O jogador Caio Paulista, do Palmeiras, prestou depoimento à Polícia Civil sobre as denúncias de violência doméstica feitas pela ex-mulher dele, a tatuadora Clara Monteiro, de 21 anos. A jovem expôs o caso nas redes sociais, quando mostrou várias fotos com hematomas. Depois da repercussão, ela formalizou o registro da ocorrência e o caso segue em investigação na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do Cambuci, em São Paulo. No entanto, o atleta negou as agressões e diz que foi a ex-companheira que a atacou com socos e mordida.
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O lateral esteve na delegacia acompanhado de sua advogada, Ana Beatriz Saguas Presas, na terça-feira (24). Ao ser formalmente ouvido, ele confirmou que o casal brigava muito “por besteiras”, mas ressaltou que nunca agrediu Clara e apresentou provas que alega comprovarem seu relato.
Ao ser ouvida, a tatuadora disse que os episódios de agressões ocorreram pelo menos três vezes entre agosto de 2022 e fevereiro deste ano. Porém, Caio Paulista rebateu essas afirmações e disse que foi ele quem chegou a levar socos, joelhadas e até uma mordida dada pela ex-companheira durante uma discussão.
“Perguntado sobre as lesões corporais apresentadas em fotografia por Ana Clara, ou seja, diversos hematomas na costela e no pé, afirma que desconhece referidos ferimentos e que não se recorda de ter a ouvido contar sobre as lesões em questão”, diz um trecho do depoimento do jogador, revelado pelo site UOL.
Caio Paulista também disse que não é verdadeira a denúncia de que ele tinha vício em traição e teria, inclusive, pedido ajuda à psicóloga do Fluminense, onde ele já jogou. “Quanto às alegações de Ana Clara de que o declarante tinha ‘vício’ por traição e que teria procurado ajuda com a psicóloga do Fluminense, afirma que são inverídicas. Inclusive apresenta uma declaração da profissional respectiva negando acompanhamento”, destaca o documento.
O jogador detalhou, ainda, uma briga que teve com a jovem, quando afirma que foi mordido por ela. “Após receber a mordida, puxou o celular da mão de Ana Clara, que escapou e caiu no chão. Ela levantou com raiva e começou a agredir o declarante com socos e joelhadas. (...) Caio declara não ter agredido Ana Clara e que a polícia não foi acionada”, disse no depoimento.
Caio Paulista destacou que a pensão que paga para a filha que tem com Clara está bloqueada pela Justiça, em função de uma ação que corre sobre o caso, mas garantiu que mesmo assim tem arcado com as despesas da menina.
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A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirmou que “a 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) instaurou inquérito policial e apura as circunstâncias relacionadas ao caso. Na terça-feira (24), o investigado compareceu à unidade policial e prestou depoimento. Diligências prosseguem para esclarecer os fatos. Maiores detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial”.
As defesas do jogador e da tatuadora não foram encontradas pela reportagem para comentar o assunto.
Relembre o caso
Em postagens nas redes sociais, no último dia 14 de setembro, a jovem divulgou uma carta aberta e ainda postou fotos em que aparecia com vários hematomas pelo corpo. Sem citar diretamente o nome do jogador, com quem tem uma filha, ela destacou que estava “cansada de se calar diante das violências que sofreu”.
Conforme os relatos de Clara, a primeira agressão teria ocorrido em setembro de 2022, sendo que o caso mais recente teria ocorrido em outubro de 2023. “Pensei em inúmeras vezes se iria realmente expor minha vida aqui, mas eu simplesmente não tive outra opção. Eu estou exausta. Já ultrapassei os meus limites. Eu cansei. Cansei de me calar, cansei de me esconder e de me sabotar por diversas vezes devido a esta situação”, começou a tatuadora na carta aberta.
“Hoje venho através desta carta aberta para o meu eu, sobre algo que me assombra dia e noite, e sei que vou levar comigo no decorrer dessa vida, essa cicatriz e esse trauma misturado com esse sentimento de angústia no meu interior. Mas sobre isso tudo eu preciso me manter forte nessa situação todas as manhãs e sei que sou uma mulher forte pra caramba e consegui me manter firme e de pé sozinha até aqui. Mas não estou aqui depois de tanto tempo pra deixar passar em branco, e sei que diversas mulheres passam por isso todos os dias, quero que todas as mulheres leiam e tenham certeza que por mais difícil que seja, você consegue sim sair de uma agressão psicológica, agressão física e verbal. Eu desejo forças a todas as mulheres que passam por isso e sair disso tudo é muito difícil, mas não é impossível”, escreveu ela.
Na ocasião, Caio Paulista negou as acusações, em nota. “Em relação à carta aberta postada ontem pela minha ex-namorada e mãe da minha terceira filha, venho a público me posicionar. Tivemos um relacionamento de alguns meses e, passado quase um ano do fim, estamos discutindo na Vara Familiar de São Paulo temas financeiros relacionados à pensão alimentícia e outras demandas. Até o momento, não houve acordo e corre em segredo de justiça. Não existe nenhuma outra demanda em Vara Criminal relacionada a supostas agressões. Venho afirmar que nunca a agredi, bem como não agredi nenhuma outra mulher, e, acima de tudo, a respeito como mãe da minha filha”, ressaltou.
Já o Palmeiras informou que convocou o atleta para esclarecimentos tão logo tomou conhecimento da carta aberta publicada por Clara. O clube diz que aguarda o andamento do processo para decidir sobre o futuro do lateral.