A Justiça negou um recurso do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que pedia a revogação do regime aberto concedido a Alexandre Nardoni, condenado pelo assassinato da filha, Isabella. Ele deixou a cadeia em maio passado após apresentar “bom comportamento” e ser aprovado em exames psicológicos. Desde então, reside na mansão do pai situada no bairro de Tucuruvi, na Zona Norte da Capital.
Alexandre, que foi condenado a 30 anos, 2 meses e 20 dias de prisão, cumpriu no último dia 6 de abril o “lapso temporal” necessário na prisão para a progressão para o regime aberto. Assim, a defesa dele entrou com um pedido de liberdade, mas a Justiça determinou que ele passasse por um exame criminológico.
O detento atendeu e passou pela análise, quando obteve parecer favorável e deixou a Penitenciária de Tremembé, no interior paulista, no último dia 6 de maio.
“Verifica-se dos autos que o sentenciado mantém boa conduta carcerária, possui situação processual definida, cumpriu mais de 1/2 do total de sua reprimenda, encontra-se usufruindo das saídas temporárias, retornando normalmente ao presídio”, escreveu o juiz José Loureiro Sobrinho, na decisão que concedeu o regime aberto.
O MP-SP se posicionou contrário à medida, argumentando o fato de que ainda falta muito para a conclusão da pena e também o fato do homem nunca ter admitido ter matado a filha. Mesmo assim, a liberdade foi concedida. Depois da soltura, o órgão recorreu destacando que o “bom comportamento carcerário não é mérito, mas sim obrigação”, assim, o detento deveria continuar em reclusão.
Porém, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) analisou o recurso e negou, mantendo o regime aberto ao condenado. O MP-SP ainda não se manifestou a respeito do caso.
A defesa de Alexandre não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
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Vida fora da cadeia
Após deixar a penitenciária, Alexandre informou à Justiça que presta serviços para a construtora do pai, Antonio Nardoni, com remuneração mensal de R$ 2,5 mil.
Conforme o site “Metrópoles”, o condenado abriu uma microempresa individual (MEI) e assumiu a função de promotor e vendas de imóveis na Marc Empreendimentos e Participações Ltda, com sede na Rua Doutor César, bairro de Santana. Ele trabalha em formato híbrido, sendo presencial e remoto, com direito à chamada “short friday”, que configura no expediente mais curto às sextas-feiras.
O contrato apresentado destaca que o ex-detento vai atuar na venda de apartamento novos e usados, além de realizar a “supervisão e acompanhamento de obras novas ou já finalizadas” para “eventuais correções e reparos”.
Ainda no contrato, Anna Carolina Jatobá, esposa de Alexandre, sentenciada a 26 anos e oito meses pela morte da enteada, consta como testemunha do acordo de trabalho.
Apesar de Alexandre garantir que os dois seguem firmes no casamento, eles não dividem o mesmo teto. Atualmente, ele reside na mansão do pai situada no bairro de Tucuruvi, na Zona Norte de São Paulo, onde passa os momentos de folga e finais de semana.
Enquanto isso, Anna Jatobá e os dois filhos do casal moram em um apartamento no bairro de Santana. Esse imóvel foi um presente do sogro para a condenada, para que ela pudesse retomar a vida após obter a progressão para o regime aberto, em junho do ano passado.
Em março deste ano, quando Alexandre ainda estava em regime semiaberto, o casal obteve uma autorização judicial e pôde comparecer a um casamento, como padrinho, na Zona Norte de São Paulo.
Morte de Isabella
Isabella Nardoni tinha cinco anos quando foi jogada pelo pai e pela madrasta da janela de um apartamento que ficava no sexto andar do Edifício London, no dia 29 de março de 2008, segundo a Justiça.
Inicialmente eles alegaram que foi uma queda acidental, mas a investigação apurou que a criança apresentava marcas de que tinha sido agredida e morta antes de ser arremessada.
O Ministério Público destacou durante o julgamento do casal que as provas periciais obtidas pela Polícia Civil não deixavam dúvidas sobre a autoria do assassinato. A acusação destacou que a madrasta esganou Isabella e, em seguida, o casal cortou a tela de proteção da janela e o pai jogou o corpo da criança.