A tatuadora Clara Monteiro, de 21 anos, que usou as redes sociais para revelar ter sofrido uma série de agressões enquanto mantinha um relacionamento com o jogador Caio Paulista, do Palmeiras, esteve na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Paulo, na terça-feira (17), e registrou um boletim de ocorrência. Uma ação sobre o caso já corria na Justiça, mas só agora ela formalizou as denúncias de violência doméstica e psicológica, lesão corporal e cárcere privado. A jovem também solicitou uma medida protetiva.
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De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a tatuadora “compareceu na DDM para fornecer mais informações sobre os fatos e demais providências necessárias para o andamento das investigações”. A pasta ressaltou que “outros detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial e resguardar a vítima”.
Em postagens nas redes sociais, no último sábado (14), a jovem divulgou uma carta aberta e ainda postou fotos em que aparecia com vários hematomas pelo corpo. Sem citar diretamente o nome do jogador, com quem tem uma filha, ela destacou que estava “cansada de se calar diante das violências que sofreu”.
Conforme os relatos de Clara, a primeira agressão teria ocorrido em setembro de 2022, sendo que o caso mais recente teria ocorrido em outubro de 2023. “Pensei em inúmeras vezes se iria realmente expor minha vida aqui, mas eu simplesmente não tive outra opção. Eu estou exausta. Já ultrapassei os meus limites. Eu cansei. Cansei de me calar, cansei de me esconder e de me sabotar por diversas vezes devido a esta situação”, começou a tatuadora na carta aberta.
“Hoje venho através desta carta aberta para o meu eu, sobre algo que me assombra dia e noite, e sei que vou levar comigo no decorrer dessa vida, essa cicatriz e esse trauma misturado com esse sentimento de angústia no meu interior. Mas sobre isso tudo eu preciso me manter forte nessa situação todas as manhãs e sei que sou uma mulher forte pra caramba e consegui me manter firme e de pé sozinha até aqui. Mas não estou aqui depois de tanto tempo pra deixar passar em branco, e sei que diversas mulheres passam por isso todos os dias, quero que todas as mulheres leiam e tenham certeza que por mais difícil que seja, você consegue sim sair de uma agressão psicológica, agressão física e verbal. Eu desejo forças a todas as mulheres que passam por isso e sair disso tudo é muito difícil, mas não é impossível”, escreveu ela.
Logo após a repercussão do caso, o advogado de Clara, Marcos Paulo Arias, disse ao site UOL que, até aquele momento, ela não tinha procurado a polícia por conta das agressões, mas disse que uma ação sobre o caso já corria na Justiça paulista.
“Existe uma ação judicial na esfera civil em andamento em face do Caio Paulista, a fim de reparar o dano sofrido por sua ex-mulher Clara Monteiro, por algumas agressões feitas por ele [Caio Paulista] no decorrer da relação. Tais agressões possuem diversas provas, as quais seguem em apreciação pelo Poder Judiciário. Ressalto que, na época dos fatos, a vítima Clara Monteiro não fez boletim de ocorrência por conta do controle que o Caio Paulista exercia sobre ela. Sem contar o medo que ela tinha, pois sempre se mostrou uma pessoa muito controladora e agressiva”, explicou o advogado.
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O que disse o jogador?
Em nota, divulgada por meio de sua assessoria, Caio Paulista negou as acusações e ressaltou que nunca agrediu a ex-esposa e nenhuma outra mulher.
“Em relação à carta aberta postada ontem pela minha ex-namorada e mãe da minha terceira filha, venho a público me posicionar. Tivemos um relacionamento de alguns meses e, passado quase um ano do fim, estamos discutindo na Vara Familiar de São Paulo temas financeiros relacionados à pensão alimentícia e outras demandas. Até o momento, não houve acordo e corre em segredo de justiça. Não existe nenhuma outra demanda em Vara Criminal relacionada a supostas agressões. Venho afirmar que nunca a agredi, bem como não agredi nenhuma outra mulher, e, acima de tudo, a respeito como mãe da minha filha”, ressaltou a nota.
Já o Palmeiras informou que convocou o atleta para esclarecimentos tão logo tomou conhecimento da carta aberta publicada por Clara.
“Questionado a respeito do relato e das imagens divulgados, Caio Paulista negou ter cometido qualquer agressão e disse não haver processo ou investigação contra ele na esfera criminal. É de conhecimento público que o Palmeiras não tolera qualquer forma de violência e tem no respeito pela mulher um de seus valores fundamentais. Todos os colaboradores do clube devem seguir as normas de conduta estabelecidas internamente, que preveem diferentes medidas punitivas, a depender da gravidade do fato e da comprovação penal. O Palmeiras seguirá acompanhando o caso com a devida atenção”, destacou o comunicado do clube.