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VÍDEOS: Filha confirma em júri que Paulo Cupertino matou Rafael Miguel e seus pais: “Só ouvi os disparos”

Isabela Tibcherani também citou ciúmes excessivo do pai; réu destituiu defesa e julgamento foi anulado

Crime ocorreu em 2019
Isabela Tibcherani, filha de Paulo Cupertino, detalhou em júri popular como o genitor matou o ator Rafael Miguel e seus pais (Reprodução/X)

Vídeos mostram trechos do depoimento de Isabela Tibcherani Matias, filha de Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e seus pais, durante o júri popular, que foi realizado no último dia 10, no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. A jovem confirmou que foi o pai quem assinou as vítimas e ainda se emocionou ao citar o ciúmes excessivo do genitor. O réu destituiu sua defesa alegando que se sentia “indefeso” e o julgamento acabou anulado.

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“A mãe do Rafael, quando viu meu pai, ela falou: ‘Você que é o pai de Isabela?’ ‘Não, eu sou a mãe.’ Me puxou para dentro e fechou o portão de maneira agressiva. Mas aí veio o Rafael, falou: ‘Não, vamos conversar’. Segurou o portão (...) Eu já estava dentro de casa (...) E eu ouvi meu pai dizendo: ‘Conversar, nada’. E a partir daí eu só ouvi os disparos. Foram muitos disparos”, relatou Isabela (veja no vídeo abaixo).

Eu agachei no chão. Com as mãos no ouvido, gritava muito. Falava: ‘Não, não, não’ (...) E quando os disparos terminaram, eu saí e me deparei com a cena, que era o corpo do Rafa em cima do corpo da mãe dele, que estava perto da guia (...), que estava perto do carro, e o corpo do pai do Rafael estava no meio da rua (...) Eles não tiveram tempo de muita coisa”, continuou a jovem.

Em outro trecho do depoimento, Isabela contou como ela conheceu Rafael Miguel e como eles começaram a namorar (veja abaixo).

Ciúmes excessivo

Isabela não queria depor na presença do pai e pediu que seu depoimento fosse feito de forma virtual. A Justiça negou a solicitação, mas acatou uma recomendação do Ministério Público para que Cupertino fosse retirado do plenário durante a oitiva da jovem e da mãe dela, Vanessa Tibcherani, ex-mulher do empresário.

A genitora foi a primeira a depor e voltou atrás, deixando Cupertino acompanhar seu depoimento. Porém, quando foi a vez de Isabela, a jovem exigiu a retirada, o que teria irritado o empresário. Enquanto foi ouvida, Isabela se emocionou ao lembrar o comportamento possessivo do pai.

“Ele é uma pessoa... não sei a palavra exata, mas... agressiva, me proibia de tudo, não tem um bom olhar para as mulheres. Eu tenho três irmãos homens e o tratamento para comigo sempre foi muito diferente por eu ser mulher. Então, eu senti durante toda a minha vida, toda a convivência com ele, que o tratamento comigo era diferente por conta disso. A proibição, a superproteção, e todo o resto. [Promotora: Pelo fato de você ser mulher?] Sim, tanto que ele falava em brincadeiras e conversas paralelas com pessoas conhecidas: ‘Você só vai namorar depois dos 30, se eu deixar’”, contou a jovem.

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Isabela também lembrou que Cupertino agredia de forma física e emocional a mãe dela. Com o passar dos anos, essas agressões também passaram a ser cometidas contra ela própria.

Ainda no depoimento, a jovem relatou que depois que Cupertino descobriu que ela namorava Rafael Miguel, a deixou “trancada” em casa por oito meses. Além disso, tomou o celular dela e exigiu que ela lhe repassasse a senha. “[Ele] falava para eu ocupar com a minha cabeça, limpar da casa, que ia passar. [Mais alguma coisa?, questiona a promotora] Ele não se importava muito se eu estava triste ou não”, contou.

Isabela disse que sempre teve medo de que o pai fizesse mal ao namorado, mas nunca imaginou que ele seria capaz de matá-lo. “[Medo de que] me encontrasse, me pegasse num momento, sei lá, numa praça com o Rafael, talvez, e me pegasse a força para me levar para casa. Em momento nenhum a minha cabeça pensou que ele pudesse fazer o que ele fez”, afirmou a jovem.

MP diz que pai não aceitava namoro de Isabela Tibcherani com o ator Rafael Miguel e cometeu os assassinatos Reprodução

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Anulação do júri

Quando voltou ao plenário, após a oitiva da filha, Cupertino pediu para falar com o juiz e aí destituiu seu então advogado, Alexander Neves Lopes, alegando que se sente “indefeso”. Dessa forma, como a lei exige que os réus tenham defesa, o juiz anulou o julgamento e os depoimentos terão que ser refeitos. Outros sete jurados serão convocados para o novo júri, que ainda será marcado pela Justiça de São Paulo.

Lopes falou sobre a dispensa e se disse “surpreso” com a postura de Cupertino. “Ele queria de qualquer maneira presenciar o depoimento da filha. Só que ela estava protegida pela lei”, contou o defensor, em entrevista exclusiva ao portal “Metrópoles”.

Cupertino, que é réu por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, segue preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Ele sempre alegou inocência, mas nunca quis falar sobre o crime. Porém, às vésperas do júri, quando ainda era representado por Lopes, afirmou que viu quem foi a pessoa que atirou no ator.

Empresário é réu pela morte do ator Rafael Miguel e seus pais
Paulo Cupertino desiste de sua defesa e júri popular é anulado, em São Paulo; nova data ainda será marcada (Reprodução/Klaus Silva/TJSP)

Morte de Rafael Miguel

O MP-SP afirma que Cupertino cometeu os assassinatos na frente da casa onde Isabela morava com a mãe, no bairro Pedreira, Zona Sul de São Paulo, no dia 9 de junho de 2019. Segundo a acusação, o empresário chegou armado e atirou em Rafael Miguel e contra os pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel. A motivação foi porque ele não aceitava o namoro de sua filha com o ator.

Isabela e sua mãe presenciaram o crime, mas não ficaram feridas. O empresário fugiu na sequência e passou três anos foragido, sendo que nesse período ele se escondeu em outros estados e até em outros países. Ele só foi preso no dia 17 de maio de 2022, escondido em um hotel na capital paulista.

De acordo com as investigações do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, pelo menos quatro amigos ajudaram Cupertino na fuga. Porém, apenas dois deles tiveram as participações comprovadas pela polícia e respondem ao processo.

Ator Rafael Miguel e seus pais foram mortos a tiros, em 2019 (Reprodução/Instagram)

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