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‘Maníaco do Parque’: mãe de serial killer cita local onde ele deveria morar quando sair da cadeia

Francisco de Assis Pereira já cumpriu quase 30 anos de prisão e poderá ter progressão para o regime aberto em 2028

Francisco de Assis Pereira, o “Maníaco do Parque”, que foi condenado a 268 anos de prisão por matar sete mulheres e estuprar outras nove, nos anos 1990, poderá obter a progressão de pena para o regime aberto em 2028. Isso pelo fato de que ele já cumpriu quase 30 anos de cadeia, que é o teto estipulado para condenações antigas no Brasil. O tema tem gerado repercussões e a mãe dele, Maria Helena de Souza Pereira, indicou o lugar para onde ele deveria se mudar quando estiver em liberdade.

“Ele vai completar 30 anos na cadeia. Faz 10 que não o visito. Nem sei se está pronto para sair. Acho que não. O ideal seria que ele fosse morar em Portugal, onde há uma mulher interessada nele”, disse a genitora em entrevista ao jornalista Ulisses Campbell, autor da biografia “Francisco de Assis – O Maníaco do Parque”, lançada em setembro passado.

Maria Helena também revelou que, apesar dos atos violentos cometidos contra as vítimas, que aterrorizaram a população brasileira, o assassino ainda recebe cartas de fãs na cadeia. Além disso, algumas delas até o ajudam financeiramente e o visitam na cadeia.

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A pena de Francisco foi fixada em 268 anos de prisão, porém, como a condenação é antiga, vale o teto máximo de 30 anos de reclusão, conforme estabeleciam as leis brasileiras. Para os casos recentes, agora os condenados podem ficar até 40 anos na cadeia.

Dessa forma, o serial killer, que atualmente está com 56 anos de idade, poderá ser solto daqui a quatro anos. Para obter a progressão de pena para o regime aberto, no entanto, ele terá que ser aprovado em análises psicológicas feitas por especialistas.

Caso consiga a liberdade, ele não deverá ser liberado para morar no exterior, como é o desejo de sua mãe. Mesmo fora da cadeia, os condenados precisam seguir uma série de medidas restritivas impostas pela Justiça, entre elas se apresentar em juízo com frequência, além de ter emprego e endereço fixo.

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‘Vai voltar a matar’

Especialistas e autoridades que têm ligações com o caso do “Maníaco do Parque” se preocupam com uma possível soltura do assassino. Uma delas é Edilson Mougenot Bonfim, que foi o promotor do caso, faz um alerta: “Ele será um perigo para a sociedade em qualquer circunstância”.

Em entrevista à coluna “True Crime”, do jornal “O Globo”, Edilson, que atualmente é procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo, disse que não há tempo de reclusão que “recupere” o serial killer para que ele possa voltar a conviver nas ruas. “Francisco é psicopata. Não existe, na medicina mundial, remédio, tratamento ou cirurgia que possa curá-lo”, ressaltou.

“Tenha certeza: o Francisco corre sério risco de cometer novos delitos tão logo saia da penitenciária. Só em um sonho maluco e fantasioso alguém poderia acreditar que esse assassino poderia se reabilitar com progressão de pena. Que ilusão absurda! A psiquiatria mundial é unânime ao afirmar que indivíduos como ele não respondem a nenhum tipo de tratamento. Não existe remédio ou terapia eficaz para casos como o de Francisco. Ele continuará sendo uma ameaça enquanto estiver vivo. É por isso que defendo que ele permaneça preso para sempre, tanto para proteger a sociedade quanto a ele mesmo”, afirmou o procurador.

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A mesma tese é defendida pela jornalista Thais Nunes, responsável pela pesquisa investigativa de um documentário sobre o caso, que será lançado em novembro, também foi categórica ao afirmar que, se for colocado em liberdade, o assassino voltará a matar.

“Ele não é um preso comum. É mau, é perverso e não vai parar”, afirmou Thais, em entrevista ao site UOL. A jornalista pesquisou os crimes que chocaram a população nos anos 1990 e levantou materiais inéditos, como áudios dos depoimentos de Francisco, que irão integrar o documentário “Maníaco do Parque: a história não contada”, que estreia dia 1º de novembro no Prime Vídeo.

A pesquisadora afirma que o detento admite que não tem condições de voltar a viver em sociedade e que, ao longo do período na cadeia, não teve acompanhamento psicológico. “Não é aceitável e não podemos conceber isso. Ele não toma nenhum remédio controlado, não faz acompanhamento contínuo. Ninguém sabe como está sua mente”, afirma.

“Ele próprio disse para os psiquiatras que estava com indícios de canibalismo e que provavelmente iria evoluir para antropofagia, algo que já tinha começado. Se ele sair, não tenho a menor dúvida de que volta a matar”, disse a jornalista.

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Relembre o caso

Francisco, que trabalhava como motoboy, escolhia suas vítimas e depois as atacava no Parque do Estado, localizado na Zona Sul da capital paulista, onde costumava passear de patins.

Entre os anos de 1997 e 1998, o criminoso atacou diversas mulheres, sempre as atraindo dizendo que era um “caçador de talentos” e que tinha uma oportunidade de campanha publicitária. O homem oferecia, inclusive, pagamento pelas fotografias e muitas das jovens acabaram sendo enganadas.

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O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) encontrou inicialmente os corpos de seis vítimas, sendo que todas apresentavam sinais de violência sexual e estavam nuas. Assim, havia a suspeita de que todos os casos tinham sido cometidos pela mesma pessoa.

A polícia enfrentou dificuldades para chegar até o suspeito, mas ele acabou sendo preso em 1998, depois que foi denunciado por um pescador na cidade de Itaqui, no sul do Rio Grande do Sul, perto da fronteira do Brasil com a Argentina.

Apesar de ser apontado como autor de dez mortes, Francisco foi condenado a 268 anos de prisão por sete, sendo que uma das vítimas não foi identificada. As demais foram: Patrícia Gonçalves Marinho, 24 anos; Selma Ferreira Queiroz, 18 anos; Raquel Mota Rodrigues, 23 anos; Isadora Fraenkel, 19 anos; Rosa Alves Neta, 21 anos; e Elizângela Francisco da Silva, 21 anos.

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