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Gusttavo Lima é indiciado na ‘Operação Integration’; entenda quais são as suspeitas contra o sertanejo

Polícia acredita que ele seja sócio oculto de casa de apostas investigada por jogos ilegais e lavagem de dinheiro; defesa do artista nega

O cantor Gusttavo Lima, que chegou a ter a prisão preventiva decretada pela Justiça de Pernambuco, mas obteve um habeas corpus, foi indiciado na “Operação Integration”, suspeito de crimes como lavagem de dinheiro e organização criminosa. A polícia suspeita que ele seja um sócio oculto da casa de apostas “Vai de Bet”, ex-patrocinadora do Corinthians, investigada por usar os jogos ilegais para lavar dinheiro. A defesa do sertanejo nega as acusações.

Conforme reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, exibida no domingo (29), o cantor virou sócio da “Vai de Bet” em julho deste ano, com participação de 25%. No entanto, a polícia suspeita que ele já era era uma espécie de dono oculto da casa de apostas bem antes dessa formalização de contrato.

Isso pelo fato de que, no final de 2023, a “Vai de Bet” fechou um patrocínio milionário ao Corinthians, que acabou virando alvo de outra investigação. Na época, um conselheiro disse à polícia que tinha falado com o presidente do clube paulista e que ele revelou que Gusttavo Lima era um dos donos da casa de apostas.

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“Em um dos depoimentos das testemunhas ouvidas no caso da subtração de valores do Corinthians, é mencionado que, no momento da assinatura do contrato, foi informada essa testemunha por parte do presidente do Corinthians, que a Vai de Bet teria como um dos sócios o Gustavo Lima”, afirma Juliano Carvalho, promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco).

Essa informação foi negada pelo empresário José André da Rocha Neto, dono da “Vai de Bet”, que ressaltou que o cantor tem direto a 25% da marca, mas que nunca foi sócio e jamais participou da administração. Ele ressaltou, ainda, que o primeiro contato com o artista foi para que ele fosse garoto-propaganda da casa de apostas e só depois ele assinou o contrato de participação.

E foi exatamente por ser suspeito de acobertar José André da Rocha Neto, e a esposa, Aislla Sabrina Henriques Truta Rocha, que eram procurados pela Justiça, que Gusttavo Lima teve a prisão decretada. O casal estava com o artista em viagem à Grécia, mas não voltou ao Brasil e não foi mais visto.

A juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife (PE), entendeu que o cantor ajudou a dupla na fuga e, por isso, determinou a prisão dele. Porém, menos de 24 horas depois, o sertanejo obteve um habeas corpus. o casal investigado também foi beneficiado com a liberdade.

Dinheiro apreendido em empresa

Durante as investigações, a polícia apreendeu R$ 150 mil em dinheiro que estavam em um cofre na sede da empresa Balada Eventos e Produções, em Goiânia, em Goiás, que é de propriedade de Gusttavo Lima. Eram notas de reais, dólares e euros.

Conforme os investigadores, essa apreensão levantou suspeitas sobre lavagem de dinheiro. Já a defesa do artista negou e disse que os valores seriam usados para o pagamento de fornecedores.

Além disso, a polícia encontrou 18 notas fiscais sequenciais, emitidas no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos. Elas totalizaram mais de R$ 8 milhões, que eram emitidas para a PIX365 Soluções (Vai de Bet) por conta do uso de imagem e voz do artista. A investigação apura se isso também configurou lavagem de dinheiro.

A defesa do cantor alega que os valores foram declarados e os impostos, pagos. Já a defesa de José André da Rocha Neto diz que as notas sequenciais emitidas à empresa do cantor são pela prestação de serviços.

Aviões

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A investigação também suspeita que Gusttavo Lima tenha participado de uma negociação irregular com empresários ligados a jogos ilegais. Isso porque, entre 2023 e 2024, um avião da Balada Eventos foi vendido duas vezes para investigados na operação. Os valores negociados foram de US$ 6 milhões e R$ 33 milhões, respectivamente.

A primeira compra foi feita pela “Sports Entretenimento”, que pertence a Darwin Henrique da Silva Filho, investigado por suspeita de ligação com jogo do bicho. Ele repassou o avião dois meses após a compra, alegando problemas técnicos. Porém, segundo a polícia, o distrato foi feito no mesmo dia da compra, ou seja, 25 de maio de 2023. Já as falhas na aeronave só ocorreram no dia 29 de junho daquele ano.

O mesmo avião voltou a ser vendido no ano seguinte. Dessa vez, quem comprou foi a J.M.J Participações, do empresário José André da Rocha Neto, também dono da “Vai de Bet”. A polícia diz que essa negociação foi feita sem nenhum laudo que comprovasse os reparos na aeronave e ainda envolveu um helicóptero que também era da empresa de Gusttavo Lima. No fim, essa última aeronave voltou a ser do artista.

A polícia diz que para essas negociações foram usados recursos ilegais, que vinham dos jogos de azar.

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Ao “Fantástico”, a defesa do cantor negou as irregularidades e disse que os contratos foram feitos em nome das empresas com os seus representantes legais, o que afastaria a possibilidade de lavagem de dinheiro. Também alega que a análise dos policiais apresenta “falhas ao não considerar a data digital do distrato da compra de uma das aeronaves”.

A defesa do sertanejo ressaltou, ainda, que os registros de compra e venda das aeronaves foram feitos sem ocultação ou dissimulação e os pagamentos, em contas bancárias normais. Os advogados também negaram que o cantor conheça Darwin Filho.

Já a defesa de Rocha Neto alega que ele usou o helicóptero como parte de pagamento do jatinho da Balada Eventos.

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Darwin Filho, por sua vez, nega ter relação com o jogo do bicho. Sobre o cancelamento da compra do avião do cantor sertanejo, ele disse que a transação foi lícita e regular. Segundo ele, a própria quebra de sigilo bancário confirma as informações prestadas.

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