O assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen completa 22 anos nesta quinta-feira (31). Em outubro de 2002, a filha deles, Suzane Louise von Richthofen, permitiu que seu então namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian, entrassem na casa da família, no Brooklin, na Zona Sul de São Paulo, e executassem as vítimas com golpes de barras de ferro. Os três foram condenados pelo crime, mas dois já cumprem as penas em liberdade.
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Os homicídios chocaram a população e são considerados um dos mais marcantes já ocorridos no país. Manfred, alemão naturalizado brasileiro, era engenheiro e tinha 49 anos quando foi morto. Já Marísia era psiquiatra e tinha 50 anos. Ambos dormiam quando foram brutalmente atacados.
Segundo a Justiça, Suzane planejou a morte dos próprios pais e teve a ajuda do então namorado e do irmão dele. Logo depois do início das investigações, a jovem foi presa.
Em 2006, ela foi julgada e condenada a 39 anos e seis meses de prisão em regime fechado. No entanto, entrou com vários pedidos de revisão e conseguiu reduzir o tempo para 34 anos e 4 meses de prisão. A previsão é que ela cumpra a sentença no dia 25 de fevereiro de 2038.
A primeira vez que Suzane deixou a Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no interior de São Paulo, foi em março de 2016, depois de conquistar o regime semiaberto e ter direito a uma saída temporária de Páscoa. Em setembro de 2022 ela obteve mais uma “saidinha temporária”, quando chamou a atenção por conta da aparência. Bem vestida, ela virou alvo de várias publicações nas redes sociais.
Ela tentava obter a progressão desde 2017 para o regime aberto, mas até então todos os pedidos tinham sido negados. No início de 2023, ela finalmente conseguiu o benefício.
Após sair da prisão, Suzane passou a morar em Angatuba, também no interior de São Paulo. Além de cursar biomedicina em uma faculdade particular, ela também prestou o concurso público da Câmara Municipal de Avaré, visando uma vaga como telefonista.
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Além disso, abriu um cadastro de Microempreendedor Individual (MEI) no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Angatuba para seu ateliê de costura, cujas peças são vendidas pelas redes sociais. Agora, vive com o marido, o médico Felipe Zecchini Muniz, em um condomínio em Bragança Paulista e se tornou mãe.
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Ela deu à luz o primeiro filho no último dia 26 de janeiro, em um hospital de Atibaia, também no interior paulista, onde o médico trabalha. Para evitar o assedio, foi montada uma verdadeira “operação de guerra” na unidade de saúde, com ameaça de demissão aos funcionários que vazassem a informação sobre o parto. No início deste ano, ela também voltou a cursar Direito.
Em setembro passado, Suzane voltou a ser notícia, depois que prestou concurso para o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Ela concorre ao cargo de escrevente, cujo salário mensal é de R$ 6.043. Se for aprovada, corre o risco de não tomar posse em função dos seus antecedentes criminais. Porém, existem precedentes judiciais que podem ajudá-la a garantir o emprego.
Irmãos Cravinhos
Daniel Cravinhos, que era aeromodelista na época dos assassinatos, foi condenado a 39 anos de prisão. Em 2018, ele obteve a progressão de pena para o regime aberto e deixou a Penitenciária de Tremembé. Ao sair da cadeia ele retirou o sobrenome famoso e se casou com a maquiadora Andressa Rodrigues, com quem teve um filho.
Em uma carta aberta, o ex-detento pediu perdão à Andreas Richthofen, irmão de Suzane, e afirmou que a “culpa continua a perturbar”. Ele ressaltou que quer se reaproximar do ex-cunhado, que vive isolado. Apesar da tentativa, o rapaz não aceitou as desculpas.
Atualmente, Daniel trabalha em um ateliê onde customiza aviões de brinquedo, aviões reais e motos esportivas. Ele também pratica motovelocidade e diz que tem uma vida normal.
Já Cristian Cravinhos, condenado a 38 anos de prisão pelo assassinato, é o único que segue preso. Porém, busca a progressão para o regime aberto. Em agosto passado, ele obteve um parecer favorável em um exame criminológico, no qual foi avaliado por psicólogo, psiquiatra e assistente social.
O relatório psicológico cita que Cristian “manifestou arrependimento, demostrou empatia com sofrimento familiar provocado por seus atos”. Além disso, o parecer social destacou que, caso obtenha a liberdade, o detento tem planos futuros, como trabalhar como designer e preparador de motos de corrida. Além disso, ele afirma que vai morar com a mãe e que quer cuidar da filha.
Na avaliação geral, os profissionais concluíram que Cristian possui “ótima avaliação laboral e bom comportamento carcerário”, sendo que todos deram aval à progressão de pena. No entanto, a decisão final sobre o regime aberto será tomada por um juiz e não há prazo para que essa análise seja realizada. O Ministério Público já se manifestou contrário ao benefício.
Cristian chegou a deixar a prisão em 2017 para cumprir o regime aberto, mas se envolveu em uma briga com a então namorada, que o acusou de agressão. Apesar de ela não ter registrado queixa, quando a polícia chegou ele estava fora de sua cidade domicílio e em um bar, descumprindo as regras.
Assim, foi detido tentou subornar os policiais, oferecendo R$ 1 mil em espécie, o que gerou um flagrante e o retorno ao regime fechado. O detento ainda foi flagrado com dinheiro e munição de 9 mm, que é de uso restrito das forças policiais. Desde então, ele segue em Tremembé e agora tenta obter a liberdade.
Em setembro deste ano, os irmãos chamaram atenção por aparecerem juntos em publicação nas redes sociais. O registro foi feito enquanto Cristian estava em saída temporária do presídio.
Além de estar com o irmão, Cristian também aproveitou seu tempo fora da cadeia para atuar como “influencer digital”, quando apareceu brincando com crianças da família em um parque e até andando em uma motocicleta de luxo (veja no vídeo abaixo).