O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 36 anos, que ficou conhecido como o “serial Killer de Goiânia”, completa nesta segunda-feira (14) 10 anos na cadeia. Ele, que foi condenado a 700 anos de prisão por mais de 30 assassinatos e outros crimes, passou esse período em uma cela isolada do Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, em Goiás, pois recebeu inúmeras ameaças. Apesar da longa pena, ele poderá deixar a cadeia em 2044 (entenda melhor abaixo).
Antes de ser preso, Tiago Henrique morava com a mãe em uma casa no Setor Conjunto Vera Cruz II, em Goiânia, e trabalhava em uma empresa de segurança. Vizinhos diziam que ele era introspectivo, interagia pouco, mas costumava tirar a motocicleta da garagem, já usado capacete, e ficava acelerando parado, principalmente quando via mulheres andando nas ruas. Apesar disso, ninguém imaginava que ele era um assassino em série.
Uma força-tarefa foi montada após o registro de vários homicídios, quando a polícia chegou até o vigilante como o principal suspeito. No total, a polícia descobriu que ele matou 16 pessoas, de janeiro a agosto de 2014, sendo 15 mulheres de 13 a 28 anos, e um homem, de 51. A investigação apontou que ele não tinha uma motivação específica e saía rodando de moto pela cidade e escolhia as vítimas aleatoriamente.
Após a prisão, ele precisou ser isolado em função da “alta periculosidade” e acabou confessando os assassinatos e um estupro. Dois anos depois, ele foi julgado pela primeira vez, pela morte da Ana Karla Lemes da Silva, de 15 anos, quando pegou 20 anos de reclusão. A vítima foi morta com um tiro no peito enquanto estava em uma rua do Setor Jardim Planalto, em Goiânia.
Nos anos seguintes o vigilante foi julgado por mais de 30 mortes, sendo que só foi absolvido em três processos. As penas, somadas, chegam a quase 700 anos de prisão.
Serial killer poderá ser solto em 2044
Uma nova legislação brasileira, que entrou em vigor no dia 23 de janeiro de 2020, estabeleceu um novo teto para que condenados cumpram pena no país. Antes o prazo era de 30 anos, mas agora é de 40. Mas isso só é válido para condenações recentes. No caso de Tiago Henrique, ainda vale a regra antiga e, sendo assim, ele poderá ser solto em 2044.
“Se ele já cumpriu 10 anos, isso significa que atingiu um terço da pena máxima, conforme a lei brasileira. Isso pode mudar, apenas, em caso de nova condenação por algum outro processo posterior à mudança da lei, mas como ele está isolado, sem contato com outros detentos, a perspectiva é que, realmente, ele esteja livre quando atingir os 56 anos de idade, ou seja, muito novo ainda”, explicou o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, responsável por boa parte das condenações do vigilante, em entrevista ao portal “Metrópoles”.
Um laudo psiquiátrico feito pela Junta Médica do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), meses após a prisão, apontou que o vigilante possui Transtorno de Personalidade Antissocial. Apesar disso, o documento ressalta que ele é “inteiramente capaz de entender o caráter ilícito” dos crimes cometidos e é considerado uma pessoa de altíssima periculosidade, com tendência a reincidir nos mesmos delitos.
“Adiantamos que não há indicação de nenhum tratamento em regime de internação ou sequer ambulatorial, haja visto que não há tratamento farmacológico e/ou psicoterápico eficaz para este transtorno psiquiátrico. Acrescentamos tratar-se de indivíduo com periculosidade altíssima, com tendência natural de reincidência nos mesmos delitos já cometidos, além de predisposição para o cometimento de crimes de outras naturezas”, escreveram os médicos na análise.