Foco

“Tenho ódio da humanidade”: veja o que ‘serial killer de Goiânia’ disse durante avaliação psicológica

Vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 36 anos, que pegou 700 anos de prisão, já passou 10 anos na cadeia

O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 36 anos, que ficou conhecido como o “serial Killer de Goiânia”, completou na segunda-feira (14) 10 anos na cadeia. Ele, que foi condenado a 700 anos de prisão por mais de 30 assassinatos e outros crimes, segue em uma cela isolada do Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, em Goiás, pois recebeu inúmeras ameaças. Em fevereiro de 2015, o rapaz passou por uma avaliação psicológica, na qual afirmou ter “ódio da humanidade”.

O teor da avaliação foi revelada pelo portal “Metrópoles”. Na época, psicólogos e médicos psiquiatras fizeram entrevistas com Tiago Henrique, que de início se mostrou resistente. Porém, ao ser informado sobre as razões daquela análise, ele contribuiu e explicou o que o fez cometer os assassinatos.

“Eu só segui meu curso, só cumpri minha missão, mano. Eu sou extremamente equilibrado, consigo me controlar, mas fico nervoso várias vezes. (…) Eu tenho ódio da humanidade. Não me culpo por nada que eu fiz”, disse o vigilante aos médicos.

Publicidad

Na sequência, Tiago Henrique falou de sua infância, relembrou a vida escolar, da relação com sua mãe e seu irmão mais novo e revelou que nunca soube quem é seu pai. Na sequência, ele disse que, caso preciso, teria matado seus próprios familiares.

“Eu não estou nem aí para as pessoas. Se eu recebesse a missão [de matar] com relação à minha mãe e ao meu irmão, eu faria. Lá eu converso com os presos, converso na língua deles, que eles entendem. O meu vizinho de cela, talvez, ele seja minha missão também, estou aguardando ordens. Eu sou muito inteligente. Não tenho medo de morrer”, afirmou o vigilante.

Ainda nas entrevistas, ele fez algumas afirmações desconexas, ressaltando que ele é um ser “iluminado” e que tem uma missão. “Vou perder minha recompensa, eu não sou do seu mundo, cara. Eu sou iluminado, muito tempo fazendo essas missões. Antes de você nascer, eu já estava em atividade. Você acha mesmo que eu sou o Tiago? Você não é desse mundo, você não sabe. O que tem aqui dentro é infinito, ainda vou fazer muitas missões. Já fiz muitas. Você é humano, você não entende”, disse o rapaz.

Tiago Henrique prosseguiu se comparando a outras personalidades que seriam as “iluminadas”. “Tem vários que tinham missões parecidas com a minha, que são iluminados, Hitler, Stalin, Mussolini”, mencionou.

Conclusão do laudo

Os psicólogos e psiquiatras concluíram na análise que o vigilante tem Transtorno de Personalidade Antissocial e traços de psicopata. Apesar de ser apontado como uma pessoa de “altíssima periculosidade”, ele foi considerado “inteiramente capaz de entender o caráter ilícito” das suas atitudes.

“Adiantamos que não há indicação de nenhum tratamento em regime de internação ou sequer ambulatorial, haja visto que não há tratamento farmacológico e/ou psicoterápico eficaz para este transtorno psiquiátrico. Acrescentamos tratar-se de indivíduo com periculosidade altíssima, com tendência natural de reincidência nos mesmos delitos já cometidos, além de predisposição para o cometimento de crimes de outras naturezas”, escreveram os médicos na análise.

Relembre o caso

Antes de ser preso, Tiago Henrique morava com a mãe em uma casa no Setor Conjunto Vera Cruz II, em Goiânia, e trabalhava em uma empresa de segurança. Vizinhos diziam que ele era introspectivo, interagia pouco, mas costumava tirar a motocicleta da garagem, já usado capacete, e ficava acelerando parado, principalmente quando via mulheres andando nas ruas. Apesar disso, ninguém imaginava que ele era um assassino em série.

Publicidad

Em outubro de 2014, uma força-tarefa foi montada após o registro de vários homicídios, quando a polícia chegou até o vigilante como o principal suspeito. No total, a polícia descobriu que ele matou 16 pessoas, de janeiro a agosto de 2014, sendo 15 mulheres de 13 a 28 anos, e um homem, de 51. A investigação apontou que ele não tinha uma motivação específica e saía rodando de moto pela cidade e escolhia as vítimas aleatoriamente.

Após a prisão, ele precisou ser isolado em função da “alta periculosidade” e acabou confessando os assassinatos e um estupro. Dois anos depois, ele foi julgado pela primeira vez, pela morte da Ana Karla Lemes da Silva, de 15 anos, quando pegou 20 anos de reclusão. A vítima foi morta com um tiro no peito enquanto estava em uma rua do Setor Jardim Planalto, em Goiânia.

Nos anos seguintes o vigilante foi julgado por mais de 30 mortes, sendo que só foi absolvido em três processos. As penas, somadas, chegam a quase 700 anos de prisão.

Apesar disso, ele poderá ser solto em 2044. Houve uma mudança na legislação brasileira, que elevou o teto para que uma pessoa fique presa por até 40 anos. Porém, por ser antigo, vale para o caso de Tiago Henrique a regra antiga, ou seja, o período máximo de 30 anos de reclusão.

Publicidad

“Se ele já cumpriu 10 anos, isso significa que atingiu um terço da pena máxima, conforme a lei brasileira. Isso pode mudar, apenas, em caso de nova condenação por algum outro processo posterior à mudança da lei, mas como ele está isolado, sem contato com outros detentos, a perspectiva é que, realmente, ele esteja livre quando atingir os 56 anos de idade, ou seja, muito novo ainda”, explicou o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, responsável por boa parte das condenações do vigilante, em entrevista ao portal “Metrópoles”.

Siga-nos no:Google News

Conteúdo patrocinado

Últimas Notícias