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TV Cultura tinha 30 seguranças durante debate que resultou em cadeirada de Datena em Marçal

"Foi uma das cenas mais desagradáveis, certamente, da história da TV brasileira", disse mediador

As regras do debate da noite deste domingo (15) entre os prefeituráveis de São Paulo da TV Cultura eram bastante rígidas. O esquema de segurança também. Eram 30 dispostos entre palco e bastidores. Isso não evitou que José Luiz Datena (PSDB) desse uma cadeirada em Pablo Marçal (PRTB), após ser provocado. “Talvez tenha que colocar segurança no palco, atrás de cada candidato”, disse sobre a segurança para futuros debates, disse José Roberto Maluf, presidente da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV Cultura), que lamentou as agressões verbal e física entre candidatos.

“Foi uma das cenas mais desagradáveis, certamente, da história da TV brasileira”, resumiu o jornalista Leão Serva, que chamou os comerciais assim que começou a confusão e correu em direção ao tumulto.

“Não imaginávamos que com todas essas regras isso pudesse acontecer, é muito lamentável que tenha acontecido”, explicou o mediador.

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Datena foi expulso do debate, também por usar palavras de baixo calão, e Marçal seria punido pela organização do programa, mas pediu para se retirar e ir para o hospital, alegando estar passando mal e com “fortes dores na região torácica e muita dificuldade para respirar”.

Levado de ambulância ao Hospital Sírio-Libanês, ele passou por exames. Segundo informações de sua assessoria, ele fraturou uma costela e está com o braço imobilizado, além de sentir “fortes dores nas mãos”. Ele deve permanecer no hospital em observação. Sua agenda para esta segunda (16) foi cancelada, mas assessores afirmaram que ele deve comparecer ao debate marcado para terça (17), na Rede TV, “com algum curativo exposto”.

Um advogado da equipe de Marçal se dirigiu ao 78º DP e registrou um Boletim de Ocorrência contra Datena. A assessoria do candidato do PRTB disse que espera que “medidas legais sejam tomadas”.

A confusão

A agressão aconteceu depois que Marçal perguntou ao apresentador quando ele pararia com a “palhaçada” e desistiria da candidatura. Chamou Datena de “Dapena”. Antes, ele havia acusado Datena do assédio.

“A gente quer saber que horas você vai parar, já abandonou entrevista chorando. Você que é um cara que só fala quando tem uma televisãozinha escrevendo ali. Que horas o Datena vai parar com essa palhaçada que ele tá fazendo aqui?”, disse.

Datena reagiu afirmando que Marçal estava fazendo acusações e calúnias contra ele. O apresentador chamou Marçal de “bandidinho”.

“A acusação que você fez sobre mim eu já, repito, não foi investigada porque não havia provas. Foi arquivada pelo Ministério Público”, disse. “O que você fez comigo hoje foi terrível. Espero que Deus lhe perdoe. Você me pediu perdão anteontem. Eu te perdoei.”

Na réplica, Marçal disse que Datena não sabia o que estava fazendo no debate e o chamou de “arregão”. Ele disse que Datena queria agredi-lo no debate da TV Gazeta, em 8 de setembro – na ocasião, o tucano abandonou o púlpito e foi em direção a Marçal, com os punhos cerrados, mas recuou.

“Você não respondeu à pergunta. A gente quer saber. Você é um arregão. Você atravessou o debate esses dias para me dar tapa e falou que você queria ter feito. Você não é homem nem para fazer isso. Você não é homem,” afirmou Marçal.

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Na sequência, Datena agrediu Pablo Marçal com uma cadeira.

Defesa

Logo após o fato, o tucano disse que não deveria ter agredido o adversário, mas que não se arrepende, “claro que não”, pois estava sendo acusado de uma mentira que fez sua família sofrer muito.

Alegou ainda que sua sogra morreu vítima de um AVC devido à crise familiar provocada pelo episódio – em 2019, uma ex-repórter do Brasil Urgente disse ao site do Notícias da TV que fora assediada por Datena durante uma festa da TV Bandeirantes no ano anterior; o apresentador disse neste domingo que a polícia e o Ministério Público investigaram o caso, não encontraram provas, e que a denunciante se retratou em cartório.

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Na saída dos estúdios, o tucano estava visivelmente nervoso. “Eu não escolho momento da emoção. Eu sou um cara de verdade. Eu lembrei da minha sogra morrendo ali nos braços da minha mulher e depois de passar por tudo aquilo que eu passei e trabalhando todo dia na televisão me defendendo no foro adequado, com processo arquivado no foro adequado, foram os piores momentos que passei na minha vida”, disse.

“E tenho certeza que minha sogra morreu por causa disso, porque foi em um momento que ela ouviu que havia esse processo e ela teve o primeiro AVC logo em seguida. Eu senti tudo isso voltar na minha cabeça e, na verdade, eu não pude me conter. Tô errado? Tô. Mas fazer o que? Já foi”, afirmou.

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