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Advogado detalha motivo de ter sido destituído por Paulo Cupertino durante júri: “Começou a se alterar”

Julgamento sobre morte de Rafael Miguel e seus pais foi anulado depois que o réu desistiu de sua defesa; nova data ainda não foi marcada pela Justiça

O advogado Alexander Neves Lopes, que fazia a defesa do empresário Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e seus pais, detalhou o motivo de ter sido destituído durante o júri popular, realizado no último dia 10. A decisão do réu fez com que o julgamento fosse anulado e uma nova data ainda será marcada pela Justiça de São Paulo.

“Ele queria de qualquer maneira presenciar o depoimento da filha. Só que ela estava protegida pela lei”, contou o defensor, em entrevista exclusiva ao portal “Metrópoles”.

Segundo o advogado, Cupertino já tinha sido algemado por apresentar nervosismo durante as oitivas das testemunhas, mas o estopim veio quando a filha dele, Isabela Tibcherani Matias, exigiu que ele fosse retirado do plenário para dar sua versão dos fatos.

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“Aí ele começou a se alterar, a gritar. Ele urinou, inclusive, onde se encontrava, na cela, e no meio dessa gritaria ele falou que não me queria como advogado. O juiz não pôde tomar outra atitude a não ser anular o julgamento, ou seja, dissolver o conselho de sentença”, explicou Lopes.

O defensor disse que já tinha se encontrado sete vezes com o réu antes do júri e que ele nunca tinha sido agressivo. Por isso, a postura dele durante o julgamento lhe causou “surpresa”.

Lopes relatou, ainda, que outro fato irritou Cupertino no julgamento: a presença de assessores de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que registravam os bastidores da sessão com câmeras de vídeo e de fotografia. O empresário acreditou que eles eram funcionários de veículos de comunicação.

Assim, com a dispensa do advogado, o juiz teve que anular o julgamento e ainda deve marcar uma nova data. Também seriam julgados dois amigos que o ajudaram na fuga, mas agora todos aguardam pelo júri.

Cupertino, que é réu por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, segue preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Ele sempre alegou inocência, mas nunca quis falar sobre o crime. Porém, às vésperas do júri, quando ainda era representado por Lopes, afirmou que viu quem foi a pessoa que atirou no ator.

Júri popular anulado

O julgamento começou por volta das 15h30 de quinta-feira (10), no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. A primeira testemunha a prestar depoimento foi Vanessa Tibcherani, de 44 anos, ex-esposa de Cupertino e mãe de Isabela. Em uma hora e meia de oitiva, a mulher contou que foi o empresário quem matou o ator e seus pais. Nesse período, ele permaneceu no plenário, algemado.

Na sequência, foi a vez de Isabela dar sua versão dos fatos. Como tinha pedido, o empresário foi retirado da sala enquanto ela foi ouvida. A jovem também confirmou que foi o pai quem atirou nas vítimas.

“Me deparo com a cena de três corpos estirados, do Rafa sobre da mãe dele. Me ajoelhei no chão, alguns sons saiam da boca dele. Eu gritava em desespero ‘fica comigo’. Lembro que um vizinho colocou a mão em meu ombro e disse ‘sinto muito’. Achava que o coração dele ainda batia, mas era o meu, acelerado pela situação”, disse Isabela no júri, segundo revelado pelo portal “Metrópoles”.

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A jovem também falou que o genitor tinha um ciúmes exagerado. “Desde que me conheço por gente ele é uma pessoa agressiva. Me proibia de tudo, pelo fato de eu ser mulher. Ela falava que eu só iria namorar depois dos 30 anos, se ele fosse deixar”, relatou.

Quando voltou ao plenário, por volta das 19h30, o empresário pediu para falar com o juiz e aí destituiu seu advogado alegando que se sente “indefeso”. Dessa forma, como a lei exige que os réus tenham defesa, o juiz anulou o julgamento. Com isso, os depoimentos terão que ser refeitos e outros sete jurados serão convocados novamente.

Morte de Rafael Miguel

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O MP-SP afirma que Cupertino cometeu os assassinatos na frente da casa onde Isabela morava com a mãe, no bairro Pedreira, Zona Sul de São Paulo, no dia 9 de junho de 2019. Segundo a acusação, o empresário chegou armado e atirou em Rafael Miguel e contra os pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel. A motivação foi porque ele não aceitava o namoro de sua filha com o ator.

Isabela e sua mãe presenciaram o crime, mas não ficaram feridas. O empresário fugiu na sequência e passou três anos foragido, sendo que nesse período ele se escondeu em outros estados e até em outros países. Ele só foi preso no dia 17 de maio de 2022, escondido em um hotel na capital paulista.

De acordo com as investigações do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, pelo menos quatro amigos ajudaram Cupertino na fuga. Porém, apenas dois deles tiveram as participações comprovadas pela polícia e respondem ao processo.

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