas.

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O caso está sendo investigado pelo 93º DP (Jaguaré), mas será remetido à 3ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).

Outra denúncia de estupro

A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar uma tentativa de roubo e estupro cometida contra uma estudante na Praça do Relógio da USP. O caso aconteceu no último dia 21 de agosto e a vítima passou por exames de corpo de delito. O suspeito ainda não foi identificado.

De acordo com a SSP-SP, o caso foi registrado no 93º Distrito Policial do Jaguaré, que aguarda a conclusão dos laudos periciais. Os agentes também procuram imagens de câmeras de segurança que possa ajudar a identificar o autor.

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Depois da repercussão do caso, alunos se reuniram com representantes da USP, no último dia 28, quando reclamaram da falta de segurança, problemas de iluminação e da poda de árvores no local.

Em nota, a Reitoria da USP informou está colaborando com as investigações policiais e que a estudante vítima dos crimes é acompanhada por uma assistente social da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento. A universidade também destacou que adota medidas para garantir a segurança no local.

Em relação à segurança, a Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária da USP informa que a Polícia Comunitária e a Guarda Universitária ampliaram o número de rondas na Cidade Universitária. Desde 2016, a comunidade universitária dispõe do aplicativo Campus USP, que permite ao usuário relatar, dentre outras ocorrências, denúncias de violência contra mulher. Outra função do aplicativo é que o usuário, durante um deslocamento a pé, pode ativar o sistema de alerta que, em uma situação de emergência, avisa a Guarda Universitária”, destacou a USP, em nota.

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Sobre os problemas de iluminação, a universidade destacou que neste ano foram instaladas 134 novas lâmpadas e feitos reparos em mais de 700.

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