A Justiça Militar tornou réu por lesão corporal o soldado Henrique Rodrigues da Silva, acusado de atirar com uma arma de airsoft e atingir uma bebê de 1 ano no rosto, na Zona Leste de São Paulo, em dezembro de 2023. A menina era transportada irregularmente pelo pai em uma motocicleta, quando o agente disparou. Já o sargento Tony Ricardo Pinto, que estava com o PM durante a ocorrência e não o repreendeu, virou réu por omissão e abandono do posto de trabalho.
A primeira audiência do caso está marcada para a tarde desta quinta-feira (12), no Tribunal de Justiça Militar (TJM). Conforme a acusação, o soldado e o sargento seguiam em uma viatura, no dia 26 de dezembro do ano passado, quando avistaram a motocicleta transitando pela Rua Sete Estrelas, no Itaim Paulista.
O veículo era conduzido por um homem de 29 anos, sem capacete, que ainda transportava a filha irregularmente. Assim que passou pela viatura, o piloto disse que ouviu o barulho de dois disparos e, logo em seguida, percebeu que a bebê estava com um ferimento no rosto. Ele ressaltou que não houve ordem de parada.
A bebê foi levada até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Júlio Tupy, no Parque Guaianases, mas depois transferida para o Hospital Tide Setubal, onde passou por uma cirurgia para a retirada da bala. Ela já teve alta.
A bala que a atingiu foi entregue à Polícia Civil para ser periciada. Na época, a corporação destacou que se tratava de um projétil de airsoft, que é uma arma de pressão que dispara munição de plástico. Esse tipo de equipamento não faz parte dos armamentos usados pela Polícia Militar.
Investigação
A família da menina esteve no 50º Distrito Policial do Itaim Paulista, que instaurou uma investigação sobre a tentativa de homicídio. O delegado Gregory Goes Siqueira, responsável pelo caso, disse na época que imagens que registraram a ação mostraram que o soldado agiu de forma criminosa. “Ao invés de dar uma ordem de parada para o pai da menina, um dos agentes atirou na direção da motocicleta”, disse ele.
“Não houve ordem de parada, não houve abordagem policial, nenhum tipo de registro, nenhum tipo de comunicação (...) Conduta que julgo não ser adequada. O certo seria dar ciência à autoridade de plantão para que fosse feito o registro e a consequência jurídica dos fatos adequados”, destacou o delegado.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) destacou que a Corregedoria da PM foi notificada para as providências administrativas cabíveis e foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para esclarecimento dos fatos. Após a conclusão das investigações, foi feito o “indiciamento dos policiais por prevaricação, lesão corporal e abandono de posto”.
“Eles permanecem em trabalhos internos administrativos até a conclusão do processo. Um inquérito policial também está em andamento pelo 67º Distrito Policial (Jardim Robru), que realiza diligências para concluir o caso”, ressaltou a pasta.
As defesas dos PMs não foram encontradas para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.