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Infectados por HIV após transplantes: saiba quem é o sócio do laboratório que foi preso em operação no RJ

Walter Vieira é ginecologista e responsável técnico do PCS Lab Saleme, que emitiu laudos errados

Laboratório emitiu laudos errados sobre doador de órgãos que tinham HIV
Walter Vieira, médico ginecologista e responsável técnico pelo laboratório PCS Lab Saleme, foi preso em operação no Rio de Janeiro (Reprodução)

A Polícia Civil deflagrou na manhã desta segunda-feira (14) a “Operação Verum”, que mira envolvidos no caso dos pacientes infectados com HIV após transplantes, no Rio de Janeiro. Entre os detidos está Walter Vieira, que é médico ginecologista e responsável técnico do PCS Lab Saleme, o laboratório que emitiu os laudos de exames errados.

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De acordo com o Governo do Rio de Janeiro, o ginecologista teria assinado um dos laudos apontando o falso negativo. Porém, aquele doador de órgãos estava infectado e o vírus foi transmitido aos transplantados.

A ação da Delegacia do Consumidor (Decon) cumpre quatro mandados de prisão e 11 de busca e apreensão em Nova Iguaçu e na capital. “As investigações indicam que os laudos, falsificados por um grupo criminoso, foram utilizados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro, o que levou à contaminação dos pacientes. Um dos pacientes veio a falecer, com as causas da morte ainda sob investigação”, destacou a Polícia Civil.

Também foi preso nesta manhã Ivanilson Fernandes dos Santos, que é apontado como um dos responsáveis pelos laudos.

Os policiais também apuram se o laboratório falsificou exames de outros casos além dos transplantes. Os suspeitos são investigados por crime contra as relações de consumo, associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e infração sanitária.

Em nota, os advogados que representam o PCS Lab Saleme disseram que repudiam “com veemência a suposta existência de um esquema criminoso para forjar laudos dentro do laboratório, uma empresa que atua no mercado há mais de 50 anos. Ambos prestarão todos os esclarecimentos à Justiça.”

Quem é Walter Vieira?

Walter Vieira tem inscrição como ginecologista no Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) desde 1996. Ele destaca ser obstetra, sendo que também especializado em menopausa, reposição hormonal e cirurgia ginecológica.

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Apesar de ser o responsável técnico pelo laboratório, ele não é patologista, conforme determina o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, exibida no domingo (13), mostrou que Walter Vieira e seu filho, Matheus Vieira, que são sócios no laboratório, são parentes do ex-secretário estadual de Saúde do Rio, Dr. Luizinho, que atualmente é deputado federal pelo PP. O contrato entre o governo e o laboratório, no valor de R$ 11 milhões, foi assinado três meses após Dr. Luizinho deixar a Secretaria de Saúde.

Procurado, Dr. Luizinho negou qualquer envolvimento na escolha do laboratório. “Lamento veementemente o ocorrido, desejando ao fim das investigações punição exemplar para os responsáveis por esses gravíssimos casos de infecção”, disse, em nota.

Após a repercussão do caso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Vigilância Sanitária do Estado realizaram uma vistoria fecharam a unidade do laboratório PCS Saleme, localizada dentro de um instituto de saúde na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Conforme o “Fantástico”, foram identificadas 39 irregularidades no laboratório, sendo que ele não possuía licença de funcionamento, armazenava amostras de sangue sem identificação, material biológico era guardado em geladeira comum, local contava com péssimas condições de higiene, entre outras falhas.

Caso foi mostrado pelo Fantástico
Laboratório que deu resultado falso de HIV para doador de órgãos foi fechado após irregularidades, entre elas armazenar sangue sem identificação (Reprodução/TV Globo)

Entenda o caso

O erro que resultou na infecção dos pacientes ocorreu dentro de uma das unidades do laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), contratado pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. O estabelecimento emitiu laudos negativos de HIV para dois doadores de órgãos que tinham o vírus. Ao todo, nove órgãos foram doados, sendo que seis pessoas foram contaminadas.

O caso só foi descoberto depois que uma pessoa, que foi transplantada em janeiro deste ano, procurou atendimento médico no último dia 10 de setembro. Ela passou por exames, que atestaram a infecção por HIV. Como antes do procedimento o mesmo exame teve resultado negativo, levantou a suspeita sobre o transplante.

Assim, o hospital notificou a Secretaria Estadual de Saúde, que instaurou uma investigação. Havia amostra do sangue de um doador guardada no Hemocentro do Rio, quando novos testes foram feitos e positivaram para HIV. Depois disso, a pasta levantou quem recebeu os órgãos dessa pessoa e descobriu que mais duas delas foram infectadas.

O caso continuou sendo apurado e só no início de outubro foram identificados mais três pacientes contaminados a partir daqueles órgãos, mas isso porque outro homem procurou atendimento médico e descobriu que está com HIV.

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro informou que, desde a descoberta do caso, o PCS Saleme não presta mais nenhum tipo de serviço ao estado. Agora os testes dos doadores passam a ser feitos exclusivamente pelo Instituto Estadual de Hematologia.

Já o laboratório PCS Saleme disse, em nota, que os resultados preliminares da sindicância interna apontaram um erro humano na transcrição dos resultados dos dois testes de HIV. Informou também que está à disposição das autoridades e colaborando com o governo do Rio de Janeiro. Além disso, informou que dará todo o suporte necessário às vítimas assim que tiver acesso oficial às identidades delas.

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