O cantor Gusttavo Lima apareceu nas redes sociais chamando seus fãs para um show em Marabá, no Pará, nesta sexta-feira (27). Em um vídeo, o artista usava uma camiseta e um boné com a logomarca da “Obabet”, casa de apostas que promove, entre outros, o “jogo do Tigrinho”. Investigado por suspeita de ligação com um esquema de jogos ilegais e lavagem de dinheiro, pelo qual ele chegou a ter a prisão preventiva decretada, o artista obteve um habeas corpus e está liberado para os shows.
“Fala galera de Marabá, aqui é o Embaixador. Passei para avisar: 27 de setembro estou chegando, não tem conversa. Vamos fazer um show maravilhoso para a gente matar a saudade e vai ser incrível esse nosso reencontro. Beijo”, disse o cantor (assista abaixo). O vídeo em questão foi compartilhado pela Positivo Eventos, organizadora do show, no último dia 30 de agosto.
O cantor passou a ser investigado na “Operação Integration” pela ligação com a casa de apostas “Vai de bet”, onde foi incialmente contratado como garoto-propaganda. Porém, de acordo com a Justiça de Pernambuco, ele comprou 25% da companhia em julho deste ano. Após ter a prisão preventiva decretada, quando a juíza disse que ele deu “guarita a fugitivos”, a defesa do sertanejo destacou que ele desfez os contratos com a empresa.
A “Obabet”, por sua vez, não está envolvida na “Operação Integration”, mas o “jogo do Tigrinho” já foi alvo de outras investigações no país.
Depois que teve a prisão preventiva decretada, foi confirmado que o cantor estava em viagem aos Estados Unidos e havia incerteza sobre a manutenção da agenda de shows pelo Brasil. Contudo, com a obtenção do habeas corpus, os compromissos estão mantidos. Depois de Marabá, o artista deve se apresentar em Parauapebas, também no Pará.
Após o habeas corpus, a defesa do sertanejo divulgou uma nota ressaltando que ele não está envolvido em nenhuma atividade ilícita. “Gusttavo Lima tem e sempre teve uma vida limpa e uma carreira dedicada à música e aos fãs. Oportunamente, medidas judiciais serão adotadas para obter um mínimo de reparação a todo dano causado à sua imagem”, destacou o texto.
A equipe destacou que recebeu a decisão judicial “com tranquilidade”, uma vez que o sertanejo é inocente e que a relação dele com as empresas investigadas era “estritamente de uso de imagem e decorrente da venda de uma aeronave” e que tudo relacionado a isso “foi feito legalmente, mediante transações bancárias, declarações aos órgãos competentes”.
Conforme os advogados do cantor, os contratos de Gusttavo com a empresa “Vai de Bet” tinham “diversas cláusulas de compliance” e foram firmados muito antes da ciência sobre qualquer investigação em curso.
Pedido de prisão e habeas corpus
A prisão do cantor foi decretada na última segunda-feira (23), determinada pela juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, sob suspeita de envolvimento em lavagem de dinheiro e jogos ilegais. Porém, o artista estava em viagem pelos Estados Unidos e não chegou a ser detido.
O nome dele foi incluído na lista de procurados nos aeroportos brasileiros e a Polícia Federal solicitou também que constasse na Difusão Vermelha da Interpol, a polícia internacional. Porém, na tarde de terça-feira, o desembargador Eduardo Guillio de Maranhão acatou o pedido de habeas corpus e revogou a prisão do artista.
Na decisão, o magistrado disse que os motivos para a ordem de prisão de Gusttavo Lima são “meras ilações impróprias e considerações genéricas”. Ele argumentou não haver nada indicando que o cantor estivesse dando guarida a fugitivos no momento de sua viagem à Grécia com o dono da empresa investigada, “Vai de Bet”, José André da Rocha Neto, e a esposa, Aislla Sabrina Henriques Truta Rocha.
“[...] o embarque em questão ocorreu em 01/09/2024, enquanto que as prisões preventivas de José André da Rocha Neto e a Aislla Sabrina Henriques Truta Rocha foram decretadas em 03/09/2024. Logo, resta evidente que esses não se encontravam na condição de foragidos no momento do retromencionado embarque, tampouco há que se falar em fuga ou favorecimento a fuga”, disse o desembargador.
Mesmo Gusttavo Lima tendo adquirido 25% de participação da empresa investigada, Maranhão afirmou que “não constitui lastro plausível capaz de demonstrar a existência da materialidade e do indício de autoria dos crimes”.
Gusttavo Lima, assim como Deolane Bezerra que ficou presa por 20 dias e também solta na terça-feira, foi alvo da “Operação Integration”, responsável por investigar um esquema de lavagem de dinheiro em casas de apostas virtuais.