A Polícia Civil indiciou por homicídio a empresária Grazielly da Silva Barbosa, dona de uma clínica estética em Goiânia, em Goiás, onde a influencer digital Aline Maria Ferreira, de 33 anos, passou por aplicação de PMMA nos glúteos, em um procedimento conhecido como “bioplastia de bumbum”. Depois disso, a mulher ficou dias apresentando dores, febre alta, fraqueza, episódios de desmaio e acabou morrendo.
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Conforme a investigação, Aline pagou R$ 3 mil pelo procedimento estético, que visava o aumento do bumbum em três sessões. Na primeira, a única feita por ela, foi realizada a aplicação de 30ml de polimetilmetacrilato (PMMA) em cada glúteo. Na sequência ela passou mal e foi hospitalizada, mas não resistiu.
Na época da morte, Grazielly teve a prisão preventiva decretada, mas a detenção foi convertida para domiciliar pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A clínica “Ame-se”, por sua vez, foi fechada pela Vigilância Sanitária visto que não possuía alvará de funcionamento e não tinha um responsável técnico.
Segundo a polícia, a empresária se apresentava como biomédica, mas cursou apenas três semestres do curso no Paraguai e não concluiu a graduação. Ela também alegou que fez cursos de especialização na área, mas, segundo a delegada Débora Melo, a mulher não apresentou nenhum certificado.
Depois que Aline foi internada por passar mal, Grazielly fingiu ser médica e entrou em uma unidade de saúde para aplicar uma injeção de anticoagulante na paciente, segundo relatou a delegada.
A defesa de Grazielly não foi encontrada para comentar o caso até a publicação desta reportagem.
A fabricante do PMMA, a MTC Medical, informou que as investigações apontam que produto que foi injetado em Aline foi retirado de potes da bolsa da falsa biomédica e que as seringas foram então enchidas com esse material. Esse manejo, segundo a fabricante, é totalmente distinto do PMMA legítimo, o qual é vendido exclusivamente a médicos.
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“Os fabricantes das marcas de PMMA no Brasil informam que: O PMMA possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, o qual é obtido somente após rigorosa análise da agência acerca das boas práticas de fabricação e estudos clínicos de segurança e eficácia. Apenas médicos estão autorizados a ofertar procedimentos de preenchimento com PMMA”, destacou a empresa.
“É perceptível que o óbito ocorreu em razão do mercado clandestino de estética e não do produto PMMA, pois (1) a influencer se submeteu aos cuidados de uma pessoa sem qualquer formação na área de saúde; (2) a clínica não possuía alvará sanitário; (3) o valor pago pelo procedimento, conforme depoimento do viúvo estava muito aquém de qualquer procedimento que pudesse ser feito por estetas e (4) o marido da vítima e outra testemunha já confirmaram não ter sido PMMA o produto utilizado, em razão da apresentação do mesmo”, argumenta a MTC Medical.
Morte da influencer
Aline morava em Brasília, mas se submeteu a “bioplastia de bumbum”, no último dia 23 de junho, em Goiânia. No mesmo dia foi autorizada a retornar para casa.
No entanto, o quadro de dores passou a aumentar nos dias seguintes ao procedimento. Em declaração à polícia, o marido de Aline contou que chegou a entrar em contato com a clínica para questionar os sintomas, sendo informado de que era algo “normal” e orientado a ministrar “um remédio para controlar a febre”.
Mesmo após seguir a orientação da clínica, Aline seguiu apresentando piora no quadro. Além da febre, no dia 26 de junho, ela começou a ter fortes dores na região da barriga. No dia seguinte, ela piorou e sofreu um desmaio, sendo levada ao Hospital Regional da Asa Norte, no Distrito Federal, onde ficou internada por um dia e foi encaminha para um hospital particular na Asa Sul.
A transferência aconteceu, pois, ela precisou ser encaminhada para a UTI, onde foi entubada e teve duas paradas cardíacas, sendo que faleceu no último dia 2 de julho.