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Acusado de matar o ator Rafael Miguel e seus pais, Paulo Cupertino escreve carta a juiz e nega o crime

Empresário responde por triplo homicídio duplamente qualificado e deve enfrentar o júri popular no próximo dia 10 de outubro

O empresário Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e seus pais, escreveu uma carta de nove páginas, enviada ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), na qual disse que não cometeu os assassinatos e ainda pediu a sua soltura, alegando que seus direitos “estão sendo negados”. Ele, que é réu por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, deverá enfrentar um júri popular no próximo dia 10 de outubro.

De acordo com o portal “Metrópoles”, que teve acesso a carta, o texto foi enviado por Cupertino ao TJ-SP em junho do ano passado. No material, ele destacou que está preso por conta de “uma narrativa e fatos que não condiz [sic] com a verdade”.

Se dirigindo-se ao presidente do TJ-SP, o acusado iniciou a carta mencionando o “Pacto de São José da Costa Rica”, ao qual o Brasil aderiu há 32 anos. Nele são assegurados, dentre outros, os direitos à liberdade e a um julgamento justo. “Excelência eu me encontro preso desde 16 de maio de 2022 e bem antes da minha prisão venho sendo acusado, massacrado e perseguido de formas e informações totalmente desprovidas [de verdade] e mentirosas”, escreveu o empresário.

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Cupertino continuou lembrando que as vítimas foram mortas “por perfurações de arma de fogo”, mas negou ter sido o autor dos disparos e ressaltou que não existem provas da autoria do crime. “Supõe ou achão [sic] que eu efetuei os disparos […] só ouvirão [sic] os tiros ecelencia [sic]”, argumentou ele.

O empresário também disse que o sigilo não foi mantido, já que as informações das investigações foram repassadas à imprensa, e disse que já foi condenado pela opinião pública. “Assim contrariando todos os direitos e deveres do estado de direito, já estarei condenado injustamente e bem antes de lá estar [júri popular], estarei condenado, sem chance de defesa. Uma mentira contada dez vezes vale mais que mil verdades”, argumentou.

No fim do texto, ele pediu que o juiz analisasse seu pedido de habeas corpus e, caso fosse negado, que repassasse para instâncias superiores. “Peço a vossa ecelencia [sic] que me conceda o direito e minha liberdade de poder ter os mesmos direitos de quem acusa e meios e formas legais e asseguradas para provar minha inocência e ser feita a verdadeira e única justiça.”

O júri popular de Cupertino deverá ser realizado no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste da capital paulista. Dois amigos acusados de o ajudarem na fuga também serão julgados na ocasião.

Por enquanto, o empresário segue preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo. A defesa dele não foi encontrada para comentar sobre a carta enviada à Justiça até a publicação desta reportagem.

Relembre o caso

O MP-SP afirma que Cupertino cometeu os assassinatos na frente da casa onde a filha dele, Isabela Tibcherani, morava com a mãe, no bairro Pedreira, Zona Sul de São Paulo, no dia 9 de junho de 2019. Segundo a acusação, o empresário chegou armado e atirou em Rafael Miguel e contra os pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel. A motivação foi porque ele não aceitava o namoro de sua filha com o ator.

Isabela e sua mãe presenciaram o crime, mas não ficaram feridas. O empresário fugiu na sequência e passou três anos foragido, sendo que nesse período ele se escondeu em outros estados e até em outros países. Ele só foi preso no dia 17 de maio de 2022, escondido em um hotel na capital paulista.

De acordo com as investigações do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, pelo menos quatro amigos ajudaram Cupertino na fuga. Porém, apenas dois deles tiveram as participações comprovadas pela polícia e respondem ao processo.

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Condenado por uso de documento falso

Em agosto do ano passado, ele foi condenado a dois anos de prisão em regime aberto e o pagamento de multa de 10 dias por usar uma Carteira Nacional de Motorista (CNH) falsa. Conforme o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), o empresário falsificou o documento usando a foto dele ilegalmente junto com o nome e dados pessoais de um outro motorista.

O documento foi encontrado com ele no momento em que foi preso, em maio de 2022, em um hotel na Zona Sul da Capital, após passar três anos foragido. Apesar da pena ter sido definida em regime aberto, ele segue preso preventivamente em função dos assassinatos.

Mas as mortes de Rafael Miguel e seus pais não foi o primeiro crime de Cupertino. Em 1993, ele foi preso em Santos, no litoral de São Paulo, após participar de um assalto a um carro forte com outros comparsas, todos armados com metralhadoras, de acordo com notícia publicada pelo jornal “A Tribuna” à época.

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No assalto, a quadrilha roubou Cr$ 2,5 bilhões (cruzeiros) do carro que transportava o dinheiro para o pagamento dos trabalhadores do porto de Santos. Os assaltantes usaram um carro e duas motos para a fuga. Na fuga, a moto de Cupertino foi deixada para trás e ele pediu depois a um comparsa que não estava ligado ao assalto para prestar queixa do roubo da moto, em uma tentativa de reavê-la.

O comparsa chegou a ir à polícia, mas pressionado pelos investigadores acabou revelando o verdadeiro dono do veículo e seu paradeiro. Ele foi preso logo depois. O carro usado na fuga foi encontrado no litoral. Ele havia sido roubado em São Caetano do Sul dias antes do crime.

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