Uma perícia feita pela Polícia Federal concluiu que o laudo médico relacionando o candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) com o uso de cocaína é falso. O documento foi publicado por Pablo Marçal (PRTB), que foi derrotado nas urnas e ficou fora do segundo turno. A Polícia Civil já tinha analisado o documento e informado que o médico responsável pelo suposto laudo, José Roberto de Souza, faleceu em 2022.
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Conforme a PF, os peritos compararam várias assinaturas feitas ao longo de anos pelo médico José Roberto de Souza, dono do CRM 17064-SP. Porém, foi comprovado que o profissional faleceu muito antes da emissão do laudo e, além disso, a filha dele, a oftalmologista Aline Garcia Souza, afirma que o pai nunca trabalhou na Clínica Mais Consulta, onde Boulos teria sido atendido.
Na conclusão grafotécnica, os peritos científicos da PF afirmaram que as duas assinaturas não foram produzidas pela mesma pessoa. “Verificou-se a prevalência das dissimilaridades entre a assinatura questionada e os padrões apresentados, tanto nas formas gráficas, quanto em suas gêneses, não havendo evidências de que tais grafismos tenham sido escritos por uma mesma pessoa. As evidências suportam fortemente a hipótese de que os manuscritos questionados não foram produzidos pela mesma pessoa que forneceu os padrões”, destacaram.
Os peritos também tentaram atestar a autenticidade do documento publicado na internet por Pablo Marçal, mas disseram que seria necessário uma análise do material físico. “No caso em questão, não se trata de um documento de segurança, além de ter sido apresentado em via digital e não física. Assim, a verificação de adulteração ou montagem eletrônica poderá ser realizada por exames específicos que não foram objeto do presente laudo”, ressaltou a PF.
A Polícia Civil de São Paulo já tinha informado que o laudo em questão é falso. Além disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) ressaltou que José Roberto de Souza tem o cadastro médico inativo, pois já morreu.
Assim, por contra da fraude, outra filha do médico, Carla Maria de Oliveira e Souza, entrou com uma ação na Justiça contra Pablo Marçal. Ela pede a “inelegibilidade” do candidato.
Após a repercussão do caso, a Justiça Eleitoral determinou que a postagem fosse removida do YouTube, TikTok e Instagram e ordenou a suspensão dos perfis de Marçal no Instagram. A equipe de Boulos também protocolou na Justiça um pedido de prisão e cassação da candidatura do ex-coach.
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Enquanto isso, o dono da Clínica Mais Consulta, Luiz Teixeira da Silva Junior, negou ter emitido o laudo apresentado por Marçal e disse que nunca o atendeu. O empresário disse que seu nome e o de suas empresas foram utilizados sem o seu consentimento “por pessoa que lhe é desconhecida”.
A defesa do ex-coach não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.