Os advogados da psicóloga Júlia Andrade Cathermol, de 29 anos, que está presa e virou ré pela morte do namorado, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44, que teria ingerido um brigadeirão envenenado, questiona as causas do falecimento. A defesa alega que o motivo do óbito não ficou comprovado em perícias e que o homem fazia o uso de muitos remédios, assim, exigem que o corpo seja exumado para novas análises.
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“Para se falar em crime de homicídio, temos que determinar o que tinha no corpo. A conclusão do laudo não diz: ‘morreu por isso’. Porque eles não tinham um quantitativo”, disse a advogada Flávia Fróes, em coletiva de imprensa, quando ressaltou que “os legistas não afirmaram que a morte se deu por morfina ou clonazepam”.
A advogada ressaltou que as análises feitas antes do enterro não foram suficientes para comprovar que Luiz Marcelo foi, de fato, envenenado. Segundo ela, o empresário usava vários remédios, inclusive tadalafila, que é um medicamento que trata disfunção erétil.
“Os laboratórios do Instituto de Criminalística Carlos Éboli são limitados. Para determinar se foi por tadalafila ou não, que não tem no laudo e a causa morte é indeterminada, os achados dos legistas foram insuficientes. E com a falta de testagem de quantidade, não se tem a causa de morte. E sem isso, como falar em homicídio?”, questiona.
Apesar das alegações da defesa de Júlia, o laudo necroscópico concluiu que foram encontradas morfina e outras substâncias no corpo da vítima. São elas: Clonazepam, 7-Aminoclonazepam e cafeína. No entanto, não foi detalhada a quantidade de cada um dos itens no organismo.
Não há um prazo para que o pedido da defesa da namorada seja analisado pela Justiça. Por enquanto, ela segue presa no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Além dela, também segue em reclusão a cigana Suyane Breschak, de 28 anos, suspeita de ser a mandante do crime. A mulher está no Presídio Djanira Dolores de Oliveira, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio.
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Rés
A Polícia Civil investigou o caso e indiciou seis pessoas pela morte do empresário. Além de Júlia e Suyany, foram indiciados: Leandro Jean Rodrigues Cantanhede, Victor Ernesto de Souza Chaffin e Michael Graça Soares.
Em julho passado, a Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio (MP-RJ) e tornou rés Júlia e Suyany por homicídio, falsidade ideológica e associação criminosa.
“Os depoimentos colhidos na fase de inquérito policial evidenciam que as denunciadas estavam unidas no intuito de eliminar a vida da vítima, tendo por fim usufruir de seus bens, praticando atos dissimulados ao longo do tempo que antecedeu ao crime, agindo com atuação calculada e fria, a revelar a periculosidade acima do padrão normal da vida urbana, tornando a custódia necessária para a garantia da ordem pública que se demonstrou abalada com a prática do crime”, destacou a juíza Lúcia Mothe Glioche, titular da 4ª Vara Criminal, na decisão.
Ambas seguem presas aguardando a data dos julgamentos, que ainda não têm previsão para serem realizados.
Relembre o caso
Luiz Marcelo foi achado sem vida no último dia 20 de maio. Dois dias depois, Júlia prestou depoimento em uma delegacia e deu detalhes sobre como era a convivência dos dois. Reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, mostrou trechos da oitiva da mulher, que aparentava estar bem tranquila, chegando até mesmo a sorrir.
Em um trecho do depoimento, ela disse que teve um relacionamento com o empresário entre 2013 e 2017, mas que o namoro só foi oficializado em 2023. E abril deste ano, eles teriam passado a morar juntos. A jovem disse que logo depois disso eles passaram a brigar muito e percebeu uma mudança no comportamento do namorado.
“Eu percebi que ele estava muito cansado, muito estressado. E quando ele voltava no almoço, ele apagava”, disse Júlia, que afirmou ter sido traída por Luiz Marcelo. “Aí eu vi que enquanto eu estava dormindo, ele ficava em bate-papo. Provavelmente procurando p*. Aí descobri que tinha um Instagram fake. Aí teve briga. Aí eu falei que eu queria ir embora”, afirmou ela.
Apesar da jovem ter alegado que deixou o apartamento do empresário no dia 20 de maio, quando ele ainda estava bem e chegou a fazer o café da manhã para ela, a polícia diz que nessa data o homem já estava morto.
“Ela teria permanecido no interior do apartamento da vítima, com o cadáver por cerca de 3, 4 dias. Lá ela teria se alimentado. Ela teria, inclusive, nós temos isso filmado, ela teria descido para academia, se exercitado, retornado para o apartamento onde o cadáver se encontrava”, ressaltou o delegado.
Após prestar depoimento ela foi liberada, mas passou a ser procurada com o andamento das investigações. Após ficar sete dias foragida, ela se entregou. A cigana, que seria a mentora do crime, também foi presa.