Foco

Marçal tenta manter a compostura e ‘afina’ em sabatina com Boulos

Polêmico candidato que ficou em terceiro no primeiro turno não fez nenhuma provocação e tentou coibir ataques a Nunes

YouTube
YouTube Sabatina teve mais de 500 mil usuários, segundo Marçal

Pablo Marçal prometeu que o “pau ia quebrar” quando desafiou Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol), adversários no segundo turno à Prefeitura de São Paulo, para uma sabatina. Nunes descartou de cara; Boulos, pelo contrário, topou na hora e a sabatina aconteceu a partir das 12h19 desta sexta (25) nas redes sociais. E o pau não quebrou; pelo contrário. O evento foi chamado oficialmente de Entrevista de Emprego.

ANÚNCIO

Tentando manter uma postura equilibrada, Marçal nem de longe lembrou o provocador dos debates no primeiro turno e “afinou”. Chamou Boulos de “corajoso”, mas descartou votar nele em qualquer situação, “por uma questão ideológica”. “Você é de esquerda, eu sou de direita”, justificou. E também disse que não vota em Nunes, que considera de centro-esquerda. Boulos garantiu que se o segundo turno fosse entre Nunes e Marçal, votaria nulo.

Leia mais:

Nunes diz que Boulos “apertou o botão do desespero”

Durante os pouco mais de 30 minutos de conversa, Marçal chegou a cortar Boulos (a quem chamou o tempo todo de Guilherme) quando esse acusava Nunes. “Eu estou aqui no papel de entrevistador. Em um embate direto, jamais espere essa mesma postura minha”, disse a Boulos. Este, por sua vez, disse que aceitou porque “nunca foge ao debate”, e que estava ali apesar dos ataques que sofreu de Marçal no primeiro turno – o mais célebre deles o falso dossiê que atestava que o psolista usou drogas e foi internado por isso.

Clima ameno

Marçal até tentou soar provocador na primeira pergunta, perguntando o que vai passar na cabeça de Boulos se perder a eleição. “Tenho certeza de que serei o próximo prefeito de São Paulo”, respondeu o candidato.

Na maior parte do tempo, o candidato do Psol fez acenos ao eleitorado de Marçal, usando o raciocínio de que aqueles que optaram pelo então candidato do PRTB estavam revoltados e queriam mudança. “Neste segundo turno, a mudança sou eu”, defendeu.

ANÚNCIO

Boulos ainda disse que propostas de Marçal, como as escolas olímpicas, eram boas ideias, que ele iria adotar num eventual mandato.

Marçal conduziu as perguntas para assuntos de empreendedorismo, ensino de educação financeira nas escolas, a importância dos empresários e, num momento mais ideológico, o que Boulos achava do comunismo. Ele respondeu que “defende uma cidade com oportunidade para todos; as mesmas oportunidades para quem mora no Paraisópolis e no Morumbi”. Disse que não haverá invasões em seu eventual mandato porque “conhece o movimento social e vai fazer o maior plano habitacional da história de São Paulo”.

Eles passearam ainda, no clima pergunta/resposta, por temas como o relatório de André Janones na Comissão de Ética, o maior arrependimento de Boulos na vida, incentivos fiscais para empresas, empregos, entre outros. Chamou a atenção quando Marçal perguntou o que seu entrevistado achava de prosperidade, porque nunca prosperou na vida, só quando virou deputado.

“Prosperidade para mim não é uma questão de cifrões. É fazer o que se gosta, como eu sempre fiz como professor, e não faltar nada, como nunca faltou para minha família. E meu patrimônios só aumentou quando virei deputado porque passei a casa onde moro com minha família para meu nome”, respondeu.

Questionado sobre sua rejeição, Boulos explicou: “Tem a ver, a minha e a sua, com o tomar lado. Nunca fiquei em cima do muro. E também tem a ver com muita mentira que contam sobre mim. Me disseram que eu nunca trabalhei, que eu não fiz nada como deputado. Eu convenci pessoas com a verdade. Virei voto”, garantiu.

Apelos a Nunes

O tempo todo Marçal apelava para que, na sequência, Nunes entrasse para ser sabatinado. “Eu fiz de tudo na campanha. Toquei o terror. Aqui eu estou humildemente fazendo perguntas, mostrando lucidez. Não quero agir com desrespeito ou lacração, pode vir, Nunes”, dizia. Ao final da entrevista, chegou a ligar ao vivo para o atual prefeito, mas não foi atendido.

Marçal está em Roma, na Itália, descansando com a família, e disse que não decidiu ainda se voltará ao Brasil para votar no domingo. “É muito ruim esse cenário de o menos pior ganhar. A abstenção vai ser recorde”, previu.

Ao final da sabatina, depois de se despedir de Boulos, o terceiro colocado nas eleições no primeiro turno fez uma oração pedindo “compaixão para a cidade de São Paulo”. Segundo ele, a sabatina teve audiência de mais de 500 mil pessoas em todas as redes.

ANÚNCIO

Tags


Últimas Notícias